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Crítica/exposição/"Segall Realista"
Mostra apresenta Segall muito além do expressionismo
Com entrada gratuita, exposição com curadoria de Tadeu Chiarelli reúne conjunto amplo com várias fases do artista
FABIO CYPRIANO
DA REPORTAGEM LOCAL
R
aras são as exposições
no Brasil que buscam
romper paradigmas estabelecidos e que são, ao mesmo tempo, generosas o suficiente para permitir reflexão
sobre a tese levantada. "Segall
Realista", com curadoria de Tadeu Chiarelli, é ousada ao negar
o expressionismo como elemento central na obra do artista objeto da mostra. Ao mesmo
tempo, ao reunir um conjunto
com cerca de 150 trabalhos, a
mostra não se torna uma camisa-de-força da curadoria.
Lasar Segall (1891-1957), nascido na Lituânia, foi integrado
ao modernismo alemão, a começar por sua presença no grupo Secessão, de Dresden. Essa
filiação o vinculou ao expressionismo, escola que visava realizar uma crítica social a partir
da representação do cotidiano.
Ao recriar a realidade, como
define Chiarelli, "o artista expressionista a modifica, com a
deformação expressiva das figuras, o uso antidescritivo da
cor e, sobretudo, a ênfase ao caráter bidimensional do suporte
pictórico".
A definição de expressionismo acima citada está presente
no robusto ensaio do catálogo
da mostra, que é onde o curador irá defender sua tese. Na
exposição, com ótima montagem, Chiarelli reuniu um conjunto amplo das várias fases do
artista e dos vários suportes
que Segall usou: pintura, desenho, escultura. Nessas obras, o
artista se revela diversificado
em sua pesquisa, como muitos
de seus pares modernistas.
Assim, observa-se como Segall discutia a própria história
da arte em "Morro Vermelho"
(1926), fazendo a imagem da
Madonna ser encarnada por
uma mãe negra; utilizava o exótico, como no clássico "Bananal" (1927), ao incorporar a cor,
a luz e os personagens brasileiros; tinha uma forte preocupação social, como ensejam ambas as obras; ou adquiria contornos mais clássicos, como em
"Maternidade" (1936). Ou seja,
há muitos Segais.
Além do mais, o curador ainda reúne obras que contradizem sua tese central, a do "Segall realista", ao expor alguns
de seus últimos trabalhos, praticamente abstratos, como suas
florestas, mas que reforçam como os conceitos não são capazes de abarcar toda a complexidade do fazer artístico e que, no
fim, o que interessa mesmo, ao
menos para os modernos, é a
obra de arte.
SEGALL REALISTA
Quando: ter. a sab., das 10h às 20h,
dom., das 10h às 19h. Até 23/3
Onde: Galeria de Arte do Sesi (av. Paulista, 1.313, SP, tel. 0/xx/11/ 3146-7405)
Quanto: entrada franca
Avaliação: ótimo
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