São Paulo, quarta-feira, 18 de maio de 2005

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CINEMA/CRÍTICA

"Guerra nas Estrelas" chega ao fim com episódio sombrio

DO ENVIADO A CANNES

Quando se vai escrever sobre "A Vingança dos Sith", de George Lucas, é preciso ter em mente o significado de "Guerra nas Estrelas" para a história do cinema. Faz muito tempo que tudo começou, e talvez seja bom relembrar o impacto provocado pelo primeiro filme, em 1977.
Naquela época, o cinema hollywoodiano caminhava no marasmo e perdia paulatinamente importância nos mercados internacionais. Com o sucesso extraordinário de "Guerra nas Estrelas", Lucas revolucionou a produção norte-americana, revigorando-a. Ele introduziu os filmes no universo dos efeitos visuais complexos e do marketing global e agressivo. Graças a ele (e a Steven Spielberg, não esqueçamos), Hollywood reconquistou a hegemonia.
Até 1977, Lucas tinha realizado apenas dois longas: o formalista "THX 1138" (1970) e o nostálgico "American Graffiti" (1973). Sua carreira não começou em Hollywood, mas na USC Escola de Cinema e Televisão, na Califórnia.
No Festival de Cannes, onde ocorreu a estréia mundial de "A Vingança dos Sith", ele contou que pretendia fazer filmes experimentais e não tinha interesse por dramas. "Eu estava interessado em filmes não-narrativos e sem personagens, em situações puramente cinemáticas. Foi meu mentor, Francis Ford Coppola, que me convenceu a enveredar pelo cinema dramático", disse.
Esse gosto pela exploração formalista da imagem do cinema comparece em "THX" e não será esquecido em "Guerra nas Estrelas". Isso explica por que Lucas -este cinéfilo afiado, levemente misantropo, de imaginário um tanto adolescente- é melhor diretor de foguetes, luzes e robôs do que é de atores. As situações puramente cinematográficas e visuais tendem a interessá-lo mais do que a teatralização. O que não o impediu de transformar "Guerra nas Estrelas" na maior mitologia da indústria de entretenimento.
"A Vingança dos Sith" leva ao ápice a elaboração visual da saga, com efeitos impressionantes. Mas é também o mais sombrio e dramático de toda a série, pois o que interessa a Lucas, agora, é expor o dilema moral de Anakin Skywalker (Hayden Christensen) e revelar como "Guerra nas Estrelas" é uma longa tragédia de parricídio.
O novo filme conta como Anakin, jovem e promissor cavaleiro jedi, troca de lado e se alinha com aqueles que eram os seus inimigos, os Sith. Na mitologia da saga, significa que ele passou do lado do bem para o do mal -transformando-se em Darth Vader. Ao mesmo tempo o filme descreve um golpe de Estado, em que a república dos jedi é destruída e é implantado o império dos Sith.
O filme mostra ainda o nascimento dos filhos de Anakin, Luke e Leia, que serão criados longe do pai, por cavaleiros jedi. No futuro da saga, Luke, em nome do bem, enfrentará e destruirá Vader, sem saber que é seu filho.
"A Vingança dos Sith" começa com uma cena de batalha memorável e termina com Anakin recebendo a máscara negra de Darth Vader. Ou seja, não termina num "happy end", mas num impasse, com a vitória do mal. É útil lembrar que o final feliz da saga "Star Wars" não está no filme presente nem estará num filme futuro, mas ficou lá atrás, no velho filme de 1983. (ALCINO LEITE NETO)


Star Wars: Episódio 3 - A Vingança dos Sith
Star Wars: Episode III - Revenge of the Sith
   
Direção: George Lucas
Produção: EUA, 2005
Com: Ewan McGregor, Natalie Portman
Quando: a partir de hoje nos cines Kinoplex Itaim, Villa-Lobos e circuito


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