São Paulo, sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Música

Terceiro CD do Dub Pistols retoma mistura de ritmos

Lançado por selo indie no final do ano passado, o divertido "Speakers and Tweeters" quase passou batido pelo Brasil

"Nosso segundo álbum era mais sério, com letras políticas. Queríamos trazer um pouco mais de soul e diversão", diz o baixista

ADRIANA FERREIRA SILVA
EDITORA DO GUIA DA FOLHA

Por muito pouco, um dos discos mais divertidos e bem produzidos do ano passado não passou batido por aqui. "Speakers and Tweeters", terceiro trabalho do grupo britânico Dub Pistols, chegou ao Brasil sem alarde pelo selo indie ST2 no final de 2007.
Após dois anos desde seu último trabalho, "Six Million Ways to Live" (2005), o lançamento era aguardado com ansiedade e curiosidade por fãs daqui e de lá. E os Pistols não decepcionaram, mostrando que ainda são "pró" no mix de ritmos que marcou sua estréia em 1996, como um dos expoentes da cena big beat.
O estilo que tomou as pistas inglesas na década de 90 misturava o rock com o tecno, a disco, os breakbeats e outras vertentes da eletrônica, em produções animadas de artistas como Norman Cook (Fatboy Slim), Chemical Brothers, Monkey Mafia (do DJ Jon Carter) e Dub Pistols.
O grupo se desvinculou desse cenário, mas não perdeu o (bom) gosto pela mistura. As 13 faixas de "Speakers and Tweeters" fundem com perfeição ska, rock, dub, reggae, rap e punk, com destaque para a ótima versão feita para "Rapture", clássico do Blondie.
"Nosso segundo álbum era mais sério, com letras políticas.
Queríamos trazer um pouco mais de soul e diversão para o terceiro CD", afirma o baixista Jason O'Bryan, 34, em entrevista à Folha. O'Bryan é um dos fundadores, ao lado do DJ Barry Asworth, promoter de clubes à época da formação dos Pistols e punk de espírito e atitude.

Influências
O ska do Specials e do Madness e o punk do Clash foram as primeiras referências da banda, descreve O'Bryan. "Tentamos imaginar como eles tocariam hoje e atualizamos esses ritmos, principalmente por meio do hip hop", diz ele. A elas, o baixista credita o fato de o grupo utilizar metais, baixo, bateria e guitarra, além de samples e seqüenciadores. "A maior parte dos instrumentos que se ouve no disco é realmente tocada", afirma O'Bryan. "E mesmo as coisas que não são têm samples de instrumentos gravados em estúdio. Gosto de manter o som orgânico assim", diz.
"No passado, quando todo mundo estava fazendo sons eletrônicos e digitais, senti que nós éramos um pouco diferentes. Não exatamente o que as pessoas queriam ouvir, mas gosto do fato de sermos assim."
Das influências, a do ska é uma das mais notáveis na sonoridade dos Pistols, escancarada em "Ronney From The Thoughts" e "Gangsters", faixas do novo disco que tem vocais de Terry Hall, líder do Specials. Foi de Hall a idéia de fazer a versão para "Rapture", mostrada em um grande festival de música na Inglaterra, onde os grupos deveriam tocar covers de outros artistas.
"Foi brilhante tocar com ele [Hall]", descreve O'Bryan.
"Cresci ouvindo Specials, que, na minha opinião, é o melhor exemplo de como uma banda pode sintetizar diferentes influências e atitude nas letras."
Do punk, os Pistols adotaram a postura anárquica, diz O'Bryan, representada pela figura performática de Barry Asworth. "É claro que não tocamos punk", afirma o baixista.
"Mas é com esse espírito que lidamos com o trabalho. Tudo pode acontecer. Estamos abertos a todo tipo de idéia. Qualquer um pode estar no comando e temos muito prazer em tocar com vários colaboradores.
Gostamos de pensar que somos uma gangue de amigos." DUB PISTOLS - SPEAKERS AND TWEETERS
Lançamento:
ST2
Quanto: R$ 28,90, em média

Texto Anterior: Show: Leila Pinheiro se apresenta na Vila Mariana
Próximo Texto: Raio-X
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.