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MÚSICA
Crítica
CD triplo caprichado traz as favoritas dos fãs da Motown
Votação pela internet celebra 50 anos da gravadora; Jackson 5 é o vencedor
JOSÉ FLÁVIO JÚNIOR
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Detroit pode estar afundada em crise, mas
uma instituição dessa
cidade americana nunca perderá a força: a Motown. A gravadora celebra em 2009 meio século de serviços prestados à
música pop. Para marcar a data,
a Universal, que hoje é dona do
nome e do acervo do lendário
selo, coloca no mercado brasileiro o CD triplo "Motown 50",
com as 50 canções mais importantes lançadas pela empresa
que o compositor Barry Gordy
Jr. fundou obtendo um empréstimo de US$ 800.
Os juízes que definiram as 50
canções do repertório foram os
próprios fãs. A Universal criou
um site em que qualquer internauta podia escolher seu top 5
da Motown -partindo de uma
lista com 109 hits. O encarte do
álbum cita os nomes das 50 primeiras pessoas que votaram
-uma maneira de agradecer a
quem queimou a pestana na árdua tarefa de eleger os maiores
clássicos do selo.
A ordem de preferência dos
consumidores foi respeitada. O
primeiro CD abre com a mais
votada, "I Want You Back", do
Jackson 5, e o terceiro disco fecha com a quinquagésima do
ranking, "Standing in the Shadows of Love", do Four Tops.
Há momentos em que um mesmo artista aparece com três números em sequência, caso do
grupo vocal The Supremes, que
emplacou "Stop! In the Name
of Love", "Stoned Love" e
"Baby Love" respectivamente
nos 24º, 25º e 26º lugares.
Até ser vendida por US$ 61
milhões, em 1988, a Motown
conseguiu colocar mais de cem
músicas no top 10 da parada
pop americana. Só no período
de 1961 a 1972, quando a gravadora viveu seus anos dourados,
foram 31 canções no primeiro
lugar. É por isso que, apesar de
ser uma ótima antologia, "Motown 50" não dá conta de reunir todas as faixas significativas
da Hitsville (apelido da primeira sede da gravadora, uma casa
branca localizada num subúrbio de Detroit).
Dificuldades
"Please Mr. Postman", com
as Marvelettes, primeiro compacto da Motown a chegar ao
topo da parada pop americana,
quase ficou de fora. Entrou na
49ª colocação. Já "Super
Freak", um dos funks mais
avassaladores de todos os tempos, canção-assinatura do maluco Rick James, não entrou,
mesmo tendo sido redescoberto pelo filme "Pequena Miss
Sunshine" (2006).
A dificuldade de se resumir o
legado da Motown em 50 músicas é explicada pelo próprio
êxito da gravadora. Nenhuma
outra dedicada à música negra
chegou perto em resultados.
Em seu segundo ano no mercado, ela já vendia milhões. Ao
mesmo tempo, revelava gênios
como Smokey Robinson, Marvin Gaye e Stevie Wonder.
Gordy tocava o negócio como
se fosse uma operação familiar.
Ele contava com um time pequeno de compositores, sendo
Lamont Dozier, Brian Holland
e Edward Holland Jr. os mais
célebres, e escalava os músicos
mais talentosos do time para a
maioria das gravações. Muitos
dos clássicos da Motown trazem Marvin Gaye na bateria.
Só que, na década de 70,
Gordy resolveu levar sua gravadora para Los Angeles e dar
prioridade a uma artista do
elenco: Diana Ross. O investimento não se mostrou lucrativo, e a Motown entrou nos anos
80 mal das pernas, até sua venda tornar-se inevitável. Mas a
mística continua intacta.
MOTOWN 50
Artista: Vários
Gravadora: Universal
Quanto: R$ 50
Avaliação: ótimo
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