São Paulo, Quinta-feira, 18 de Março de 1999
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

MÚSICA
Chega às lojas de discos o álbum "Memê e Eles", em que o produtor Marcello Mansur reúne grandes nomes pop
Memê abre clube para amigos frequentarem

Divulgação
O produtor Marcelo Mansur (dir.), o "Memê", com o saxofonista Léo Gandelman


LUIZ ANTÔNIO RYFF
da Sucursal do Rio

O produtor Marcello Mansur, o ""Memê", 34, é uma espécie de rei Midas do pop brasileiro.
Foi com ele que Lulu Santos -que patinava em 30 mil cópias- deu uma revigorada e pulou para o patamar do milhão. Fizeram a trilogia ""Assim Caminha a Humanidade", ""Eu e Memê, Memê e Eu" e ""Anti-Ciclone Tropical", que venderam mais de 2 milhões de unidades.
Foi ele também quem deu uma roupagem musical ao palavreado de Gabriel O Pensador, em ""Quebra-Cabeça", que atingiu 1,5 milhão de cópias vendidas após um disco fracassado.
Foi Memê quem os diretores da gravadora Universal procuraram para que burilasse e tornasse acessível a uma massa de consumidores os dois funkeiros fluminenses que começavam a fazer sucesso nos bailes de subúrbio do Rio. Com ele, Claudinho & Buchecha também chegaram ao milhão.
Hoje, ele abre um novo flanco. Produziu um remix de um grupo de pagode. Mexeu na timbragem e enfiou um baixo de estilo disco em ""Faça o que Eu Digo", do Negritude Jr. ""Eles estão querendo que o som de pandeiro soe diferente", afirma.
Com esse currículo, a Sony resolveu apostar no produtor para que ele gravasse seu disco.
""Memê e Eles" -referência explícita a ""Eu e Memê, Memê e Eu"- reúne uma penca de artistas, a maioria com quem já trabalhou.

Concretizar idéias
Um privilégio, se pensar que a maioria das pessoas que vão comprar seu disco não sabe nem para que serve um produtor.
""O trabalho de um produtor é conseguir concretizar a idéia de um artista, que, na maioria das vezes, pensa de forma abstrata", define.
Ele admite que, em seu álbum, o papel se inverteu. Os músicos tiveram que decodificar seus desejos musicais.
Memê definiu o repertório, baseado em regravações, que inclui ""Quero que Vá Tudo para o Inferno" (Roberto e Erasmo Carlos), ""Samurai" (Djavan), ""Índios" (Renato Russo) e ""Teletema" (Antonio Adolfo e Tibério Gaspar). Pensou nos arranjos e chamou os amigos.

Clube de amigos
Ele define o disco como um clube construído para os amigos frequentarem. Com destaque para seu ídolo maior, o tecladista, produtor e arranjador Lincoln Olivetti, que cuidou das cordas em algumas faixas.
Memê, que fez programação de bateria, teclados, sampler e efeitos, deu carteirinha de sócios para Lulu, Gabriel, Roberto Frejat, Jota Quest, Toni Garrido, Fernanda Abreu e alguns mais.
Nada mau para um produtor que se considera ""um DJ que escolhe músicas", que começou a colocar som nas festinhas aos 11 anos, para quebrar a timidez, e que ficava em casa, na frente do espelho, tentando imitar o penteado de John Travolta em ""Embalos de Sábado à Noite".
""Eu era o dono da bola. Tinha o toca-fitas, os discos e dava as festas", rememora.
O desafio do CD é contrariar o ditado de que, em casa de ferreiro, o espeto é de pau.
Para conseguir manter o nível de vendagens terá que enfrentar alguns obstáculos práticos. Como, brincando, ele mesmo disse: ""Quem vai cantar no Gugu Liberato?".


Texto Anterior: Vernissage: Tunga atrai e distrai com seus ímãs
Próximo Texto: Produtor lapida o pop
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.