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Festival tenta reerguer-se com evento político
DA REPORTAGEM LOCAL
Na noite de hoje, dezenas de
políticos devem disputar assentos e holofotes na abertura
da 42ª edição do Festival de
Brasília. Em outros tempos, outros políticos deixaram às escuras a tela do Cine Brasília.
Proibido pela ditadura militar entre 1972 e 1974, o festival
sempre foi considerado o mais
engajado dos eventos cinematográficos brasileiros. "Normalmente, político corre o risco de ser vaiado pelo público
aqui", afirma Fernando Adolfo.
"Neste ano, não."
A articulação para que "Lula,
o Filho do Brasil" debutasse em
Brasília começou em agosto.
Adolfo fez o convite ao produtor Luiz Carlos Barreto e, 15
dias depois, obteve o esperado
"sim". Criticado pela fraca seleção de 2008, o festival precisava mostrar que não se deixara
abater. Nada poderia ser melhor que um filme-evento.
"Precisávamos reagir", diz
Adolfo. Brasília tem mesmo um
quê de fênix.
Durante a repressão, o festival caiu na mira dos censores
por causa de dois filmes: "O
País de São Saruê", de Vladimir
Carvalho, e "Nenê Bandalho",
de Emílio Fontana, ambos de
1971. O primeiro tinha conotação política; o segundo era farto
em drogas e palavrões. Serviram de pretexto para a proibição do evento todo.
"Imaginamos que nunca voltaria. Foi uma negociação longa
e difícil", conta Adolfo. Voltou.
Mas colocando bolinhas pretas
nos seios das mulheres seminuas e cortando com tesoura os
palavrões. "Cortávamos a película e grudávamos com durex."
Também difícil foi o período
pós-Collor. O festival chegou a
ter cinco filmes, em vez de seis,
porque, simplesmente, não havia produção. "Foi outro momento político forte, de ameaça
à cultura no Brasil."
(APS)
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