São Paulo, sexta-feira, 17 de novembro de 2000

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MUNDO GOURMET
República Baiana até que convence como autêntico

JOSIMAR MELO
COLUNISTA DA FOLHA

O que faz de um restaurante baiano um autêntico restaurante baiano? O calor litorâneo, o calor humano, a acalorada cozinha do dendê e da pimenta e, para ser autêntico mesmo, a morna eficiência do atendimento.
O República Baiana, na Vila Olímpia, nem sempre tem o calor do clima, é claro, já que está em São Paulo. Mas em outros aspectos, como a moqueca e o serviço lerdo e simpático, até que convence. Além do acarajé, que é também muito convincente.
No lugar do largo da Amaralina, aqui o acarajé é servido numa rua árida da infernal Vila Olímpia. E sem a baiana paramentada. Mas o baiano responsável pelos quitutes é igualmente delicado e fica postado quase na rua, na pequena amurada da varanda; quem tiver bom poder de abstração pode fingir que está em Salvador e pedir o bolinho ali mesmo da calçada. Ele é crocante e pode ser preenchido com um cremoso vatapá, além do camarão e dos demais acompanhamentos de praxe.
Dentro do restaurante, você também estará meio fora, já que se trata de uma varanda coberta com mesinhas onde mal cabem as pernas. Mas onde pode valer a visita por ser possível encontrar iguarias como o caldo de sururu ou então a moqueca de siri mole, aquele siri do mangue capturado quando estava trocando a carapaça e que se pode comer inteiro.
Obra de três baianos que fizeram a América em São Paulo, Andreh Karr, 35 anos, Roberto Tourinho, 36 e Sérgio Queiroz, 34, o República Baiana existe há um ano. Recentemente passou a contar na cozinha (cuidada pelo sócio Karr) com o reforço de Dora Brim, baiana de 53 anos que, além de preparar banquetes para festas, foi responsável pelo competente almoço baiano das sextas-feiras do bar Espírito Santo. Agora, no clima praiano, serve seus casquinhos de siri, patas de caranguejo à milanesa, sarapatel e até uma maniçoba com ares paraenses.


Cotação: $$°Avaliação: regular

Restaurante: República Baiana (r. Quatá, 783, Vila Olímpia, tel. 0/xx/11/ 3842-9537) Horário: de ter. a qui., das 18h à 0h; de sex. a dom., das 12h à 1h Ambiente: uma varanda, como na praia (que não há) Serviço: sorriso largo como os prazos de atendimento intermináveis Cozinha: baiana do mar Quanto: entradas, de R$ 3,50 a R$ 20; pratos principais, de R$ 18 a R$ 39; sobremesas, de R$ 4 a R$ 6


TRADIÇÃO
Steak tartar no velho estilo vale a briga
Gosta de uma cozinha clássica e não se importa com um pouco de confusão? Sugiro ir ao Parigi, que homenageia a cozinha tradicional da França e da Itália, e pedir um steak tartar no velho estilo, ou seja, preparado à mesa pelo maître, como num bistrô de Paris. O maître, o Resende, velho de guerra do Le Coq Hardy, vai adorar, mesmo que o proprietário, Fasano, talvez não se entusiasme pelo tempo tomado do valioso funcionário. Mas tente. Se der problema, diga que fui eu que indiquei. É um golpe baixo, mas pode valer a noite.

GOLPE BAIXO
Fasano sofre por querer trajes sóbrios
Falando na família Fasano, é curioso saber que um cliente do Fasano alterou-se por querer frequentar a casa, uma noite dessas, trajando bermudas. Tendo o maître respondido à consulta dizendo que seria melhor que o cidadão vestisse calças, o caso foi parar na polícia. Não sou das pessoas mais formais do mundo, mas qual é o problema em se trajar de acordo com o padrão do ambiente? Por que não seguir certas regras que terminem sendo mais convenientes para todos ou simplesmente escolher um local que seja mais adequado ao que temos na cabeça naquele momento?


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