|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
IMPRENSA
Instituição lança primeira publicação de banca, com textos de historiadores de renome sobre o passado do Brasil
Biblioteca Nacional passa história do país em revista
CASSIANO ELEK MACHADO
DA REPORTAGEM LOCAL
Com 193 anos, a Biblioteca Nacional vive amanhã uma tarde de
debutante. A instituição cultural
mais antiga do país lança em sua
sede, no Rio, a primeira publicação "de massa" de sua história. De
sua história e da nossa também.
Batizada de "Nossa História", a
primeira revista vendida em bancas da Biblioteca Nacional é também pioneira em seu gênero. Pela
primeira vez o público não acadêmico nacional terá uma publicação mensal de qualidade só sobre
a história brasileira.
Como "âncoras" dessa qualidade, a revista tem em seu conselho
editorial alguns dos principais
historiadores do país, entre eles
Evaldo Cabral de Mello, José Murilo de Carvalho, Laura de Mello e
Souza, Ronaldo Vainfas e Lilia
Moritz Schwarcz.
O "dream team" foi reunido pelo idealizador do projeto, Pedro
Corrêa do Lago, presidente da
Fundação Biblioteca Nacional
desde o começo do ano.
Os "conselheiros" da revista
não cederam apenas as grifes. O
primeiro número tem como ensaio de capa um texto de Vainfas,
sobre "Sexo e Transgressão nos
Tempos Coloniais", um artigo de
Murilo de Carvalho, uma entrevista com Cabral de Mello.
Corrêa do Lago também não ficou só no expediente. "Fiz de tudo. Revisei artigos, adicionei informações que achei importantes,
sugeri iconografia", conta.
As ilustrações, aliás, são um dos
"xodós" da revista. Com projeto
gráfico do premiado Victor Burton, a publicação trabalha com a
preciosa iconografia do acervo da
própria Biblioteca Nacional.
O primeiro número tem, por
exemplo, a reprodução do decreto sancionado pela princesa Isabel que estabelece: "É declarada
extinta, desde a data desta lei, a escravidão no Brasil".
Professor de história da Universidade Federal Fluminense, o editor da revista, Luciano Figueiredo, diz que essa seção, que discute
um documento do acervo da BN,
será fixa, assim como os segmentos "Quem", artigo sobre um personagem da história (no caso
dom João 6º), "Olhares", análise
de alguma obra de arte (desta vez
"A Primeira Missa", de Vitor Meirelles, por Jorge Coli) e "Letras e
Escritas", sobre literatura.
Todos os números da "Nossa
História" também trazem uma
entrevista com um historiador de
peso, uma agenda dos eventos do
mês e uma área de variedades,
"Almanaque", que tem como destaque o jogo "Decifre se For Capaz", em que o leitor é desafiado a
entender a caligrafia de algum
manuscrito antigo.
Colecionador de revistas de história de outros países há mais de
15 anos, Figueiredo afirma que vê
como modelo internacional mais
próximo da publicação da Biblioteca Nacional a revista "History",
da rede de TV inglesa BBC.
Assim como ela, "Nossa História" é feita por historiadores, mas
flerta com a linguagem jornalística ou híbrida dos dois, como nos
trabalhos de Eduardo Bueno (que
assina um artigo na revista).
"O sucesso de Bueno foi uma
das provas para nós que existe no
país um público razoável interessado na história brasileira", expressa Corrêa do Lago.
O dirigente aposta em um público em torno de 50 mil, tiragem
inicial de "Nossa História", que
será distribuída no país inteiro.
"O objetivo do projeto é colaborar para que a Biblioteca reassuma seu papel no cenário cultural
de todo o país", completa.
Para Evaldo Cabral de Mello,
essa atuação da revista deverá ser
decisiva para combater "a amnésia que o Brasil sofre de seu passado". "Esperamos que desperte o
brasileiro da letargia histórica na
qual está metido", afirma.
Texto Anterior: "Geração árida" volta a focar o sertão Próximo Texto: Mais globalizada, "prima" divide as prateleiras Índice
|