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NETVOX
Artistas embaralham interface
MARIA ERCILIA
do Universo Online
O melhor da Milia passou
longe dos estandes embandeirados, dos Bunnymen da Intel,
dos CD-ROMs do Louvre e dos
euroboys multimídia de rabo-de-cavalo e blazer.
Num canto meio escondido
do Palais du Cinéma de Cannes, 27 estudantes exibiam
CD-ROMs, protótipos de games e sites. Em meio a uma feira sem grandes lançamentos,
uma indústria de multimídia
em crise de identidade e um
frio danado, o New Talent Pavilion (http://www.milia.com/talent/talent.htm)
acabou sendo uma fonte de
surpresas e encantos.
"Microphone Fiend" dá uma
chacoalhada cheia de graça na
relação entre usuário e computador. Tota Hasegawa criou
uma coleção de 12 gags visuais
que o espectador manipula assoprando num microfone
-como um Godzilla cuspindo
fogo e um fósforo se apagando.
Fiel às origens, Hasegawa
(www-crd.rca.ac.uk/tota/)
usou imagens de filmes e seriados japoneses, com um resultado bem pop e sem afetação.
"Cyderspace" (www.lessrain.com/apple), de Lars Eberle, também procura reestruturar a interface entre o usuário
e o computador.
O aponte-e-clique nunca é o
que se espera. Na tela de abertura, os ícones se movem como
numa roda-gigante. Em outra,
comportam-se como máquinas
de pinball -o mouse dispara
uma bolinha que pousa sobre
três opções do menu.
Patrocinado pela Apple, este
site é uma homenagem elegante e cifrada ao Macintosh, que
começa na tipologia e trabalha
com ícones como a latinha de
lixo e a própria maçã, sempre
meio modificados.
"Cyderspace" e "Microphone
Fiend" desaceleram a percepção do usuário acostumado à
navegação utilitária do computador, transformando a comunicação com a máquina
numa fonte de surpresa e prazer. Os dois trabalhos dão um
tiro certeiro na questão que interessa: a interface.
À medida que CD-ROMs e a
Web nos obrigam a lidar com a
organização visual de grandes
massas de informação, o desenho de interface vai se firmar
como uma forma de arte diversa do design puro e simples.
Tem mais semelhança com a
arquitetura, pois é preciso resolver como o usuário vai se
mover dentro de um determinado espaço -e há inúmeras
possibilidades além dos menus
convencionais. Como o arquiteto, o desenhista de interface
tem que ser um pouco engenheiro e um pouco artista.
E-mail: netvox@uol.com.br
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