A HQM Editora lança primeiro "graphic novel" da dupla britânica, "Violent Cases", lançada em 1987

PEDRO CIRNE
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Os britânicos Neil Gaiman e Dave McKean têm um longo histórico de parceria nas histórias em quadrinhos. E não só pela premiada série "Sandman", publicada de 1989 a 1996, escrita por Gaiman e com capas criadas por McKean. Os dois fizeram vários trabalhos em conjunto, dentro e fora das HQs, e o primeiro de todos, "Violent Cases", está sendo publicado no Brasil.
Em 1987, quando "Violent Cases" foi lançado na Inglaterra, em preto-e-branco (a edição brasileira é colorida), Gaiman era um jornalista que estava começando sua carreira como roteirista de quadrinhos. McKean era um artista plástico que também estava mudando de direção: "Violent Cases" foi sua primeira HQ.
Juntos, eles criaram esta "graphic novel", baseada nas memórias de infância do personagem-narrador, cuja aparência é inspirada na do próprio Neil Gaiman.
Hoje adulto, o narrador relembra, sem muita certeza dos detalhes, de quando machucou o braço e foi atendido pelo osteopata (especialista em articulações e ossos) que já havia tratado o mafioso Al Capone. Ele tinha apenas quatro anos, e todas as descobertas, para ele, tinham gosto de novidades espetaculares: afinal, o que é um osteopata? E o que é um mafioso? Como era Al Capone?
O personagem-narrador tem mais em comum com Gaiman do que a aparência: o gosto pelas histórias. Não basta para ele tentar reconstituir este pedaço da sua infância. É preciso que o conto principal puxe outras histórias, que cada personagem tenha suas peculiaridades e até que o esforço dele em se lembrar dos detalhes seja digno de ser narrado.
A "graphic novel" ganha muito com a arte de McKean, que mistura diversas técnicas para ilustrar a narrativa fragmentada de Gaiman.
A parceria entre Gaiman e McKean não parou por aí. Além dos sete anos de "Sandman", os dois estiveram juntos em outras HQs (como "Orquídea Negra" e as inéditas no Brasil "Signal to Noise" e "Mr. Punch"), três livros infantis e no filme "Máscara da Ilusão", dirigido por McKean sobre roteiro que Gaiman escreveu baseado em uma história criada por ambos.
Após tantos anos, ainda é uma parceria prolífica. Sorte dos fãs, que podem acompanhar dois artistas criativos e talentosos o suficiente a ponto de desenvolverem seu próprio estilo, um com as palavras e o outro com as imagens, sem deixarem de lado a oportunidade de trabalharem juntos.