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Varejão incorpora plantas carnívoras e passarinhos em seu novo pavilhão
DO ENVIADO ESPECIAL A BRUMADINHO
(MG)
Passarinhos e plantas carnívoras são os novos "convidados" do pavilhão que a artista
carioca Adriana Varejão, 43,
inaugurou no último sábado no
Centro de Arte Contemporânea Inhotim.
Depois de mais de um ano
trabalhando no prédio -o único a ter uma identidade arquitetônica forte no centro, de autoria do paulista Rodrigo Cerviño Lopez-, Varejão observou
com mais atenção, "umas três
semanas antes da abertura",
uma pequena parte do teto, dividida em retângulos. "As luzes
instaladas criaram um destaque na cobertura que a gente
não tinha percebido antes.
Abaixo, a série dos "Charques"
exibia um tom vermelho em
sua parte de cima. Daí só foi um
desdobramento esse diálogo
entre as obras", conta ela.
Assim nasceu a série "Carnívoras", na qual a artista pintou
com óleo e gesso cinco espécies
de plantas carnívoras em tons
fortes de vermelho. No andar
do meio, o espectador pode
olhar para cima e ver as plantas
e, paralelamente, no andar de
baixo, as formas orgânicas, que
lembram entranhas e miúdos e
que explodem de uma parede
azulejada, compondo uma variação de sua instalação "Ruínas de Charque".
Já os passarinhos estão na
saída mais alta do edifício, onde
um corredor leva a um pátio externo. "Estava muito seco. Então, imaginei que um banco poderia ser um bom fecho para o
espaço", diz Varejão, que criou
"Passarinhos - De Inhotim a
Demini", banco azulejado que
retrata cerca de 500 espécies de
pássaros da fauna próxima e da
Amazônia, onde a artista viveu
em uma aldeia ianomâmi, Demini, e realizou a série "Pássaros da Amazônia", em 2003.
"Foi um alento fazer essas
duas séries, me deu um maior
impulso no final do processo",
avalia. "Nunca havia feito pintura no teto, é uma coisa que se
relaciona com os afrescos de
capelas e igrejas, casa com o
traço histórico da minha obra."
Obra em mutação
O prédio exclusivo de Varejão, um dos nomes brasileiros
com maior inserção internacional, tem em seu térreo uma
parede à maneira de uma sauna, desdobramento de série já
exibida na galeria Fortes Vilaça, em São Paulo, em 2005. "A
água aparece pela primeira vez
e há uma série de conexões entre a arquitetura do prédio com
a pintura. Dependendo de onde
você está, a obra muda."
No andar do meio, "Celacanto Provoca Maremoto" é uma
instalação com 184 telas com
motivos que remetem à azulejaria barroca e que preenchem
as paredes do espaço. Um outro
banco na área exterior, com
azulejos retratando plantas
alucinógenas, completa o projeto da artista.
(MG)
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