São Paulo, sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

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Cinema sul-coreano demonstra ter descoberto sua voz particular

DA ENVIADA A BERLIM

O cinema coreano, que saiu do último festival de Cannes, em 2010, com dois prêmios, volta a mostrar sua face autoral.
"Come Rain Come Shine" (faça chuva faça sol), de Lee Yoon-ki, único asiático na competição de Berlim -há outros dez coreanos em mostras paralelas-, comprova o que "Poesia" (Lee Chang-dong) e "Hahaha" (Hong Sang-soo) haviam prenunciado em Cannes: os cineastas da Coreia do Sul encontraram uma voz particular, absolutamente colada à contemporaneidade.
O drama dos personagens é contado por uma câmera obcecada pelo pequenos detalhes, pelos gestos banais que podem conter os mais fortes sentimentos.
"Come Rain Come Shine" acompanha o casal que, após cinco anos junto, chega ao fim da relação. Quase em tempo real, seguimos o último dia dessa história.
"Se a trama se estendesse por vários dias, eu não poderia retratar cada momento com profundidade", explica o cineasta.
A banalidade do cotidiano cresce, na tela, pelo enquadramento cuidadoso, pelo sentido de cada silêncio e pela performance dos atores Hyun Bin e Im Soo-jeong.
O rapaz, que está sendo deixado, não consegue esboçar reação. Ao contrário. "Tentei mostrar como cada um se comporta em situações difíceis", diz Yoon-ki.
Yoon-ki, curiosamente, repetiu o tema da cineasta e performer norte-americana Miranda July em "O Futuro", também em competição.
Nos dois filmes, os amantes se afastam sem saber muito bem por quê. Parecem tentar, com o fim da relação, escapar do vazio maior que os cerca -vazio que, nos dois casos, os cineastas tentaram transformar em linguagem. (APS)


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