São Paulo, terça-feira, 18 de março de 2008

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Varejão incorpora plantas carnívoras e passarinhos em seu novo pavilhão

DO ENVIADO ESPECIAL A BRUMADINHO (MG)

Passarinhos e plantas carnívoras são os novos "convidados" do pavilhão que a artista carioca Adriana Varejão, 43, inaugurou no último sábado no Centro de Arte Contemporânea Inhotim.
Depois de mais de um ano trabalhando no prédio -o único a ter uma identidade arquitetônica forte no centro, de autoria do paulista Rodrigo Cerviño Lopez-, Varejão observou com mais atenção, "umas três semanas antes da abertura", uma pequena parte do teto, dividida em retângulos. "As luzes instaladas criaram um destaque na cobertura que a gente não tinha percebido antes. Abaixo, a série dos "Charques" exibia um tom vermelho em sua parte de cima. Daí só foi um desdobramento esse diálogo entre as obras", conta ela.
Assim nasceu a série "Carnívoras", na qual a artista pintou com óleo e gesso cinco espécies de plantas carnívoras em tons fortes de vermelho. No andar do meio, o espectador pode olhar para cima e ver as plantas e, paralelamente, no andar de baixo, as formas orgânicas, que lembram entranhas e miúdos e que explodem de uma parede azulejada, compondo uma variação de sua instalação "Ruínas de Charque".
Já os passarinhos estão na saída mais alta do edifício, onde um corredor leva a um pátio externo. "Estava muito seco. Então, imaginei que um banco poderia ser um bom fecho para o espaço", diz Varejão, que criou "Passarinhos - De Inhotim a Demini", banco azulejado que retrata cerca de 500 espécies de pássaros da fauna próxima e da Amazônia, onde a artista viveu em uma aldeia ianomâmi, Demini, e realizou a série "Pássaros da Amazônia", em 2003.
"Foi um alento fazer essas duas séries, me deu um maior impulso no final do processo", avalia. "Nunca havia feito pintura no teto, é uma coisa que se relaciona com os afrescos de capelas e igrejas, casa com o traço histórico da minha obra."

Obra em mutação
O prédio exclusivo de Varejão, um dos nomes brasileiros com maior inserção internacional, tem em seu térreo uma parede à maneira de uma sauna, desdobramento de série já exibida na galeria Fortes Vilaça, em São Paulo, em 2005. "A água aparece pela primeira vez e há uma série de conexões entre a arquitetura do prédio com a pintura. Dependendo de onde você está, a obra muda."
No andar do meio, "Celacanto Provoca Maremoto" é uma instalação com 184 telas com motivos que remetem à azulejaria barroca e que preenchem as paredes do espaço. Um outro banco na área exterior, com azulejos retratando plantas alucinógenas, completa o projeto da artista. (MG)


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