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CRÍTICA
Cantora cativa com despretensão e voz singela
DO ENVIADO A S. AMARO DA PURIFICAÇÃO
A remissão a Clementina
tem seu porquê, mas está
longe de desvelar o que há de precioso na estréia tardia em disco
próprio de Dona Edith do Prato.
A analogia do registro de uma voz
entalhada pela idade serve só como ponto inicial.
Dona Edith chega ao CD com 22
anos a mais do que Clementina tinha em seu primeiro disco -e isso faz diferença. O que é impetuoso e visceral em Clementina,
aquele vozeirão todo, é tratado
com certa candura pela voz aguda
e o jeito tímido de Dona Edith.
Mas o que há de mais valoroso
está no resgate de um repertório
de tradição oral, já perdido no
tempo. Não se trata de culto às
origens. A constatação vem do fato de que a releitura pop que trouxe o samba de volta à mídia, que
poderia ter atualizado e, quiçá,
enriquecido a matriz, resultou no
rebuscamento oco -espelho de
uma geração de gente sem história (leia-se artistas sem obra).
O samba-de-roda é avesso disso
tudo. Formato de recursos mínimos, calcado na cantoria, é, no
mais das vezes, conduzido pela
marcação das palmas -adicionado, eventualmente, de um pandeiro, uma viola ou violão.
Nas letras, fala-se de todo dia,
do que se extrai das festas religiosas, do efeito da natureza sobre a
vida, da convivência pura e simples. É dessa despretensão que
Dona Edith tira o vigor de sua
música. De uma forma cativante e
singela.
(ISRAEL DO VALE)
Vozes da Purificação
Artista: Dona Edith do Prato
Lançamento: independente
Quanto: R$ 15 (mais o custo do envio).
Onde encomendar: tel. 0/xx/75/241-2665
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