|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
MÚSICA
Manics iniciam Fidel Castro no rock'n'roll
THIAGO NEY
DA REDAÇÃO
"O show de hoje à noite pode ser
um pouco alto." "Mais alto do que
a guerra?"
O diálogo aconteceu entre
Nicky Wire, baixista e porta-voz
da banda galesa Manic Street
Preachers (na ativa desde 1991), e
o líder cubano Fidel Castro (no
poder de seu país desde 1959), em
fevereiro de 2001, durante um histórico show que o grupo fez na
ilha caribenha. E depois transformado em documentário, "Our
Manics in Havana", que o Eurochannel exibe hoje.
Foi a primeira vez que uma
grande banda de rock do Ocidente tocou em Cuba desde que Fidel
assumiu o poder (em 1972, o cantor e compositor cubano Silvio
Rodrigues foi preso por protestar
contra o governo, e o rock foi banido de Cuba, voltando a ser tocado nas rádios em 1979). No filme,
os três "manics" aparecem passeando de carro pela ilha, em curiosas entrevistas a rádios e se
apresentando no Karl Marx Theatre, para os 5.000 cubanos que pagaram, em média, menos de R$ 1
pelo ingresso -e para Fidel Castro, que também estava lá; foi seu
primeiro show de rock.
Mais do que um documento "ao
vivo" do MSP, "Our Manics..." expõe as contradições dessa importante banda do rock dos anos 90,
autora de canções como "A Design for Life" e "Faster".
Os Manics tocam "Baby Elián",
canção-protesto inspirada em caso ocorrido em 2000, do menino
cubano de cinco anos que sobreviveu a um naufrágio e se tornou
alvo de uma disputa judicial envolvendo os EUA e Cuba. Em outro momento, Nicky Wire desfila
por Havana, em carro conversível, acenando para o público e
usando óculos Versace.
Mas se Radiohead, Naomi
Klein, Michael Moore usam e
abusam do direito de serem contraditórios, por que negar isso aos
Manics?
OUR MANICS IN HAVANA. Quando:
hoje, às 15h, no canal pago Eurochannel;
reapresentações: amanhã, às 9h; 29/6, às
6h e às 16h.
Texto Anterior: Cinema: John Malkovich vai fingir ser Kubrick em filme Próximo Texto: Marcelo Coelho: A sobrevivência da alegria de Ungaretti Índice
|