São Paulo, quarta-feira, 18 de janeiro de 2006

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CINEMA

Diretor derrota brasileiro Fernando Meirelles e leva também o melhor filme, com "O Segredo de Brokeback Mountain"

Globo de Ouro consagra taiwanês Ang Lee

DA REPORTAGEM LOCAL

O cineasta taiwanês Ang Lee é o melhor diretor do melhor filme da temporada, "O Segredo de Brokeback Mountain", segundo a consagração do Globo de Ouro, prêmio da associação de correspondentes estrangeiros em Hollywood, entregue anteontem.
O longa de Lee, que ganhou também os prêmios de roteiro e canção original, faturando quatro dos sete troféus a que estava indicado, tem estréia no Brasil agendada para o próximo dia 3/2.
O filme aborda a relação afetiva entre dois caubóis norte-americanos, isolados ao pé da montanha do título. Foi caracterizado pela crítica como um "western gay", rótulo do qual o diretor discorda.
Heterossexual, 51 anos, Lee disse ao jornal britânico "Independent" que se considera "uma pessoa bastante reprimida" e que sua decisão de ser cineasta foi vista como "uma desgraça na família".
O diretor diz que seus filmes têm um tema em comum: sua relação com o pai, a quem define como "um machão patriarcal chinês". Lee é o autor de "O Banquete de Casamento" (1993), "Razão e Sensibilidade" (1995), "Tempestade de Gelo" (1997) e do megasucesso "O Tigre e o Dragão" (2000).

Atriz coadjuvante
Tanto na disputa pelo título de melhor diretor como na de melhor filme Lee derrotou o brasileiro Fernando Meirelles, indicado nas duas categorias com o título inglês "O Jardineiro Fiel", que deu o Globo de Ouro de melhor atriz coadjuvante a Rachel Weisz.
Weisz agradeceu a Meirelles e dividiu o prêmio com o ator inglês Ralph Fiennes, que protagoniza "O Jardineiro Fiel" e não foi indicado em sua categoria.
Ao agradecer pelo prêmio de melhor diretor, com a elegância discreta de sempre, Lee disse que era embaraçoso admitir que, por hábito da profissão, desenvolveu um senso crítico muito severo com seus próprios trabalhos e com os dos colegas.
Mas essa era apenas uma introdução para afirmar, em seguida, que o alto nível de seus concorrentes, "num ano incrível para o cinema nos Estados Unidos" o deixava mais orgulhoso com o prêmio.
A vitória de Lee foi anunciada pelo ator e diretor Clint Eastwood, vencedor no ano passado com "Menina de Ouro". Meirelles disse à Folha que, quando ouviu Eastwood dizer o nome de Ang Lee, e não o seu, sentiu alívio.

Bilheterias
"O Segredo de Brokeback Mountain" e "O Jardineiro Fiel" foram produzidos pelo estúdio Focus, selo para filmes de médio orçamento da Universal. Ambos são produções abaixo de US$ 30 milhões [R$ 68 milhões]. Além do apreço da crítica, "O Segredo de Brokeback Mountain" ganha contorno de fenômeno nas bilheterias dos EUA. O filme de Lee tem atraído público muito superior ao previsto pela Focus.
Realizado durante um jantar num hotel de Los Angeles, o Globo de Ouro é menos formal do que o Oscar, mas reúne igual número de estrelas.

Diversão
Esta 63ª edição do prêmio teve seus momentos divertidos. O ator Harrison Ford subiu ao palco como apresentador de uma categoria. Tinha um brinco na orelha e um copo na mão e fez propaganda de seu próximo filme a estrear.
Mas foi Geena Davis quem provocou o maior índice de risadas, ao agradecer o prêmio de melhor atriz pela interpretação da presidente dos EUA na série de TV "Commander in Chief".
Davis contou a abordagem que recebeu de uma fã-mirim: "A garotinha, de uns sete anos, vestindo seu primeiro vestido de festa, puxou minha saia e disse: "Por sua causa, serei presidente dos Estados Unidos'".
Segundos depois da reação enternecida da platéia, Davis revelou sua trapaça: "Isso não aconteceu, mas poderia ter acontecido". Boa atuação da ocupante da Casa Branca. (SA)


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