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Livro reúne artigos de Guilherme Wisnik
Crítico analisa arquitetura em título da Publifolha
MARIO GIOIA
DA REPORTAGEM LOCAL
"A arquitetura, em termos de
exposição e debate públicos no
Brasil, vai muito mal." Com esse diagnóstico pouco otimista,
o crítico Guilherme Wisnik, 36,
em "Estado Crítico - À Deriva
nas Cidades", alinhava muitos
de seus 54 textos a respeito da
urbanidade contemporânea,
lançando mão das artes plásticas, da música, do cinema e até
do futebol para interpretá-la.
""Estado" é uma condição de
estar, mas é também o Estado,
o governo, a instituição que zela pelo bem público. "Crítico" é
algo que está em situação precária, mas é também uma condição de julgamento, que aponta para uma transformação",
explica ele sobre o título do livro, lançado pela Publifolha.
A maior parte dos textos é de
colunas selecionadas pelo crítico de arquitetura durante a publicação delas na Ilustrada,
entre fevereiro de 2006 e dezembro de 2007.
Mas também há ensaios inéditos no Brasil, como o que se
refere à obra de Paulo Mendes
da Rocha, publicado apenas na
revista espanhola "2G", além
de um desdobramento de seminário proferido por Wisnik
sobre o artista norte-americano Gordon Matta-Clark (1943-1978) e o arquiteto holandês
Rem Koolhaas para ciclo organizado pela 28ª Bienal de São
Paulo, a Bienal do Vazio.
Para Wisnik, não há o que comemorar em relação ao debate
público da atividade no Brasil.
"[A atividade] É muito mal
compreendida e muito pouco
respeitada, talvez porque as
suas organizações públicas sejam tímidas e corporativas. E
também porque as novas gerações estejam desmobilizadas."
Esse abandono do debate público da área é refletido no baixo nível das construções destinadas à elite, como os prédios
de estilo neoclássico.
"Mas o
inimigo não é tanto o "estilo"
neoclássico, e sim a mentalidade colonizada que se perpetua
sob novas formas sociais e materiais", diz ele, que escolheu
para abrir o livro a coluna intitulada "Cidade "Casa-Grande'".
Para Wisnik, analisar a arquitetura de hoje deve levar em
conta necessariamente o diálogo com as outras artes.
"Acho que teríamos de pensar nessas convergências e diálogos cruzados.
O que vejo aparecer de melhor na música pop
contemporânea, como o Radiohead, carrega um sentido antilírico que nos prende na superfície da canção sem nos dar a
possibilidade de um mergulho
vertical nela. Essa exterioridade da forma (no caso, da canção) é uma exterioridade mais
sensual, velada, como a dos
"véus" da arquitetura de hoje,
isto é, como uma fachada do
Sanaa [escritório japonês]."
ESTADO CRÍTICO - À DERIVA
NAS CIDADES
Autor: Guilherme Wisnik
Editora: Publifolha
Quanto: R$ 39,90 (280 págs.)
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