São Paulo, quarta-feira, 18 de março de 2009

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Polêmico na moda, na TV e na política, Clodovil morre aos 71

Estilista, apresentador e deputado federal, que sofrera um AVC anteontem, será enterrado amanhã, em São Paulo

Costureiro ganhou fama e desafetos a partir de 1980, com o "TV Mulher", em que desenhava roupas ao vivo e criticava o modo de vestir

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA REPORTAGEM LOCAL

O estilista e deputado federal Clodovil Hernandes (PR-SP), 71, morreu ontem, em Brasília, por volta das 19h, após uma parada cardíaca. Poucas horas antes, os médicos haviam decretado sua morte cerebral. A parada cardíaca ocorreu no momento em que o corpo do deputado era levado para uma sala para a realização da retirada de seus órgãos, para transplante. Clodovil havia sofreu um AVC (acidente vascular cerebral) hemorrágico anteontem.
Terceiro deputado mais votado de São Paulo, Clodovil obteve 493 mil votos, ficandfo atrás apenas de Paulo Maluf (PP-SP, com 739 mil) e Celso Russsomano (PP-SP, com 573 mil). Parlamentar polêmico, ele será substituído por Jairo Paes de Lima (PTC-SP).
Na semana passada, ele havia obtido uma vitória no TSE (Tribunal Superior Eleitoral), ao ser absolvido da acusação de infidelidade partidária -por ter trocado o PTC pelo PR em setembro de 2007, com a alegação de sofrer "grave discriminação pessoal".
No seu primeiro discurso como deputado, em fevereiro de 2007, chamou a Câmara de "mercado" por causa do barulho e o então presidente da Casa, Arlindo Chinaglia (PT-SP), de "mal-educado".
Em maio do mesmo ano, protagonizou um bate-boca com a deputada Cida Diogo (PT-RJ). A discussão ocorreu depois de Clodovil dizer que as mulheres ficaram muito "ordinárias e vulgares", e que "trabalham deitadas e descansam em pé".
Clodovil apresentou 17 projetos e uma proposta de emenda à Constituição sugerindo a redução do contingente de deputados, de 513 para 250.

Amor e ódio na TV
A expressiva votação deveu-se à fama que adquiriu como costureiro [leia texto abaixo] e apresentador de TV. Em 1977, ele venceu um programa de perguntas e respostas da Globo, "8 ou 800", que prometia prêmio de Cr$ 800 mil (cerca de R$ 170 mil) e se recusou a receber o valor com o Impostado de Renda descontado -Cr$ 566 mil (cerca de R$ 120 mil). "Ou mudam o nome para "8 ou 566 Mil" ou fica, assim, uma situação meio godê", declarou.
A mesma Globo o contratou em 1980 para comandar um quadro no programa "TV Mulher". Em dois anos, se consagrou ao desenhar roupas ao vivo e criticar de maneira agressiva modos de vestir e comportamentos que achava errados.
Em 1981, a apresentadora Marília Gabriela deixou o programa supostamente por desentendimentos com o colega, que colecionou desafetos no meio. Popular, foi alvo de humoristas e não achou engraçado. Em 81, processou Agildo Ribeiro, que o imitava no "Planeta dos Homens". O mau humor para piadas a seu respeito e a incontinência verbal diante das câmeras o levaram a ser demitido, em 2005, de seu último trabalho na TV, "A Casa É Sua", da Rede TV!. Ele não levou na esportiva a perseguição do "Pânico" para que calçasse as "sandálias da humildade".
Entre a Globo, e a Rede TV!, ele passou por Bandeirantes, CNT e Manchete. Dizia o que lhe vinha à cabeça e cobrava o mesmo de entrevistados, usando o bordão "olhe para a lente da verdade e responda".


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