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Jussara Silveira traz seu mar de volta ao país
Um ano após o lançamento do CD, cantora estréia a turnê "Entre o Amor e o Mar'
Após temporada no exterior com a pianista Maria João Pires, intérprete canta no show músicas portuguesas que têm "balanço baiano"
RAQUEL COZER
DA REPORTAGEM LOCAL
Houve um intervalo de um
ano, além de uma temporada
no outro lado do oceano, entre
o lançamento do álbum "Entre
o Amor e o Mar" (Maianga) e o
início da turnê de divulgação,
com a qual Jussara Silveira enfim aporta em São Paulo.
À espera de soluções para
"questões burocráticas" (leia-se patrocínio para os shows), a
intérprete de 48 anos fixou bases temporárias no além-mar.
Ela era, ao lado de André Mehmari, um dos nomes brasileiros
dentre os internacionais convidados para a série "Schubertíade", da conceituada pianista
portuguesa Maria João Pires.
E foi em território ibérico
que, caderninho na mão, rascunhou o roteiro dos shows que
apresenta hoje e amanhã no
Sesc Pompéia, antes de seguir
para Salvador -sua terra, se
não natal (ela nasceu em Nanuque, no interior de Minas), de
coração e criação.
Em meio a canções de temática praieira, entraram no show
mais músicas que, imagina ela,
ninguém conhece. "É, eu sou
louca", ri Jussara, por telefone,
durante uma pausa nos ensaios, no Rio, onde mora há 15
anos. "Primeiro, gravei um CD
em que praticamente todas as
canções eram inéditas. Daí,
quando faço o roteiro para o
show, coloco mais canções desconhecidas", afirma a intérprete -uma das melhores do país,
embora conhecida por um público ainda restrito.
"Tenho essa conquista no
meu trabalho que é fazer com
que as pessoas escutem novidades e se deliciem com elas. É
uma marca minha, não planejei
ser assim. Coloco aquela que
me parece "a" canção ideal no
disco, no show, e depois penso:
"Pôxa, existem 500 músicas do
Roberto, do Caetano, do Chico,
e de novo não incluí nenhuma
no repertório'", diz.
Balanço baiano
Tirando releituras de "Morena do Mar", de Dorival Caymmi
-a quem Jussara já homenageou no disco "Canções de
Caymmi" (1998)-, e "Oferenda", de Itamar Assumpção, o álbum "Entre o Amor e o Mar" é
quase todo composto por músicas pouco ou nada conhecidas.
Estão lá composições de nomes como Adriana Calcanhoto
("Meu Coração Só"), Quito Ribeiro ("Braço de Mar", que
também entrou no disco de estréia dele) e Rômulo Fróes e
Gustavo Moura ("Só pra Ver
Onde Dá"). Para completar, no
show, o rol de músicas que quase ninguém ouviu por aqui,
Jussara incluiu duas canções
portuguesas: o fado "És Livre",
de Alves Coelho Neto, e "Uma
Canção por Acaso", de Pedro
Jóia e Thiago Torres da Silva.
Músicas que, para ela, têm
muito a ver com o disco. ""Uma
Canção por Acaso" tem um balanço, eu diria, quase de um ijexá. Não em características do
arranjo nem na letra de um ijexá, mas um balanço baiano. Parece que o Pedro e o Thiago
aportaram em Salvador", diz.
O show terá ainda "Eu Vi",
versão de José Miguel Wisnik
para "J'ai Vu", de Henri Salvador, e "Maria, Particularmente", de Luiz Melodia.
"Essa [do Melodia] tem um
refrão incrível, que já cantei há
muito tempo", conta Jussara,
implacável recitadora de refrãos. "Ela fala assim: "Fado é
na ponta da língua, ô lê lê, samba é na ponta do pé, ô lé lé". É
uma canção que combina com
o mundo em que vivo, que é
brasileiro, português, baiano,
de samba, de fado."
Jussara canta no Sesc Pompéia acompanhada por Luiz
Brasil (violões e vocais), com
quem lançou no começo do ano
passado o CD "Nobreza", além
de Alberto Continentino (baixo), Vítor Gonçalves (teclados,
piano e sanfona) e Tamina Brasil (percussão). O show tem
ainda participação do articulista da Folha Arthur Nestrovski,
que fez arranjos que entraram
no disco, incluindo os de "Morena do Mar".
JUSSARA SILVEIRA
Quando: hoje, às 21h; amanhã, às
18h
Onde: teatro do Sesc Pompéia (r.
Clélia, 93, tel. 0/xx/11/3871-7700)
Quanto: de R$ 4 a R$ 16
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