São Paulo, quarta-feira, 18 de maio de 2005

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Hayden Christensen comenta a transformaçã o de adolescente rebelde em Darth Vader e o final da saga "Guerra nas Estrelas", que estréia hoje

Vestido para MATAR

IAN SPELLING
DO "NEW YORK TIMES SYNDICATE"

Darth Vader combina com ele.
O canadense Hayden Christensen começou sua queda para o lado escuro em "Star Wars: O Ataque dos Clones" (02) e completa o percurso em "Star Wars: A Vingança dos Sith", com a metamorfose de Anakin Skywalker no símbolo do mal, Darth Vader, de roupas negras e respiração ofegante.
Vestir o figurino de Vader, com a máscara incluída, pela primeira vez, foi... "Orgástico", diz Christensen. "Foi tudo o que se poderia imaginar. Foi a realização de um sonho de menino. Avassalador."
"É difícil colocar em palavras o que senti, porque foi uma sensação muito nova para mim", prossegue o jovem ator. "Foi um sentimento que misturava excitação e poder. Sentir-se inteiramente encerrado dentro de Darth Vader é algo que confere enorme liberdade a você. Colocar-se atrás de uma máscara já confere grande liberdade, mas atuar por trás de um personagem inteiramente encapsulado foi realmente legal."
Christensen enfrenta um desafio nada desprezível no "Episódio 3 - A Vingança dos Sith", que toma os cinemas brasileiros -e do mundo- de assalto a partir da madrugada de hoje.
Ele transformará Anakin de adolescente rebelde, cuja mãe morreu em seus braços, em Darth Vader, o sombrio senhor dos Sith e implementador impiedoso do esquema arquitetado pelo imperador Palpatine (Ian McDiarmid) para destruir todos os jedis, incluindo seu mentor, Obi-Wan Kenobi (Ewan McGregor).
Em entrevista por telefone de um hotel em Sydney, na Austrália, Christensen afirma que quem o ajudou a dar conta do recado foi o roteirista e diretor da saga, George Lucas.
"Meu trabalho se tornou bem mais fácil pelo fato de o roteiro ter sido mapeado de maneira inteligente, especificamente no que diz respeito à descida de Anakin para o lado escuro", diz o ator. "Você aparece para trabalhar, e George já tem uma idéia muito concreta sobre como tudo vai parecer e como tudo vai se manifestar."
Ele diz que o que tinha de fazer era aparecer para trabalhar e ajudar George Lucas a tentar transformar essa visão em realidade. "Não foi tão difícil quanto se possa imaginar. Mas eu era uma pessoa disposta a explorar as opções e que não estava comprometida com um tipo de ideal moral", prossegue o ator. "Esse mal do qual falamos, na medida em que é uma progressão gradual, consiste em Anakin fechar um pacto com o demônio, como George gosta de dizer. A partir do momento em que meu personagem e Palpatine chegam a um entendimento, a coisa realmente deslancha."

Ataque
Em "A Vingança dos Sith", Obi-Wan Kenobi, durante um longo duelo com espadas de luz, fere Anakin a tal ponto que ele precisa de implantes de ciborgue e do equipamento de Darth Vader para poder sobreviver. Mas os críticos de cinema e fãs da série "Star Wars" atacaram Christensen e Lucas com fúria semelhante na esteira de "Ataque dos Clones", não tendo gostado da performance do ator nem do roteiro e da direção do cineasta.
"Para ser franco, eu mais ou menos já sabia qual seria a reação quando li o roteiro pela primeira vez, porque Anakin era um adolescente irritante", diz Christensen, que completou 24 anos em 19 de abril. "Era assim que o roteiro o apresentava, e era assim que George queria que eu o representasse, porque era assim que o personagem precisava ser. Então eu não tinha problemas com isso, mas sabia que seria criticado."
"Só espero que, quando as pessoas assistirem ao filme, tenham um pouco mais de condescendência com características que elas tiveram dificuldade em aceitar em alguns dos personagens dos últimos dois filmes", diz Christensen. "Em todo caso, para mim, nunca se tratou de um concurso de popularidade. Eu quis concretizar plenamente o personagem que George criou e acho que consegui fazê-lo."
"Este filme realmente volta aos fundamentos. Ele foi reduzido a temas muito simples, mas épicos. É a história de Anakin se transformando em Darth Vader -muito simples, sabe como? É a história de uma república que vira um império. O resultado é que você passa a apreciar melhor os dois filmes anteriores", explica o ator.
"Toda essa ambientação era necessária para que essa transição política realmente fizesse sentido, e ela é uma parte importante do episódio 3", conta Christensen. "O filme faz um bom trabalho de amarração de tudo o que gostamos na trilogia original. Ele tem uma conexão muito linear com os filmes anteriores e faz a saga inteira ser sentida como um todo."
O lançamento de "A Vingança dos Sith" marca o final tanto dessa parte da saga "Star Wars" quanto do envolvimento de Hayden Christensen com ela. No momento, ele filma "The Decameron" (o decamerão), um drama/ aventura/romance de época co-estrelado por Mischa Barton, do seriado "The O.C.", e prepara vários outros projetos através de sua própria produtora.
É um prato cheio de trabalho para um jovem ator que atuava num seriado de televisão canadense bem pouco visto quando foi tirado da relativa obscuridade para representar o personagem de Anakin Skywalker em "Ataque dos Clones" (2002).
Mas Christensen sabe que deve sua boa sorte a "Star Wars". "O fato de tudo isso estar acabando traz um sentimento agridoce. "Star Wars" foi uma parte enorme dos últimos quatro anos de minha vida. Os filmes transformaram minha vida drasticamente nos últimos quatro anos, e é difícil me acostumar com duas idéias: primeiro, que eu fiz parte deles, e segundo, que eles estão chegando ao fim. "É tudo um pouco estranho. Mas foi a grande experiência de minha vida", conclui o ator.


Tradução Clara Allain

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