São Paulo, quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ABL elege sétima mulher a ocupar vaga de "imortal"

Professora há 60 anos, Cleonice Berardinelli, 93, recebe 30 dos 39 votos em eleição na academia

AUDREY FURLANETO
DA SUCURSAL DO RIO

Aos 93 anos, a professora Cleonice Berardinelli foi eleita ontem, no Rio, a nova titular da cadeira número 8 da Academia Brasileira de Letras, vaga desde setembro, com a morte do acadêmico Antônio Olinto.
Berardinelli teve 30 votos contra 9 do outro candidato à vaga, o jornalista Ronaldo Costa Couto, 62. A votação secreta durou menos de 40 minutos e 22 acadêmicos compareceram ao plenário -os demais votam por cartas, incineradas ao final da apuração.
Professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro há mais de 60 anos, Berardinelli estuda a literatura portuguesa e, segundo o presidente da ABL, Marcos Vilaça, é uma das "maiores conhecedoras" da obra de Camões no país. "Além disso, ela dá exemplo de uma vitalidade impressionante aos 93 anos", avaliou Vilaça.
Especialista, além de Camões, em Fernando Pessoa, Berardinelli dá aulas de literatura portuguesa na PUC do Rio e é professora emérita de letras portuguesas na UFRJ. Já publicou 18 livros e deu aula a oito "imortais" da ABL.
"Vou buscar uma amiga que sentava na cadeira ao lado da minha nas aulas da Cleonice. Sou o mais antigo aluno dela", dizia Afonso Arinos de Mello Franco, 79, na saída do plenário da academia.
Berardinelli recebeu os amigos no fim da tarde, no Cosme Velho, para comemorar a vitória. Ela é a sétima mulher a ocupar uma vaga na ABL.
Para a escritora Nélida Piñon, 72, que ocupa a cadeira 30, trata-se de "uma mulher fina e bonita, que nos transporta para o coração da língua". "Estou muito feliz pela academia abrir as portas para uma mulher de 93 anos numa sociedade que considera as mulheres de 40 velhas", disse. "É mestre para todos nós", afirmou Piñon.
Ex-aluno de Berardinelli, Domício Proença Filho, 73, da cadeira 28, disse que votou e fez campanha para a professora. "É o reconhecimento de uma belíssima carreira de uma das intelectuais mais respeitadas do país", avaliou.
A nova "imortal", aliás, já assinou prefácio do primeiro livro de Proença Filho, "Estilos de Época na Literatura", lançado em 1967. "Ela é a maior responsável pela valorização da poesia trovadoresca entre nós. E, além disso, diz poemas muito bem."


Texto Anterior: Artes plásticas: Vendas de arte fecham ano com queda de 75%
Próximo Texto: Professora Cleonice Berardinelli é a 7ª mulher eleita na ABL
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.