São Paulo, terça-feira, 17 de dezembro de 2002

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ARTES

Mostra em Fortaleza fica em cartaz até 28 de fevereiro, com obras de 44 artistas, em três espaços diferenciados

Ambientes são surpresa da 1ª Bienal Ceará América

FABIO CYPRIANO
ENVIADO ESPECIAL A FORTALEZA

A utilização de três espaços diferenciados em Fortaleza fez com que a primeira edição da Bienal Ceará América, aberta na última sexta, conseguisse o diálogo com a cidade, prometido pelos curadores. "Fiquei três meses aqui, a bienal reflete as energias da cidade", diz Philippe van Cauteren, curador assistente da mostra.
Apesar do atraso na montagem, a abertura do evento ocorreu sem confusões. Apenas três obras, das mais de 40, não estavam prontas.
Fortaleza está presente em muitas obras, e isso é um dos trunfos dessa bienal. Não são trabalhos ilustrativos da cidade, mas que tencionam o que a curadoria define como seus dois ritmos: a tranquilidade da praia e o caos da concentração urbana. Uma das obras mais contundentes nesse sentido é o trabalho da uruguaia Paola Parcerisa, uma série de fotos de prédios de Fortaleza, nas quais a artista instalou espelhos que refletem o mar. "Profundo", de Paulo Climachauska, questiona a própria curadoria. Ao invés da "tranquilidade marítima", o artista mostra como o mar pode ser violento.
Mostrou-se feliz ainda a diversidade dos locais da mostra. O cubo branco do Museu de Arte Contemporânea do Dragão do Mar, os galpões renovados da RFFSA e os escritórios abandonados da Casa Boris deram o diferencial dessa bienal.
Em Fortaleza, o trabalho de Cauteren, 33, teve reconhecimento imediato. Ele já foi sondado para assumir a próxima bienal, em 2004. "Ele foi a peça-chave desse evento", disse à Folha José Guedes, diretor do Museu de Arte Contemporânea de Fortaleza e idealizador da bienal.
Adoentado, o curador belga Jan Hoet sequer veio da Bélgica para a abertura da mostra. "Aprendi muito com o Jan, creio que organizei a bienal como ele o faria", afirmou Cauteren.
Com isso o curador assistente assumiu o evento na íntegra. "Descobri que tenho mais afinidade com o Brasil do que com a Holanda e a Alemanha", disse. Cauteren revelou à Folha que vai assumir a próxima bienal, se convidado formalmente.

O jornalista Fabio Cypriano viajou a convite da Secretaria da Cultura e do Desporto do Estado do Ceará


1ª BIENAL CEARÁ AMÉRICA. Curadoria: Jan Hoet e Philippe van Cauteren. Onde: Centro Dragão do Mar, Casa Boris e galpões da RFFSA (tel. 0/xx/85/488-7604). Quando: de ter. a dom., das 14h às 21h. Até 28/2. Quanto: R$ 2.


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