São Paulo, terça-feira, 17 de novembro de 2009

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Festival tenta reerguer-se com evento político

DA REPORTAGEM LOCAL

Na noite de hoje, dezenas de políticos devem disputar assentos e holofotes na abertura da 42ª edição do Festival de Brasília. Em outros tempos, outros políticos deixaram às escuras a tela do Cine Brasília.
Proibido pela ditadura militar entre 1972 e 1974, o festival sempre foi considerado o mais engajado dos eventos cinematográficos brasileiros. "Normalmente, político corre o risco de ser vaiado pelo público aqui", afirma Fernando Adolfo. "Neste ano, não."
A articulação para que "Lula, o Filho do Brasil" debutasse em Brasília começou em agosto. Adolfo fez o convite ao produtor Luiz Carlos Barreto e, 15 dias depois, obteve o esperado "sim". Criticado pela fraca seleção de 2008, o festival precisava mostrar que não se deixara abater. Nada poderia ser melhor que um filme-evento. "Precisávamos reagir", diz Adolfo. Brasília tem mesmo um quê de fênix.
Durante a repressão, o festival caiu na mira dos censores por causa de dois filmes: "O País de São Saruê", de Vladimir Carvalho, e "Nenê Bandalho", de Emílio Fontana, ambos de 1971. O primeiro tinha conotação política; o segundo era farto em drogas e palavrões. Serviram de pretexto para a proibição do evento todo.
"Imaginamos que nunca voltaria. Foi uma negociação longa e difícil", conta Adolfo. Voltou. Mas colocando bolinhas pretas nos seios das mulheres seminuas e cortando com tesoura os palavrões. "Cortávamos a película e grudávamos com durex."
Também difícil foi o período pós-Collor. O festival chegou a ter cinco filmes, em vez de seis, porque, simplesmente, não havia produção. "Foi outro momento político forte, de ameaça à cultura no Brasil." (APS)


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