São Paulo, segunda-feira, 18 de maio de 2009

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62º Festival de Cannes

Ang Lee revive inocência de Woodstock

Celebrado por "O Segredo de Brokeback Mountain", diretor apresentou seu novo filme anteontem no festival francês

Para o cineasta, "Taking Woodstock" é "uma comédia sem cinismo" sobre o evento que durou três dias em 1969 e reuniu 500 mil pessoas

SILVANA ARANTES
ENVIADA ESPECIAL A CANNES

"Os últimos momentos de inocência de uma geração" é como o diretor taiwanês radicado nos EUA Ang Lee encara o festival de Woodstock, que, durante três dias de 1969, reuniu nos EUA 500 mil pessoas, dispostas a celebrar o rock'n'roll e o lema "faça amor, não faça guerra", enquanto o país atacava o Vietnã.
Foi nesse espírito de uma época que Lee buscou o tema para filmar "uma comédia sem cinismo", segundo diz, depois de abordar tramas trágicas como as de "Desejo e Perigo" (em cartaz no Brasil) e "O Segredo de Brokeback Mountain".
"Taking Woodstock" (cujo sentido em inglês é "acolhendo woodstock" e ainda sem título definido para a estreia no Brasil, em 18/9) compete pela Palma de Ouro do 62º Festival de Cannes, que lhe reservou a cobiçada noite do último sábado para a projeção oficial.
Antes, o filme foi exibido à imprensa, a quem Lee confessou estar "ansioso" quanto à reação da plateia na sessão de gala, mas procurou afastar a expectativa de prêmios.
"Não sei se eles têm alguma coisa de ouro neste festival para uma comédia", disse, depois que uma jornalista chinesa citou sua coleção de Leões de Ouro em Veneza (dois), Ursos de Ouro em Berlim (dois) e Oscar (de direção, por "O Segredo de Brokeback Mountain").
O tom cômico de "Taking Woodstock" é dado pelas peripécias de seu protagonista, Elliot Tiber, autor do livro homônimo no qual o filme se baseia, mas, sobretudo, pela personagem de sua mãe, fabulosamente vivida por Imelda Staunton. O comediante Demetri Martin faz o papel de Elliot, que, na tentativa de salvar da falência o hotel de seus pais, acaba atraindo para lá o festival de Woodstock.
Lee contou que escolheu Eric Gautier para ser o diretor de fotografia do filme, depois de ver seu trabalho em "Diários de Motocicleta", de Walter Salles, e "Na Natureza Selvagem", de Sean Penn. "Eu precisava de alguém capaz de filmar velozmente e com espírito livre."
Um repórter do programa de TV brasileiro "CQC" fez uma pergunta jocosa sobre a abordagem da homossexualidade nos filmes de Lee. O diretor soube encontrar uma resposta elegante. Disse que procura retratar seus personagens com a complexidade própria dos seres humanos, sem rotulá-los.
"Sempre fui um estrangeiro, em todo lugar, mesmo em Taiwan. Detesto ser categorizado. Quero me ver como sou, como um indivíduo, em sua complexidade e em sua simplicidade".
Em "Taking Woodstock", Elliot pergunta a um personagem de sexualidade ambígua se seus pais "sabem". Ele(a) responde: "Eu sei o que sou. Você não acha que isso torna as coisas mais fáceis?".


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