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O céu é o limite
Record consolida segundo lugar em audiência e oferece fortunas para exibir eventos esportivos e contratar Fernanda Montenegro
LAURA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Você liga a TV e vê Fernanda
Montenegro na novela. Depois,
começa a transmissão da Olimpíada. Globo? Não, Record.
Após chegar ao segundo lugar de audiência, estar a um
passo de "roubar" os Jogos
Olímpicos de 2012 da Globo e
fazer uma proposta tentadora à
maior atriz do país, onde a Record vai parar?
Se na Globo esta é uma dúvida cruel, na emissora ligada à
Igreja Universal, um novo e
imodesto bordão não esconde a
fé na conquista maior: "A caminho da liderança".
A rede, que bate a Globo em
alguns momentos, como no
matutino "Hoje em Dia", apresentado por Ana Hickmann,
quer alcançar a rival em três
anos. Não será fácil. A distância
ainda é grande, em audiência e
faturamento (leia à pág. E6).
Mas há um "detalhe": dinheiro
não parece ser um problema
para o bispo Edir Macedo.
A fim de adquirir o Campeonato Brasileiro de 2009, a emissora acaba de oferecer R$ 500
milhões aos organizadores,
mais do que a Globo paga.
Também foi superior a oferta
feita pelos direitos dos Jogos
Olímpicos de 2012. Com isso, e
com o compromisso de dar
mais espaço às competições do
que a Globo costuma conceder,
a Record está levando a melhor.
O contrato não foi assinado,
mas já houve o aperto de mãos.
Além das investidas em grandes eventos esportivos, a Record amplia sua força nos campeonatos regionais. Já são dela
o Baiano e o Catarinense, cujos
jogos às vezes batem a Globo
nos Estados. Na última semana, fechou a compra da rede
Guaíba, do Rio Grande do Sul,
com jornal, rádio e TV. Dessa
forma, levou o Campeonato
Gaúcho.
Também não há economia
na hora de assediar globais. Fora a corrida por grandes estrelas da dramaturgia, como Fernanda Montenegro e Antonio
Fagundes, a emissora abre o cofre para o jornalismo.
Chega a oferecer até cinco
vezes o salário de repórteres
"grifes" para convencê-los a
trocar de canal. Os investimentos alcançam também emissoras regionais. Algumas, como as
de Florianópolis, Belo Horizonte, Brasília e Salvador, receberam recentemente equipes
de São Paulo com a missão de
levar o "padrão Record de qualidade". Em Minas, por exemplo, foi totalmente reformulado um telejornal -que fazia até
merchandising.
A meta agora é diminuir o
sensacionalismo de telejornais
vespertinos de afiliadas do
Nordeste. Embora os filhotes
de "Cidade Alerta" rendam altas audiências e até batam a
Globo, não trazem anunciantes
e prejudicam o projeto de melhorar a imagem da rede.
Com o crescimento em audiência e faturamento, a Record tem conseguido pegar retransmissoras de outras redes,
especialmente do SBT, cuja
programação mostra-se cada
vez mais instável e o ibope, conseqüentemente, mais baixo.
Macedo pretende também
ampliar a produção regional de
jornalismo e restringir os programas da Igreja Universal às
madrugadas, como já fez em
São Paulo e agora faz no Rio.
Quanto mais desvinculada
estiver a imagem da emissora
da religião, melhor para os dois
negócios, avalia ele.
Sua mais surpreendente determinação foi a de dar ampla
cobertura à visita do papa Bento 16 ao Brasil, em maio.
Até as missas serão em parte
transmitidas, a fim de enterrar
de vez o fatídico chute que um
bispo da Universal desferiu ao
vivo em uma imagem de Nossa
Senhora Aparecida, em 1995.
"A decisão de exibir a visita
do papa é baseada em estratégia de audiência", afirmou Alexandre Raposo, 36, presidente
da rede, em entrevista à Folha.
Um eventual "sim" de Fernanda Montenegro teria forte
impacto nesse contexto. À Folha, a agente da atriz disse que a
atriz pensará no convite "com
carinho".
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