São Paulo, segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

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28ª SÃO PAULO FASHION WEEK

Osklen e Rosa Chá apostam em inverno de vanguarda

Grifes mostraram coleções ousadas no primeiro dia da São Paulo Fashion Week mostrou coleção sexy-fetichista

ALCINO LEITE NETO

EDITOR DE MODA
VIVIAN WHITEMAN
DA REPORTAGEM LOCAL

Dois desfiles abriram em compasso de vanguarda a temporada outono-inverno 2010 da São Paulo Fashion Week. As apostas criativas lançadas pela Osklen e pela Rosa Chá levam a crer que a moda brasileira pode tomar, neste momento, um rumo oposto ao da europeia.
Enquanto na última temporada de Milão e Paris foram praticamente suspensas as experimentações muito radicais, devido aos estragos causados pela crise econômica na indústria fashion, na semana paulista a palavra de ordem agora é ousadia, dizem as duas grifes.
Tanto na Osklen, dirigida por Oskar Metsavaht, quanto na Rosa Chá, coordenada por Alexandre Herchcovitch, não importa só o comércio da roupa mas também a arte da moda -arte entendida como pesquisa, esforço, dúvida e desafio. De um lado, a Osklen esculpiu seu inverno sobre a dureza sólida do feltro. De outro, a Rosa Chá mergulhou no mar para achar suas formas líquidas e escorregadias a partir da lycra.
A Osklen explorou o cubismo de Picasso e Braque e o futurismo de Balla, entre outras referências artísticas. O corte é de precisão: ângulos estudados em complicadas equações para a criação de volumes que saltam diante dos olhos. O feito é "pop-up" -o corpo e a roupa brincam e juntos exploram as fronteiras do tridimensional.
O feltro enlaça e encaixota. Inspirações são pinçadas das obras do alemão Joseph Beuys (e seu "Terno de Feltro", de 1970) e do brasileiro Nelson Leiner, que fez paletó e calça com o material (em 73) e assistiu ao desfile na primeira fila.
As armaduras de feltro parecem criar híbridos de gente e robô -são roupas em mutação. A edição do desfile, muito acertada, ajuda a revelar o processo de criação. Do sólido liso ao tressê rígido, desembocando nos maxitricôs de palha de seda, que surgem como veias coloridas: há vida sob a dureza desse inverno encaixotado.
Na Rosa Chá, seres abissais inspiram estampas tie-dye luminosas. Os padrões coloridos se estendem sobre collantes e bodies inteiriços e se destacam quando misturados à escuridão da renda, que ondula feito água.
São as mulheres-peixe, outra silhueta em mutação. O trabalho com a lingerie é uma provocação. A imagem inicial remete à coleção verão 2010 de Marc Jacobs, que deslanchou a onda do underwear como foco dos looks. Mas Herchcovitch vai mais longe. Transforma a renda em estampa sobre uma pele fake, de tecido no tom nude. Vestidas em macacões longos, as moças parecem estar seminuas.

Galeria do Rock
O primeiro dia da SPFW foi aberto pela Cavalera, com um desfile na Galeria do Rock, que teve apresentação ao vivo de Iggor Cavalera. Muito preto, lingerie, couro e dourado na passarela -os roqueiros se sentiram em casa. Tudo prontinho para ir para a loja.
Priscilla Darolt continua sua viagem arquitetônico-fetichista com couros, corpetes e borrachas. A confecção é complexo, mas falta um pouco de charme à imagem final.
Fause Haten mostrou uma linha de bolsas vistosas, puxando a sardinha para o luxo. Mas a imagem feminina da coleção era a de uma diva chique e melancólica, chorando sobreposições de invernos passados, com plumas, drapeados e paetês.


Avaliação

OSKLEN
Avaliação:     

ROSA CHÁ
Avaliação:     

CAVALERA
Avaliação:   

FH POR FAUSE HATEN
Avaliação:   

PRISCILLA DAROLT
Avaliação: 




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