São Paulo, segunda-feira, 18 de abril de 2011

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Organização potencializa espetáculo no Coachella

Público heterogêneo assiste a 250 horas de shows em festival nos EUA

Arcade Fire se destaca entre as mais de 180 atrações que subiram ao palco, entre as quais Strokes e PJ Harvey

LUCIANA COELHO
EM INDIO (EUA)

É 1h da manhã. O dia em Indio, no deserto californiano, teve 35ºC, sol forte, umidade a 5%, e, para quem não acampa, horas de estrada. Teve, também, 84 horas de música. Multiplique por três e eis o Coachella, onde a exaustão é diretamente proporcional à alegria dos cerca de 90 mil que deixam o campo fazendo planos de voltar.
Há 12 anos essa maratona que oferece ao público mais de 180 bandas, músico e DJs em sete palcos toma o campo de polo Empire e muda por três dias a cara da região de Palm Springs -na maior parte do ano um balneário para aposentados fissurados em golfe e uma ou outra família.
Na versão encerrada ontem e marcada por um show memorável do Arcade Fire no sábado, não foi diferente.
Ao ver qualquer pessoa destoante da paisagem costumeira, vendedores, lojistas, garçons e moradores repetem a pergunta retórica: "Você está aqui para o festival, não? Aproveite muito!"
Não é difícil seguir o conselho, mas bom planejamento e truques para lidar com o calor são fundamentais. Preparo psicológico também -como engolir as mais de 250 horas de atração de uma vez é impossível, há momentos coração-partido, como ontem, diante da escolha de ver PJ Harvey ou Strokes.
Os trabalhos começam por volta das 11h, sol a pino. Nem todo mundo chega cedo -embora esse seja o meio recomendado para evitar trânsito e conhecer as bandas mais novas, a manhã e o início da tarde são dominados pelo pessoal de 20 e poucos.
Conforme o sol vai baixando, a faixa etária do público vai subindo, bem como a fama das atrações.

INFRAESTRUTURA
Porque o espaço é amplo, o fluxo de chegada é pulverizado e a infraestrutura dá conta do número de espectadores (banheiros químicos, posto médico, água e comida que vai de churrasco grego a açaí), as filas só surgem na saída, quando se pode levar 40 minutos para sair da vaga. É o mesmo que se leva nos cerca de 60 km até Palm Springs, onde está boa parte dos hotéis.
O público é diverso, com meninas de biquíni e bota desfilando diante de famílias com carrinho de bebê; hipsters e tiozões com a camiseta da primeira edição, de 1999, dançando lado a lado; patricinhas de salto agulha disputando espaço com adolescentes de corpo pintado ou cocares na cabeça.
Ingleses, canadenses, mexicanos, europeus e, cada vez mais, brasileiros dividem o enorme gramado.
Com tanta coisa para ver, não existe empurra-empurra nem a chatíssima espera em pé por horas para garantir uma visão do palco.
Muita gente assiste às atrações sentado no imenso gramado, ou no "beer garden" -ao todo há quatro desses espaços cercados para venda de bebidas, e só dentro deles é possível consumir álcool (nada de cerveja diante do palco, pois).
Existe, isso sim, um clima de camaradagem, de troca de informações sobre as bandas, de expectativa controlada, de alegria compartilhada. Como se o mundo não existisse fora dali.


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