São Paulo, segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

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Em mostra no Masp, artista oferece jantar

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O mesmo artista que amarrou pedaços de pão ao corpo e os distribuiu pelas ruas de São Paulo e Nova York servirá um jantar para 50 senhoras nipo-brasileiras na abertura de sua primeira retrospectiva fora do Japão, que acontece no Masp, de 11 de janeiro a 6 de abril.
O japonês Tatsumi Orimoto, 63, foi assistente do pioneiro da videoarte Nam June Paik, participou do grupo Fluxus e esteve duas vezes na Bienal de São Paulo, em 1991 e 2002. Ele apresenta agora no Masp 1.400 fotografias que registram suas performances -incluindo "Bread Men", citada acima- e 160 aquarelas e desenhos.
Ele escolheu o jantar-performance para inaugurar a exposição como gesto de gratidão às senhoras, avós e mães que se dedicaram a filhos e netos. A figura materna é tema central de sua obra -o artista aparece ao lado da mãe, que sofre do mal de Alzheimer, em suas performances, um misto de homenagem com um olhar inusitado sobre o envelhecimento.
"Por causa da minha mãe, me interesso muito pelos idosos. Isso é importante para mim, porque é minha maneira de me comunicar com ela e com as pessoas", disse Orimoto à Folha, por telefone, de Tóquio.
Conhecido por suas performances, Orimoto apresenta no Masp registros de seus trabalhos mais significativos. Em "Boxing Partner", ele convida amigos também idosos para simular uma luta num ringue de boxe, mas a briga não avança. Em vez de competição, surge no ringue um sentido de comunhão entre essas pessoas.
A história da mãe do artista, que tinha vergonha dos sapatos gastos que vestia para ir à escola, é traduzida na performance "Small Mama with Big Shoes". Numa série de fotografias, Orimoto retrata a própria mãe, que então já sofria com a doença, vestindo sapatos gigantes de papel machê pelas ruas.
"Uma senhora com esses sapatos gigantescos é uma figura grotesca", destaca a curadora da exposição, Tereza de Arruda. Ela ressalta a polêmica levantada em torno da obra de Orimoto por ter usado a mãe doente em seus trabalhos, mas acredita que a arte que faz é a maneira que o encontrou para ficar próximo da mãe. (SM)


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