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ARTES
Mostra em Fortaleza fica em cartaz até 28 de fevereiro, com obras de 44 artistas, em três espaços diferenciados
Ambientes são surpresa da 1ª Bienal Ceará América
FABIO CYPRIANO
ENVIADO ESPECIAL A FORTALEZA
A utilização de três espaços diferenciados em Fortaleza fez com
que a primeira edição da Bienal
Ceará América, aberta na última
sexta, conseguisse o diálogo com
a cidade, prometido pelos curadores. "Fiquei três meses aqui, a
bienal reflete as energias da cidade", diz Philippe van Cauteren,
curador assistente da mostra.
Apesar do atraso na montagem,
a abertura do evento ocorreu sem
confusões. Apenas três obras, das
mais de 40, não estavam prontas.
Fortaleza está presente em muitas obras, e isso é um dos trunfos
dessa bienal. Não são trabalhos
ilustrativos da cidade, mas que
tencionam o que a curadoria define como seus dois ritmos: a tranquilidade da praia e o caos da concentração urbana. Uma das obras
mais contundentes nesse sentido
é o trabalho da uruguaia Paola
Parcerisa, uma série de fotos de
prédios de Fortaleza, nas quais a
artista instalou espelhos que refletem o mar. "Profundo", de Paulo
Climachauska, questiona a própria curadoria. Ao invés da "tranquilidade marítima", o artista
mostra como o mar pode ser violento.
Mostrou-se feliz ainda a diversidade dos locais da mostra. O cubo
branco do Museu de Arte Contemporânea do Dragão do Mar,
os galpões renovados da RFFSA e
os escritórios abandonados da
Casa Boris deram o diferencial
dessa bienal.
Em Fortaleza, o trabalho de
Cauteren, 33, teve reconhecimento imediato. Ele já foi sondado para assumir a próxima bienal, em
2004. "Ele foi a peça-chave desse
evento", disse à Folha José Guedes, diretor do Museu de Arte
Contemporânea de Fortaleza e
idealizador da bienal.
Adoentado, o curador belga Jan
Hoet sequer veio da Bélgica para a
abertura da mostra. "Aprendi
muito com o Jan, creio que organizei a bienal como ele o faria",
afirmou Cauteren.
Com isso o curador assistente
assumiu o evento na íntegra.
"Descobri que tenho mais afinidade com o Brasil do que com a
Holanda e a Alemanha", disse.
Cauteren revelou à Folha que vai
assumir a próxima bienal, se convidado formalmente.
O jornalista Fabio Cypriano viajou a
convite da Secretaria da Cultura e do
Desporto do Estado do Ceará
1ª BIENAL CEARÁ AMÉRICA. Curadoria:
Jan Hoet e Philippe van Cauteren. Onde:
Centro Dragão do Mar, Casa Boris e
galpões da RFFSA (tel. 0/xx/85/488-7604). Quando: de ter. a dom., das 14h às 21h. Até 28/2. Quanto: R$ 2.
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