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São Paulo, quarta-feira, 18 de junho de 2003

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MÚSICA

Manics iniciam Fidel Castro no rock'n'roll

THIAGO NEY
DA REDAÇÃO

"O show de hoje à noite pode ser um pouco alto." "Mais alto do que a guerra?"
O diálogo aconteceu entre Nicky Wire, baixista e porta-voz da banda galesa Manic Street Preachers (na ativa desde 1991), e o líder cubano Fidel Castro (no poder de seu país desde 1959), em fevereiro de 2001, durante um histórico show que o grupo fez na ilha caribenha. E depois transformado em documentário, "Our Manics in Havana", que o Eurochannel exibe hoje.
Foi a primeira vez que uma grande banda de rock do Ocidente tocou em Cuba desde que Fidel assumiu o poder (em 1972, o cantor e compositor cubano Silvio Rodrigues foi preso por protestar contra o governo, e o rock foi banido de Cuba, voltando a ser tocado nas rádios em 1979). No filme, os três "manics" aparecem passeando de carro pela ilha, em curiosas entrevistas a rádios e se apresentando no Karl Marx Theatre, para os 5.000 cubanos que pagaram, em média, menos de R$ 1 pelo ingresso -e para Fidel Castro, que também estava lá; foi seu primeiro show de rock.
Mais do que um documento "ao vivo" do MSP, "Our Manics..." expõe as contradições dessa importante banda do rock dos anos 90, autora de canções como "A Design for Life" e "Faster".
Os Manics tocam "Baby Elián", canção-protesto inspirada em caso ocorrido em 2000, do menino cubano de cinco anos que sobreviveu a um naufrágio e se tornou alvo de uma disputa judicial envolvendo os EUA e Cuba. Em outro momento, Nicky Wire desfila por Havana, em carro conversível, acenando para o público e usando óculos Versace.
Mas se Radiohead, Naomi Klein, Michael Moore usam e abusam do direito de serem contraditórios, por que negar isso aos Manics?


OUR MANICS IN HAVANA. Quando: hoje, às 15h, no canal pago Eurochannel; reapresentações: amanhã, às 9h; 29/6, às 6h e às 16h.


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