São Paulo, sexta-feira, 18 de abril de 2008

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desafinou

Novo? Só na Estônia. Eu já vi esse filme...

MÁRVIO DOS ANJOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Vejo Sany Pitbull na Estônia, pelo YouTube, fazendo funk de "We Will Rock You". Ouço DJ Sandrinho no MySpace, e leio uma tour européia.
DJ Edgar mete base de "Sweet Dreams", dos Eurythmics, com batidas do funk. Até Nirvana entra na sopa. Da Ilustrada avisam-me que é um novo gênero. Eu digo que já vi esse filme, mi hermano. Lembra o "Funk do Dermite", ou melhor, The Smiths?
A batida do miami bass, que originou o pancadão, é aquilo: difícil saber se algo mais dançante existirá neste milênio, e é incrível como ela se encaixa em tudo. Ponha o Hino Nacional ao som dela, e até seu mais difícil refrão baterá bundinhas. Mas não é isso que faz um novo gênero.
Ainda que se aprecie a mixagem, o funk perde o melhor -gírias e apropriação bizarra. Tocará no Aterro, será exportado e bom em euros para os DJs. Novo? Só na Estônia.
"Ora, mas nem o miami bass era carioca", dirão os paulistas. Por isso mesmo: banhado a rock e picotado nas letras, o que resulta é música orfã da sua adoção carioca e reciclagem fácil de uma febre irresistível desde o fim dos 80. Quer saber? Prefiro o Créu.


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