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28ª SÃO PAULO FASHION WEEK
Osklen e Rosa Chá apostam em inverno de vanguarda
Grifes mostraram coleções ousadas no primeiro dia da São Paulo Fashion Week mostrou coleção sexy-fetichista
ALCINO LEITE NETO
EDITOR DE MODA
VIVIAN WHITEMAN
DA REPORTAGEM LOCAL
Dois desfiles abriram em
compasso de vanguarda a
temporada outono-inverno
2010 da São Paulo Fashion
Week. As apostas criativas
lançadas pela Osklen e pela Rosa Chá levam a crer que a moda
brasileira pode tomar, neste
momento, um rumo oposto ao
da europeia.
Enquanto na última temporada de Milão e Paris foram
praticamente suspensas as experimentações muito radicais,
devido aos estragos causados
pela crise econômica na indústria fashion, na semana paulista a palavra de ordem agora é
ousadia, dizem as duas grifes.
Tanto na Osklen, dirigida por
Oskar Metsavaht, quanto na
Rosa Chá, coordenada por Alexandre Herchcovitch, não importa só o comércio da roupa
mas também a arte da moda
-arte entendida como pesquisa, esforço, dúvida e desafio.
De um lado, a Osklen esculpiu seu inverno sobre a dureza
sólida do feltro. De outro, a Rosa Chá mergulhou no mar para
achar suas formas líquidas e escorregadias a partir da lycra.
A Osklen explorou o cubismo
de Picasso e Braque e o futurismo de Balla, entre outras referências artísticas. O corte é de
precisão: ângulos estudados em
complicadas equações para a
criação de volumes que saltam
diante dos olhos. O feito é "pop-up" -o corpo e a roupa brincam e juntos exploram as fronteiras do tridimensional.
O feltro enlaça e encaixota.
Inspirações são pinçadas das
obras do alemão Joseph Beuys
(e seu "Terno de Feltro", de
1970) e do brasileiro Nelson
Leiner, que fez paletó e calça
com o material (em 73) e assistiu ao desfile na primeira fila.
As armaduras de feltro parecem criar híbridos de gente e
robô -são roupas em mutação.
A edição do desfile, muito acertada, ajuda a revelar o processo
de criação. Do sólido liso ao
tressê rígido, desembocando
nos maxitricôs de palha de seda, que surgem como veias coloridas: há vida sob a dureza
desse inverno encaixotado.
Na Rosa Chá, seres abissais
inspiram estampas tie-dye luminosas. Os padrões coloridos
se estendem sobre collantes e
bodies inteiriços e se destacam
quando misturados à escuridão
da renda, que ondula feito água.
São as mulheres-peixe, outra
silhueta em mutação.
O trabalho com a lingerie é
uma provocação. A imagem inicial remete à coleção verão
2010 de Marc Jacobs, que deslanchou a onda do underwear
como foco dos looks. Mas
Herchcovitch vai mais longe.
Transforma a renda em estampa sobre uma pele fake, de tecido no tom nude. Vestidas em
macacões longos, as moças parecem estar seminuas.
Galeria do Rock
O primeiro dia da SPFW foi
aberto pela Cavalera, com um
desfile na Galeria do Rock, que
teve apresentação ao vivo de Iggor Cavalera. Muito preto, lingerie, couro e dourado na passarela -os roqueiros se sentiram em casa. Tudo prontinho
para ir para a loja.
Priscilla Darolt continua sua
viagem arquitetônico-fetichista com couros, corpetes e borrachas. A confecção é complexo, mas falta um pouco de charme à imagem final.
Fause Haten mostrou uma linha de bolsas vistosas, puxando
a sardinha para o luxo. Mas a
imagem feminina da coleção
era a de uma diva chique e melancólica, chorando sobreposições de invernos passados, com
plumas, drapeados e paetês.
Avaliação
OSKLEN
Avaliação:
ROSA CHÁ
Avaliação:
CAVALERA
Avaliação:
FH POR FAUSE HATEN
Avaliação:
PRISCILLA DAROLT
Avaliação:
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