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LIVRO/LANÇAMENTO
"A MAIS BELA HISTÓRIA DO HOMEM"
Série desvenda questões antropológicas
Obra joga luz sobre o passado e esboça caminhos para o futuro
CÁSSIO STARLING CARLOS
EDITOR DO FOLHATEEN
A idéia é simples. Reúna um
grupo de primeiro time de
cientistas e pesquisadores diante
de entrevistadores afiados e dispostos a não perguntar bobagens.
O resultado é a série "A Mais Bela
História", iniciada na França em
1997 e cujo segundo volume acaba de ser lançado no Brasil.
Cada título da série propõe um
recorte relativo a grandes problemas naturais e antropológicos e
reúne pesquisadores capazes de
enfrentar as questões evitando armadilhas demasiado conceituais
que espantem o público leigo. Brilha em todos a capacidade argumentativa e, mais, o poder narrativo dos cientistas, quando postos
a uma distância segura da parafernália dos laboratórios e das bibliotecas. O leitor ganha então títulos de divulgação científica com
rigor e sabor.
Em "A Mais Bela História do
Homem", segundo título da série,
Dominique Simonnet entrevista
o geneticista André Langaney,
Jean Clottes, especialista em grutas ornamentais, e Jean Guilaine,
professor do Collège de France,
que passou a vida debruçado sobre os mistérios do período neolítico e as transformações sofridas
pela humanidade ao longo do
processo de sedentarização das
populações.
No primeiro título, "A Mais Bela
História de Deus", lançado no
Brasil em 2001, o assiriólogo Jean
Bottéro responde às questões sobre a emergência da idéia religiosa nas culturas do Oriente Próximo antigo e o rabino e filósofo
Marc-Allain Ouaknin explora as
origens e expansões do monoteísmo a partir de estudos sobre o
Antigo Testamento.
No próximo volume da série,
intitulado "A Mais Bela História
do Mundo", a ser lançado em julho, os entrevistados são o astrofísico Hubert Reeves, que esclarece
as hipóteses acerca das origens do
universo, o ex-diretor do Instituto
Pasteur Joël de Rosnay, que explica o estado das pesquisas sobre as
origens da vida na Terra, e o paleontólogo Yves Coppens, descobridor do australopiteco Lucy na
África, que explora as variantes
em torno do surgimento dos primeiros humanos.
No volume recém-lançado, encontramos nossos antepassados
envolvidos na conquista de três
grandes blocos constitutivos da
própria idéia de humanidade e de
sua natureza, a saber: o território,
o imaginário e o poder.
No primeiro, Langaney descreve todo o processo de humanização da Terra a partir da suposta
origem dos hominídeos na África,
tomando por base os estudos genéticos de populações. De quebra,
o leitor recebe informações detalhadas dos métodos e técnicas
empregados para decifrar enigmas a partir de testemunhos bastante rarefeitos.
No segundo bloco, Clottes desmonta os significados das pinturas rupestres e descarta hipóteses
ainda difundidas, como a que creditava uma crença mágica na arte
das cavernas em relação à caça.
No último bloco, talvez o mais
difícil, Guilaine esclarece as hipóteses sobre a "invenção" da agricultura, a fixação em territórios e
a consequente emergência de estruturas sociais, a distribuição do
poder e o início da divisão do trabalho. São histórias que, além de
belas, interessam a todos, considerando que através delas entendemos de onde viemos e conseguimos esboçar os caminhos para
onde vamos.
A Mais Bela História do Homem
Autores: André Langaney, Jean Clottes,
Jean Guilaine e Dominique Simonnet
Tradutora: Maria Helena Kühner
Editora: Difel Quanto: R$ 22 (190 págs.)
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