São Paulo, sábado, 17 de novembro de 2007

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Jussara Silveira traz seu mar de volta ao país

Um ano após o lançamento do CD, cantora estréia a turnê "Entre o Amor e o Mar'

Após temporada no exterior com a pianista Maria João Pires, intérprete canta no show músicas portuguesas que têm "balanço baiano"

RAQUEL COZER
DA REPORTAGEM LOCAL

Houve um intervalo de um ano, além de uma temporada no outro lado do oceano, entre o lançamento do álbum "Entre o Amor e o Mar" (Maianga) e o início da turnê de divulgação, com a qual Jussara Silveira enfim aporta em São Paulo. À espera de soluções para "questões burocráticas" (leia-se patrocínio para os shows), a intérprete de 48 anos fixou bases temporárias no além-mar. Ela era, ao lado de André Mehmari, um dos nomes brasileiros dentre os internacionais convidados para a série "Schubertíade", da conceituada pianista portuguesa Maria João Pires.
E foi em território ibérico que, caderninho na mão, rascunhou o roteiro dos shows que apresenta hoje e amanhã no Sesc Pompéia, antes de seguir para Salvador -sua terra, se não natal (ela nasceu em Nanuque, no interior de Minas), de coração e criação.
Em meio a canções de temática praieira, entraram no show mais músicas que, imagina ela, ninguém conhece. "É, eu sou louca", ri Jussara, por telefone, durante uma pausa nos ensaios, no Rio, onde mora há 15 anos. "Primeiro, gravei um CD em que praticamente todas as canções eram inéditas. Daí, quando faço o roteiro para o show, coloco mais canções desconhecidas", afirma a intérprete -uma das melhores do país, embora conhecida por um público ainda restrito.
"Tenho essa conquista no meu trabalho que é fazer com que as pessoas escutem novidades e se deliciem com elas. É uma marca minha, não planejei ser assim. Coloco aquela que me parece "a" canção ideal no disco, no show, e depois penso: "Pôxa, existem 500 músicas do Roberto, do Caetano, do Chico, e de novo não incluí nenhuma no repertório'", diz.

Balanço baiano
Tirando releituras de "Morena do Mar", de Dorival Caymmi -a quem Jussara já homenageou no disco "Canções de Caymmi" (1998)-, e "Oferenda", de Itamar Assumpção, o álbum "Entre o Amor e o Mar" é quase todo composto por músicas pouco ou nada conhecidas. Estão lá composições de nomes como Adriana Calcanhoto ("Meu Coração Só"), Quito Ribeiro ("Braço de Mar", que também entrou no disco de estréia dele) e Rômulo Fróes e Gustavo Moura ("Só pra Ver Onde Dá"). Para completar, no show, o rol de músicas que quase ninguém ouviu por aqui, Jussara incluiu duas canções portuguesas: o fado "És Livre", de Alves Coelho Neto, e "Uma Canção por Acaso", de Pedro Jóia e Thiago Torres da Silva.
Músicas que, para ela, têm muito a ver com o disco. ""Uma Canção por Acaso" tem um balanço, eu diria, quase de um ijexá. Não em características do arranjo nem na letra de um ijexá, mas um balanço baiano. Parece que o Pedro e o Thiago aportaram em Salvador", diz. O show terá ainda "Eu Vi", versão de José Miguel Wisnik para "J'ai Vu", de Henri Salvador, e "Maria, Particularmente", de Luiz Melodia.
"Essa [do Melodia] tem um refrão incrível, que já cantei há muito tempo", conta Jussara, implacável recitadora de refrãos. "Ela fala assim: "Fado é na ponta da língua, ô lê lê, samba é na ponta do pé, ô lé lé". É uma canção que combina com o mundo em que vivo, que é brasileiro, português, baiano, de samba, de fado."
Jussara canta no Sesc Pompéia acompanhada por Luiz Brasil (violões e vocais), com quem lançou no começo do ano passado o CD "Nobreza", além de Alberto Continentino (baixo), Vítor Gonçalves (teclados, piano e sanfona) e Tamina Brasil (percussão). O show tem ainda participação do articulista da Folha Arthur Nestrovski, que fez arranjos que entraram no disco, incluindo os de "Morena do Mar".


JUSSARA SILVEIRA
Quando:
hoje, às 21h; amanhã, às 18h
Onde: teatro do Sesc Pompéia (r. Clélia, 93, tel. 0/xx/11/3871-7700)
Quanto: de R$ 4 a R$ 16



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