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CINEMA/CRÍTICA
"Guerra nas Estrelas" chega ao fim com episódio sombrio
DO ENVIADO A CANNES
Quando se vai escrever sobre
"A Vingança dos Sith", de
George Lucas, é preciso ter em
mente o significado de "Guerra
nas Estrelas" para a história do cinema. Faz muito tempo que tudo
começou, e talvez seja bom relembrar o impacto provocado pelo
primeiro filme, em 1977.
Naquela época, o cinema hollywoodiano caminhava no marasmo e perdia paulatinamente importância nos mercados internacionais. Com o sucesso extraordinário de "Guerra nas Estrelas",
Lucas revolucionou a produção
norte-americana, revigorando-a.
Ele introduziu os filmes no universo dos efeitos visuais complexos e do marketing global e agressivo. Graças a ele (e a Steven Spielberg, não esqueçamos), Hollywood reconquistou a hegemonia.
Até 1977, Lucas tinha realizado
apenas dois longas: o formalista
"THX 1138" (1970) e o nostálgico
"American Graffiti" (1973). Sua
carreira não começou em Hollywood, mas na USC Escola de Cinema e Televisão, na Califórnia.
No Festival de Cannes, onde
ocorreu a estréia mundial de "A
Vingança dos Sith", ele contou
que pretendia fazer filmes experimentais e não tinha interesse por
dramas. "Eu estava interessado
em filmes não-narrativos e sem
personagens, em situações puramente cinemáticas. Foi meu mentor, Francis Ford Coppola, que
me convenceu a enveredar pelo
cinema dramático", disse.
Esse gosto pela exploração formalista da imagem do cinema
comparece em "THX" e não será
esquecido em "Guerra nas Estrelas". Isso explica por que Lucas
-este cinéfilo afiado, levemente
misantropo, de imaginário um
tanto adolescente- é melhor diretor de foguetes, luzes e robôs do
que é de atores. As situações puramente cinematográficas e visuais
tendem a interessá-lo mais do que
a teatralização. O que não o impediu de transformar "Guerra nas
Estrelas" na maior mitologia da
indústria de entretenimento.
"A Vingança dos Sith" leva ao
ápice a elaboração visual da saga,
com efeitos impressionantes. Mas
é também o mais sombrio e dramático de toda a série, pois o que
interessa a Lucas, agora, é expor o
dilema moral de Anakin Skywalker (Hayden Christensen) e revelar como "Guerra nas Estrelas" é
uma longa tragédia de parricídio.
O novo filme conta como Anakin, jovem e promissor cavaleiro
jedi, troca de lado e se alinha com
aqueles que eram os seus inimigos, os Sith. Na mitologia da saga,
significa que ele passou do lado
do bem para o do mal -transformando-se em Darth Vader. Ao
mesmo tempo o filme descreve
um golpe de Estado, em que a república dos jedi é destruída e é
implantado o império dos Sith.
O filme mostra ainda o nascimento dos filhos de Anakin, Luke
e Leia, que serão criados longe do
pai, por cavaleiros jedi. No futuro
da saga, Luke, em nome do bem,
enfrentará e destruirá Vader, sem
saber que é seu filho.
"A Vingança dos Sith" começa
com uma cena de batalha memorável e termina com Anakin recebendo a máscara negra de Darth
Vader. Ou seja, não termina num
"happy end", mas num impasse,
com a vitória do mal. É útil lembrar que o final feliz da saga "Star
Wars" não está no filme presente
nem estará num filme futuro, mas
ficou lá atrás, no velho filme de
1983.
(ALCINO LEITE NETO)
Star Wars: Episódio 3 - A Vingança dos Sith
Star Wars: Episode III - Revenge of the Sith
Direção: George Lucas
Produção: EUA, 2005
Com: Ewan McGregor, Natalie Portman
Quando: a partir de hoje nos cines
Kinoplex Itaim, Villa-Lobos e circuito
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