|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Música
Terceiro CD do Dub Pistols retoma mistura de ritmos
Lançado por selo indie no final do ano passado, o divertido "Speakers and Tweeters" quase passou batido pelo Brasil
"Nosso segundo álbum era mais sério, com letras políticas. Queríamos trazer um pouco mais de soul e diversão", diz o baixista
ADRIANA FERREIRA SILVA
EDITORA DO GUIA DA FOLHA
Por muito pouco, um dos discos mais divertidos e bem produzidos do ano passado não
passou batido por aqui. "Speakers and Tweeters", terceiro
trabalho do grupo britânico
Dub Pistols, chegou ao Brasil
sem alarde pelo selo indie ST2
no final de 2007.
Após dois anos desde seu último trabalho, "Six Million
Ways to Live" (2005), o lançamento era aguardado com ansiedade e curiosidade por fãs
daqui e de lá. E os Pistols não
decepcionaram, mostrando
que ainda são "pró" no mix de
ritmos que marcou sua estréia
em 1996, como um dos expoentes da cena big beat.
O estilo que tomou as pistas
inglesas na década de 90 misturava o rock com o tecno, a disco,
os breakbeats e outras vertentes da eletrônica, em produções
animadas de artistas como
Norman Cook (Fatboy Slim),
Chemical Brothers, Monkey
Mafia (do DJ Jon Carter) e
Dub Pistols.
O grupo se desvinculou desse
cenário, mas não perdeu o
(bom) gosto pela mistura. As 13
faixas de "Speakers and Tweeters" fundem com perfeição
ska, rock, dub, reggae, rap e
punk, com destaque para a ótima versão feita para "Rapture",
clássico do Blondie.
"Nosso segundo álbum era
mais sério, com letras políticas.
Queríamos trazer um pouco
mais de soul e diversão para o
terceiro CD", afirma o baixista
Jason O'Bryan, 34, em entrevista à Folha.
O'Bryan é um dos fundadores, ao lado do DJ Barry Asworth, promoter de clubes à
época da formação dos Pistols e
punk de espírito e atitude.
Influências
O ska do Specials e do Madness e o punk do Clash foram as
primeiras referências da banda, descreve O'Bryan. "Tentamos imaginar como eles tocariam hoje e atualizamos esses
ritmos, principalmente por
meio do hip hop", diz ele. A elas,
o baixista credita o fato de o
grupo utilizar metais, baixo, bateria e guitarra, além de samples e seqüenciadores.
"A maior parte dos instrumentos que se ouve no disco é
realmente tocada", afirma
O'Bryan. "E mesmo as coisas
que não são têm samples de
instrumentos gravados em estúdio. Gosto de manter o som
orgânico assim", diz.
"No passado, quando todo
mundo estava fazendo sons
eletrônicos e digitais, senti que
nós éramos um pouco diferentes. Não exatamente o que as
pessoas queriam ouvir, mas
gosto do fato de sermos assim."
Das influências, a do ska é
uma das mais notáveis na sonoridade dos Pistols, escancarada
em "Ronney From The
Thoughts" e "Gangsters", faixas do novo disco que tem vocais de Terry Hall, líder do Specials. Foi de Hall a idéia de fazer
a versão para "Rapture", mostrada em um grande festival de
música na Inglaterra, onde os
grupos deveriam tocar covers
de outros artistas.
"Foi brilhante tocar com ele
[Hall]", descreve O'Bryan.
"Cresci ouvindo Specials, que,
na minha opinião, é o melhor
exemplo de como uma banda
pode sintetizar diferentes influências e atitude nas letras."
Do punk, os Pistols adotaram
a postura anárquica, diz O'Bryan, representada pela figura
performática de Barry Asworth. "É claro que não tocamos punk", afirma o baixista.
"Mas é com esse espírito que
lidamos com o trabalho. Tudo
pode acontecer. Estamos abertos a todo tipo de idéia. Qualquer um pode estar no comando e temos muito prazer em tocar com vários colaboradores.
Gostamos de pensar que somos
uma gangue de amigos."
DUB PISTOLS - SPEAKERS AND TWEETERS
Lançamento: ST2
Quanto: R$ 28,90, em média
Texto Anterior: Show: Leila Pinheiro se apresenta na Vila Mariana Próximo Texto: Raio-X Índice
|