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O DIRETOR
"Bonecos são para brincar,
não para ficar em museus"
PAULO SANTOS LIMA
especial para a Folha
Quem arriscaria dizer que
Woody e Gasparzinho têm fortes
laços? Só mesmo o diretor John
Lasseter, que fez crescer a importância desse boneco, já "protagonista" no "Toy Story" de 1995.
"Meu brinquedo favorito,
quando criança, era o Gasparzinho. Ele era atoalhado e tinha a
cabeça de plástico, como Woody.
Assim como Andy (o menino), eu
dormia sempre com ele."
Munido dos bonecos Woody e
Buzz Lightyear, Lasseter explicou
à Folha como veio a idéia de "Toy
Story 2", apertando botões, puxando cordinhas, deixando respeitoso tempo aos ruídos das engenhocas.
"Sempre amei meus brinquedos, que ficavam intactos numa
prateleira em meu escritório.
Muito especiais para mim, eu os
tirava das mãos de meus filhos,
dizendo que não eram para brincar. Com o primeiro "Toy Story",
aprendi que os bonecos foram feitos para brincar, para ficar com as
crianças e não em museus. Veio aí
a idéia dessa continuação", afirmou o diretor.
Co-dirigido por Lee Unkrich e
Ash Brannon, "Toy Story 2" aprofunda a psique dos personagens,
aumenta a ação, os efeitos e os detalhes.
Foi "Vida de Inseto" (98), outro
filme inteiramente feito em computação gráfica e dirigido por
Lasseter, que possibilitou o avanço tecnológico em relação ao primeiro "Toy Story".
""Vida de Inseto" lidava com seres orgânicos, exigindo um minucioso trabalho gráfico. Não menos minucioso, porém mais geométrico, os brinquedos de "Toy
Story" ganharam mais vida nessa
continuação, com mais detalhes
de expressão, movimentos e em
ambientes mais diversos, herdados das técnicas de "Vida de Inseto". E é esta a vantagem da computação gráfica: você pegar, por
exemplo, um gramado de um filme e colocá-lo, intacto, em outro
filme mais moderno", explica.
O dilema de um brinquedo ser
preterido por outras descobertas
na vida dos humanos, ou seja, pela vida adulta, é o cerne do filme e
a discussão apenas sugerida no
primeiro filme.
Se os brinquedos querem ser
brinquedos, choram e aceitam
passivamente a maturidade e esquecimento de seus donos, nada
tem aí de conformismo. Ao menos, é assim que Lasseter deixou
bem claro.
Ele mostrou seus bonecos e simulou uma "revolta" dos brinquedos contra o esquecimento
dos homens. "Apesar de ver seu
dono crescer ser a coisa mais trágica para um brinquedo, ele não
deixa de querer ser manipulado
por uma criança, ou seja, de ser
um brinquedo. É a razão de sua
existência."
Lasseter, diretor de três longas e
alguns curtas de animação, não
sabe escolher seu melhor filme. "É
como dizer qual é o predileto de
meus cinco filhos", explica. "Mas,
se você não pensar que aquele é o
melhor projeto que você já fez,
nada sai. Você tem de gostar dele
para suportar o trabalho árduo."
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