São Paulo, quinta-feira, 18 de março de 2004

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Repórter cobriu os grandes feitos do século 20

DA REPORTAGEM LOCAL

Não há acontecimento histórico do século 20 que não tenha estado nas aventuras de Tintin. Inicialmente publicadas em suplementos infantis dos periódicos "Le Vingtième Siècle", jornal católico e anticomunista, e "Le Soir", uma das poucas publicações da Bélgica que não foram fechadas durante a ocupação alemã, na Segunda Guerra, as histórias escritas e minuciosamente desenhadas por Hergé "cobriram" desde a revolução cultural na China até a chegada (antecipada) do homem à Lua.
Surgido em 10 de janeiro de 1929, com a série "Tintin no País dos Soviéticos", o repórter-detetive-escoteiro teve como primeira missão desmascarar os comunistas e suas promessas de revolução social.
Na volta, faria uma parada no Congo, para uma nova dose de lições paternalistas -e racistas- nos então colonos belgas.
Por fim, já em 1932, nosso herói daria um pulinho até a América para enfrentar Al Capone e seus comparsas...
Na década de 40, Hergé fecha com a editora Casterman para publicar álbuns coloridos de 64 páginas, que até hoje já somam 24 -incluindo "Tintin et l'Alpha Art", obra inacabada de Hergé, lançada postumamente pela primeira vez em 1986.
No Brasil, nove deles, incluindo "Tintin na África", "Tintin na América", "Tintin no Tibete" e "Tintin no País do Ouro Negro", foram publicados pela editora Record, entre as décadas de 70 e 80, mas encontram-se atualmente fora de catálogo.
Um dos principais segredos da longevidade do personagem no Brasil, entretanto, é a série de desenho animado que é exibida pela TV Cultura de segunda a sexta, às 9h30 e às 18h30, e aos sábados, às 18h30.
Além do protagonista, outros heróis celebrizados nas aventuras de Tintin incluem os detetives gêmeos Dupont e Dupond, o malvado Rastapopoulos, o professor Calculus e o ranzinza Capitão Haddock, criado em 1941 e, segundo especialistas, o mais provável alter-ego do Hergé adulto.
Repleta de referências autobiográficas, as aventuras de Tintin podem ser lidas em diversas instâncias: de histórias fantásticas para crianças a crônicas de uma época ora eurocentrista, ora humanitária, crítica e ciente de seus erros do passado. (DA)


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