São Paulo, quarta-feira, 18 de março de 2009

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MÚSICA

Crítica

CD triplo caprichado traz as favoritas dos fãs da Motown

Votação pela internet celebra 50 anos da gravadora; Jackson 5 é o vencedor

JOSÉ FLÁVIO JÚNIOR
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Detroit pode estar afundada em crise, mas uma instituição dessa cidade americana nunca perderá a força: a Motown. A gravadora celebra em 2009 meio século de serviços prestados à música pop. Para marcar a data, a Universal, que hoje é dona do nome e do acervo do lendário selo, coloca no mercado brasileiro o CD triplo "Motown 50", com as 50 canções mais importantes lançadas pela empresa que o compositor Barry Gordy Jr. fundou obtendo um empréstimo de US$ 800. Os juízes que definiram as 50
canções do repertório foram os próprios fãs. A Universal criou um site em que qualquer internauta podia escolher seu top 5 da Motown -partindo de uma lista com 109 hits. O encarte do álbum cita os nomes das 50 primeiras pessoas que votaram -uma maneira de agradecer a quem queimou a pestana na árdua tarefa de eleger os maiores clássicos do selo.
A ordem de preferência dos consumidores foi respeitada. O primeiro CD abre com a mais votada, "I Want You Back", do Jackson 5, e o terceiro disco fecha com a quinquagésima do ranking, "Standing in the Shadows of Love", do Four Tops. Há momentos em que um mesmo artista aparece com três números em sequência, caso do grupo vocal The Supremes, que emplacou "Stop! In the Name of Love", "Stoned Love" e "Baby Love" respectivamente nos 24º, 25º e 26º lugares.
Até ser vendida por US$ 61 milhões, em 1988, a Motown conseguiu colocar mais de cem músicas no top 10 da parada pop americana. Só no período de 1961 a 1972, quando a gravadora viveu seus anos dourados, foram 31 canções no primeiro lugar. É por isso que, apesar de ser uma ótima antologia, "Motown 50" não dá conta de reunir todas as faixas significativas da Hitsville (apelido da primeira sede da gravadora, uma casa branca localizada num subúrbio de Detroit).

Dificuldades
"Please Mr. Postman", com as Marvelettes, primeiro compacto da Motown a chegar ao topo da parada pop americana, quase ficou de fora. Entrou na 49ª colocação. Já "Super Freak", um dos funks mais avassaladores de todos os tempos, canção-assinatura do maluco Rick James, não entrou, mesmo tendo sido redescoberto pelo filme "Pequena Miss Sunshine" (2006).
A dificuldade de se resumir o legado da Motown em 50 músicas é explicada pelo próprio êxito da gravadora. Nenhuma outra dedicada à música negra chegou perto em resultados. Em seu segundo ano no mercado, ela já vendia milhões. Ao mesmo tempo, revelava gênios como Smokey Robinson, Marvin Gaye e Stevie Wonder. Gordy tocava o negócio como se fosse uma operação familiar.
Ele contava com um time pequeno de compositores, sendo Lamont Dozier, Brian Holland e Edward Holland Jr. os mais célebres, e escalava os músicos mais talentosos do time para a maioria das gravações. Muitos dos clássicos da Motown trazem Marvin Gaye na bateria.
Só que, na década de 70, Gordy resolveu levar sua gravadora para Los Angeles e dar prioridade a uma artista do elenco: Diana Ross. O investimento não se mostrou lucrativo, e a Motown entrou nos anos 80 mal das pernas, até sua venda tornar-se inevitável. Mas a mística continua intacta.


MOTOWN 50

Artista: Vários
Gravadora: Universal
Quanto: R$ 50
Avaliação: ótimo



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