São Paulo, sexta-feira, 18 de fevereiro de 2000


Envie esta notícia por e-mail para
assinantes do UOL ou da Folha
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Novo filme de Leonardo DiCaprio morre na praia

Divulgação
Leonardo DiCaprio pensa em como escapar de uma situação espinhosa em cena de seu novo filme, dirigido por Danny Boyle



Fox destrói e reconstrói região protegida para filmar "A Praia'; críticas afundam a fita


da Reportagem Local

Afogado em meio a discussões ecológicas, críticas selvagens e uma não mais que razoável bilheteria nos Estados Unidos, estréia hoje em 250 cinemas do Brasil o novo filme de Leonardo DiCaprio, "A Praia".
A crítica estrangeira tem classificado a fita como monótona e chata. Mas o lançamento é de vulto simplesmente porque é estrelado por DiCaprio, protagonista da maior bilheteria de todos os tempos, o também marítimo "Titanic" (97), de James Cameron.
Agora, DiCaprio interpreta Richard, mochileiro norte-americano, em viagem pela Tailândia, que ouve uma história improvável sobre uma ilha secreta e paradisíaca, onde vive uma comunidade alternativa.
Após passar por inúmeros perigos, chega lá com um casal de franceses. Mas a rivalidade e os conflitos pessoais, quem diria, não tardam a chegar. A direção é de Danny Boyle, do cult "Trainspotting" (1996).
Mas, se os críticos têm aconselhado seus leitores a não comprarem esse peixe, os ambientalistas fazem o mesmo por uma razão mais panfletária.

Ecologia
O problema é a praia de Maya, na pequena ilha de Phi Phi Le, no sul da Tailândia, onde foi filmada grande parte da história. A região tem status de parque nacional, mas a produtora 20th Century Fox, insatisfeita com o tipo de vegetação e o formato das dunas, tomou uma decisão medieval: levou tratores à praia e refez um trecho a seu gosto. Tudo com a devida permissão das autoridades tailandesas.
A duna foi aplainada e a vegetação original substituída por, adivinhe, paradisíacas palmeiras. Inicialmente, a produção do filme pretendia plantar cem árvores, mas protestos fizeram a conta baixar para 60.
Os ativistas arrancaram os cabelos, enquanto moradores da região e a Associação de Juristas da Tailândia tentaram, sem sucesso, impedir as filmagens, no início de 99.
DiCaprio lamentou a polêmica, declarou-se simpatizante da causa ecológica e chegou a dizer que sua reputação fica prejudicada quando o associam "a uma produção que destrói a natureza."
Os ativistas responderam confeccionando máscaras do ator com dentes vampirescos escorrendo sangue e cartazes dizendo "Eu adoro "estuprar" a Tailândia".
O resultado é que não só a Fox como também o governo tailandês foram acusados de destruir parte de uma praia que deveria ser protegida por lei.
A permissão foi dada com a condição de que a Fox reconstruísse a vegetação e a geografia original.
A empresa bem que tentou, mas a erosão e as fortes chuvas no fim do ano passado não ajudaram. Para atrapalhar ainda mais, uma festa não-autorizada do Réveillon 2000, no local, deixou algumas marcas.
A duna agora está custando caro. Tentando acalmar os ânimos -o filme estréia na Tailândia em 10 de março-, executivos da Fox já declararam que vão doar parte da bilheteria para a manutenção dos parques nacionais do país.
Independentemente disso, moradores (ao contrário das agências) temem o turismo desenfreado na que já é chamada de "Praia do Leonardo". Muitos não querem que se repita a "infâmia", como alguns deles dizem, do caso 007.
Em 1974, Roger Moore esteve numa pequena praia na ilha Khao Phing Kan filmando um trecho de "007 contra o Homem da Pistola de Ouro". Hoje, quem visita a praia, que tem apenas algumas dezenas de metros, se depara com nada menos que 52 lojas espremidas vendendo lembranças da "Ilha de James Bond".
Por fim, "A Praia" enfrenta uma leve ressaca de bilheteria. O filme estreou na sexta passada nos EUA em 2.547 cinemas, um número bastante próximo às 2.674 salas americanas que exibiram "Titanic" em dezembro de 97.
Fora isso, entretanto, qualquer outra comparação é covardia. "A Praia" custou um quinto (US$ 40 milhões contra US$ 200 milhões) e seu fim-de-semana de estréia faturou a metade do filme de Cameron (US$ 15 milhões contra US$ 29 milhões).
Não se espera que "A Praia" arrecade US$ 1,8 bilhão no mundo todo, como fez "Titanic", mas ninguém imaginava que o novo filme de DiCaprio ficasse atrás de "Pânico 3" (nos EUA) ou "Toy Story 2" (na França).
Entre "Titanic" e "A Praia", DiCaprio atuou em "O Homem da Máscara de Ferro", de Randall Wallace, e "Celebrity", de Woody Allen. Sua próxima fita é "The Gangs of New York", de Martin Scorsese.
(IVAN FINOTTI)


Texto Anterior: Programação de TV
Próximo Texto: Parece filme de publicitário; falta alma
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.