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Crítica
"Baixio das Bestas" não rejeita riscos da aspereza
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
"Caro Diário" (TC Cult,
16h15; 12 anos), de Nanni Moretti, seria um bom filme para
hoje. Mas quem se atreverá a
tirar a família do futebol na
época das finais estaduais?
É melhor o cinéfilo chutar o
balde e investir na madrugada;
às 2h, o Canal Brasil passa
"Baixio das Bestas" (18 anos).
Cláudio Assis é um diretor diferente dos seus colegas pernambucanos, que têm mostrado um Nordeste modernizado,
com motos e sem jegues.
Para Assis, a permanência é
mais relevante do que as transformações, e em "Baixio" (como em "Amarelo Manga") a
permanência do primitivismo,
como hábitos pessoais e também como relações culturais e
econômicas, é o que prevalece.
Temos aqui um exemplo de
cinema que não rejeita os riscos da aspereza: entre outras,
nesse mundo agreste, é de um
avô a explorar sexualmente a
própria neta que se trata.
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