São Paulo, sábado, 18 de abril de 2009

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Livro reúne artigos de Guilherme Wisnik

Crítico analisa arquitetura em título da Publifolha

MARIO GIOIA
DA REPORTAGEM LOCAL

"A arquitetura, em termos de exposição e debate públicos no Brasil, vai muito mal." Com esse diagnóstico pouco otimista, o crítico Guilherme Wisnik, 36, em "Estado Crítico - À Deriva nas Cidades", alinhava muitos de seus 54 textos a respeito da urbanidade contemporânea, lançando mão das artes plásticas, da música, do cinema e até do futebol para interpretá-la.
""Estado" é uma condição de estar, mas é também o Estado, o governo, a instituição que zela pelo bem público. "Crítico" é algo que está em situação precária, mas é também uma condição de julgamento, que aponta para uma transformação", explica ele sobre o título do livro, lançado pela Publifolha. A maior parte dos textos é de colunas selecionadas pelo crítico de arquitetura durante a publicação delas na Ilustrada, entre fevereiro de 2006 e dezembro de 2007.
Mas também há ensaios inéditos no Brasil, como o que se refere à obra de Paulo Mendes da Rocha, publicado apenas na revista espanhola "2G", além de um desdobramento de seminário proferido por Wisnik sobre o artista norte-americano Gordon Matta-Clark (1943-1978) e o arquiteto holandês Rem Koolhaas para ciclo organizado pela 28ª Bienal de São Paulo, a Bienal do Vazio. Para Wisnik, não há o que comemorar em relação ao debate público da atividade no Brasil.
"[A atividade] É muito mal compreendida e muito pouco respeitada, talvez porque as suas organizações públicas sejam tímidas e corporativas. E também porque as novas gerações estejam desmobilizadas." Esse abandono do debate público da área é refletido no baixo nível das construções destinadas à elite, como os prédios de estilo neoclássico.
"Mas o inimigo não é tanto o "estilo" neoclássico, e sim a mentalidade colonizada que se perpetua sob novas formas sociais e materiais", diz ele, que escolheu para abrir o livro a coluna intitulada "Cidade "Casa-Grande'". Para Wisnik, analisar a arquitetura de hoje deve levar em conta necessariamente o diálogo com as outras artes. "Acho que teríamos de pensar nessas convergências e diálogos cruzados.
O que vejo aparecer de melhor na música pop contemporânea, como o Radiohead, carrega um sentido antilírico que nos prende na superfície da canção sem nos dar a possibilidade de um mergulho vertical nela. Essa exterioridade da forma (no caso, da canção) é uma exterioridade mais sensual, velada, como a dos "véus" da arquitetura de hoje, isto é, como uma fachada do Sanaa [escritório japonês]."


ESTADO CRÍTICO - À DERIVA NAS CIDADES

Autor: Guilherme Wisnik
Editora: Publifolha
Quanto: R$ 39,90 (280 págs.)



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