São Paulo, terça-feira, 17 de dezembro de 2002

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DRAMATURGIA NA CORTE


Em janeiro, os autores Bia Gonçalves, Celso Cruz e Pedro Vicente, de São Paulo, Cacilda Povoas, de Salvador, e Marcos Barbosa, de Fortaleza, terão suas peças traduzidas e lidas no tradicional Royal Court Theatre em Londres na Semana Brasileira de Nova Dramaturgia


VALMIR SANTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

A notícia como que coroa o ano que reafirmou a vez da dramaturgia nacional nos palcos: o Royal Court Theatre, em Londres, vai realizar em janeiro uma Semana Brasileira de Nova Dramaturgia. Será mais uma etapa do intercâmbio que começou em 2000, quando Elyse Dodgson, relações internacionais do maior teatro voltado à nova dramaturgia na Europa, o Royal Court, visitou o país pela primeira vez.
De 16 a 21 de janeiro, a instituição programa a leitura das peças inéditas de Bia Gonçalves ("Esvaziamento"), Celso Cruz ("Sete Vidas de Santo"), Pedro Vicente ("Random", antes "Sem Memória"), trio de São Paulo, mais Cacilda Povoas ("O Muro"), de Salvador, e Marcos Barbosa ("Brazeiro" e "Quase Nada"), de Fortaleza. A maioria foi concebida por meio de oficinas que os brasileiros realizaram com dramaturgos ou diretores ligados ao Royal Court, em seus próprios Estados ou na capital inglesa.
"O mais importante desse convênio é uma espécie de quebra de paradigma. Até há pouco, ouvia-se muito sobre atores ou diretores daqui que buscavam autores na Europa ou no Estados Unidos. Agora, o olhar do outro prova para a comunidade teatral brasileira que a sua dramaturgia vale a pena, não está estagnada, não está morta, não emburreceu", afirma o cearense Barbosa, 25, que emplacou duas peças curtas ("mas completas") na semana.
Suas peças, "Brazeiro" e "Quase Nada", abordam a violência sob o ponto de vista da família. Temas urbanos também pontuam os demais textos.
O site do Royal Court (www. royalcourttheatre.com) afirma que "como o Brasil celebra o começo de uma nova era, o que reflete uma impaciência por mudanças, essas cinco peças [na verdade são seis" exploram uma gama de assuntos que incluem a violência doméstica, a economia, a posse de terras e o ambiente urbano". A Semana Brasileira de Nova Dramaturgia estende-se a uma parceria do Royal Court com o Centro Cultural São Paulo e o Teatro Popular do Sesi.
Uma ou duas peças do encontro em Londres serão produzidas e montadas no Popular do Sesi, com apoio também do British Council.
Além da temporada gratuita dos espetáculos, o Popular do Sesi realizará em junho uma oficina de direção, abrindo o viés do trabalho do Royal Court no país voltado para jovens encenadores.
Está prevista para maio uma oficina de iniciação à dramaturgia no Centro Cultural São Paulo, com 25 a 30 vagas. Os participantes serão selecionados por meio de processo a ser divulgado em fevereiro, nas inscrições.
Desses, pelo menos dez jovens autores serão selecionados para uma segunda oficina de escrita de textos teatrais. O Centro Cultural São Paulo também programa para novembro um Encontro Nacional de Dramaturgia.
É a demanda captada nos últimos meses pelo Teatro Promíscuo/Sesi (leia nesta página), Ágora, Teatro X, Centro de Pesquisa Teatral (CPT-Sesc), Escola Livre de Teatro de Santo, teatro Laura Alvim (RJ) ou Galpão (MG), entre outras iniciativas.


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