São Paulo, sábado, 18 de maio de 2002

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LIVRO/LANÇAMENTO

"A MAIS BELA HISTÓRIA DO HOMEM"

Série desvenda questões antropológicas

Obra joga luz sobre o passado e esboça caminhos para o futuro

CÁSSIO STARLING CARLOS
EDITOR DO FOLHATEEN

A idéia é simples. Reúna um grupo de primeiro time de cientistas e pesquisadores diante de entrevistadores afiados e dispostos a não perguntar bobagens. O resultado é a série "A Mais Bela História", iniciada na França em 1997 e cujo segundo volume acaba de ser lançado no Brasil.
Cada título da série propõe um recorte relativo a grandes problemas naturais e antropológicos e reúne pesquisadores capazes de enfrentar as questões evitando armadilhas demasiado conceituais que espantem o público leigo. Brilha em todos a capacidade argumentativa e, mais, o poder narrativo dos cientistas, quando postos a uma distância segura da parafernália dos laboratórios e das bibliotecas. O leitor ganha então títulos de divulgação científica com rigor e sabor.
Em "A Mais Bela História do Homem", segundo título da série, Dominique Simonnet entrevista o geneticista André Langaney, Jean Clottes, especialista em grutas ornamentais, e Jean Guilaine, professor do Collège de France, que passou a vida debruçado sobre os mistérios do período neolítico e as transformações sofridas pela humanidade ao longo do processo de sedentarização das populações.
No primeiro título, "A Mais Bela História de Deus", lançado no Brasil em 2001, o assiriólogo Jean Bottéro responde às questões sobre a emergência da idéia religiosa nas culturas do Oriente Próximo antigo e o rabino e filósofo Marc-Allain Ouaknin explora as origens e expansões do monoteísmo a partir de estudos sobre o Antigo Testamento.
No próximo volume da série, intitulado "A Mais Bela História do Mundo", a ser lançado em julho, os entrevistados são o astrofísico Hubert Reeves, que esclarece as hipóteses acerca das origens do universo, o ex-diretor do Instituto Pasteur Joël de Rosnay, que explica o estado das pesquisas sobre as origens da vida na Terra, e o paleontólogo Yves Coppens, descobridor do australopiteco Lucy na África, que explora as variantes em torno do surgimento dos primeiros humanos.
No volume recém-lançado, encontramos nossos antepassados envolvidos na conquista de três grandes blocos constitutivos da própria idéia de humanidade e de sua natureza, a saber: o território, o imaginário e o poder.
No primeiro, Langaney descreve todo o processo de humanização da Terra a partir da suposta origem dos hominídeos na África, tomando por base os estudos genéticos de populações. De quebra, o leitor recebe informações detalhadas dos métodos e técnicas empregados para decifrar enigmas a partir de testemunhos bastante rarefeitos.
No segundo bloco, Clottes desmonta os significados das pinturas rupestres e descarta hipóteses ainda difundidas, como a que creditava uma crença mágica na arte das cavernas em relação à caça.
No último bloco, talvez o mais difícil, Guilaine esclarece as hipóteses sobre a "invenção" da agricultura, a fixação em territórios e a consequente emergência de estruturas sociais, a distribuição do poder e o início da divisão do trabalho. São histórias que, além de belas, interessam a todos, considerando que através delas entendemos de onde viemos e conseguimos esboçar os caminhos para onde vamos.


A Mais Bela História do Homem     
Autores: André Langaney, Jean Clottes, Jean Guilaine e Dominique Simonnet
Tradutora: Maria Helena Kühner
Editora: Difel Quanto: R$ 22 (190 págs.)



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