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É tempo de diamantes comestíveis
MARINA MONZILLO
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Todo "grand gourmet" sabe. O
fim do ano se aproxima, a geada
de outono já chegou à região do
Piemonte, na Itália, e está aberta a
temporada anual de trufa branca
(tartufo bianco), rara e caríssima
iguaria que faz com que os apreciadores brasileiros entrem em filas de espera para degustar o que
chamam "diamante branco".
"Antes de o tartufo chegar, já tínhamos uma lista de reserva de 30
pessoas. Em geral, habitués do
restaurante, mas também alguns
curiosos que nunca haviam experimentado", conta Luciano Boseggia, proprietário da casa que
leva o seu nome e que oferece cinco pratos à base de trufas brancas.
Boseggia é ex-chef do Fasano, o
restaurante pioneiro em oferecer
trufas brancas em São Paulo.
O tartufo bianco é um fungo
subterrâneo, em forma de tubérculo, que cresce espontaneamente a dez metros da superfície. Por
não ser cultivado, sua produção
depende das condições climáticas, do terreno e até da Lua. Este
ano, seu quilo atingiu US$ 3.000.
"O que mais atrai nas trufas é o
forte aroma, o gosto suave e sua
raridade", conta Sérgio Arno, chef
do La Vecchia Cucina, que todo
ano vai à Itália escolher pessoalmente suas trufas.
A caça ao tartufo é feita por pessoas habilitadas, que sabem colher o tubérculo sem destruir o
habitat e assim não torná-lo ainda
mais incomum. Para descobrir a
localização exata, são utilizados
cães que passam por treinamento
de quatro anos.
Antes de usarem os cães, os caçadores eram ajudados pelos porcos. "O porco foi o grande descobridor, ele sempre comeu tartufo,
nós só o descobrimos há uns 200
anos", explica Boseggia.
Durante essa época do ano,
acontecem leilões beneficentes de
tartufo bianco pela Internet, diretamente de castelos da cidade de
Alba, no Piemonte. Segundo Boseggia, nessas ocasiões o quilo
atinge US$ 15 mil.
Os pratos desenvolvidos pelos
chefs vão de entradas a massas, risotos e carnes, todos salpicados
com raspas da jóia gastronômica.
Em um jantar à base de trufas,
uma pessoa come, em média, dez
gramas da preciosidade.
Entre os chefs há uma unanimidade. Todos afirmam que a combinação perfeita para o tartufo é,
paradoxalmente, o trivial e simples ovo com gema mole. "Para
mim, não há nada melhor que um
ovo frito com tartufo", confessa
Mássimo Barletti, chef do Trebbiano, que de 20 a 30 de novembro realiza um Festival de Tartufo
Branco com dez pratos. "O segredo é não misturar muitos ingredientes, para preservar e ressaltar
o sabor e o perfume", diz.
Como a trufa se mantém fresca
apenas por dez dias, costuma-se
importar quantidades limitadas.
Antes de ir aos restaurantes, é melhor confirmar se ainda há.
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