INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA

Quem acha que a clareza é virtude que não pode faltar a um filme deve evitar "À Beira do Abismo" (TCM 1h35). Mas esse perderá uma bela aventura de Philip Marlowe (Humphrey Bogart), talvez o melhor encontro deste com Lauren Bacall, um roteiro de Leigh Brackett, William Faulkner e Jules Furthman etc.
Mais do que tudo isso, perderá a chance de descobrir que, por trás de um grande mistério, existem homens e que estes permanecem insondáveis.
É disso, afinal, que nos fala esse filme de Howard Hawks: de gestos, olhares, objetos (e, claro, crimes) que desenham uma trama labiríntica de desejos, afetos (e, claro, mortes). Não se trata mais de descobrir o que é a verdade -isso é impossível. Mas, mais modestamente, qual olhar é o verdadeiro.


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