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Crítica/"Exilados"
Johnny To impulsiona cinema de Hong Kong
PEDRO BUTCHER
CRÍTICO DA FOLHA
É uma pena que "Exilados" não tenha sido
lançado nos cinemas
brasileiros -a exibição na sala
Maria Antônia não conta, pois é
em DVD, bem longe de ser a
fonte mais adequada para uma
projeção em tela grande.
Diante dessa ausência, cabe
fazer a pergunta: por que o cinema asiático, um dos mais
prolíficos e interessantes do
mundo, tem tanta dificuldade
para chegar ao circuito brasileiro? Seriam problemas de negociação com os produtores de lá
ou o conservadorismo dos distribuidores daqui?
O fato é que, na categorização
um tanto cruel que divide o
mercado em "blockbusters" e
"filmes de arte", o cinema de
ação de Hong Kong acabou sem
lugar. Uma pena, pois Johnny
To é um dos diretores mais interessantes em atividade. Ele
imprime a seus filmes uma assinatura pessoal que combina a
exuberância de Sergio Leone ao
ritmo de Sam Peckinpah -e
que clama por uma tela grande
e um bom sistema de som.
To vem trabalhando desde
1980, mas só recentemente ganhou projeção internacional.
Em 2004, o Festival de Cannes
exibiu fora de competição o genial "Breaking News" e, em
2005, selecionou "Eleição" para a disputa pela Palma de Ouro. No ano passado, To lançou
"Eleição 2" e "Exilados". Desses, apenas "Eleição" ganhou
exibição nos cinemas por aqui.
"Exilados" se passa em Macau, o que já cria um diferencial
em relação aos filmes anteriores. A arquitetura da cidade, de
colonização portuguesa, está
mais próxima do cenário de um
filme de Sam Peckinpah do que
à imponência caótica de Hong
Kong, cenário mais comum de
seus filmes. A história se passa
em 1998, pouco antes da devolução de Macau à China, quando uma gangue de HK propõe a
fusão com uma gangue local.
Com a nova ordem, cinco amigos de juventude são jogados
uns contra os outros.
"Exilados" é pontuado por
um fino humor e cenas de ação
de tirar o fôlego. Sua força
maior, porém, está na forma
com que retrata os laços de
amizade, que faz lembrar os
melhores momentos do cinema de Howard Hawks.
EXILADOS
Direção: Johnny To
Distribuidora: Flashstar (para locação em DVD, a partir do dia 28)
Onde: em cartaz na sala Maria Antônia (r. Maria Antônia, 283, tel.
3211-0069; R$ 4; a partir das 18h)
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