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Suavidade dá o tom do segundo dia de desfiles da SPFW
Zoomp e Patachou são os destaques na passarela; Ellus 2nd Floor, que reúne jovens estilistas, faz sua estréia no evento
ERIKA PALOMINO
COLUNISTA DA FOLHA
JACKSON ARAUJO
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Começou morno o segundo dia
da São Paulo Fashion Week, ontem. O evento, que mostra 27 desfiles para o verão 2005, trouxe no
início da tarde a marca da estilista
Terezinha Santos para sua Patachou, que deu o tom suave que se
estenderia até o início da noite.
Forte na malharia, ela decora
suas novas tramas com cristais
para o verão. A coleção traz volumes suaves nos vestidos godês a
partir do busto -a nova mania
das passarelas da SPFW-, babados e saias de perfume boêmio.
Ao final, a mistura de estampas
domina, reforçando o romantismo e o frescor da coleção. Entre os
materiais, a novidade fica com o
índigo bem leve, na calça enrolada pelo joelho, e com jeans branco
na jaquetinha de Yasmin Brunet.
A cartela de cores começa nos
tons de pele, evolui para os rosas,
chega ao vermelho, para finalmente explodir em estampas que
se misturam, também uma das
tendências mais fortes para o verão 2005.
Jum Nakao viria a seguir, fazendo seu público esperar 45 minutos para ver uma performance de
moda, com as modelos de malhas
inteiriças pretas vestindo roupas
de papel. As formas são bem
construídas e certamente devem
ter dado trabalho para fazer. No
final, as modelos rasgaram as roupas. Este não é um bom momento
para abordagens conceituais e
manifestos, muito menos na
SPFW, um evento focado no mercado e que orienta o varejo. Numa
galeria de arte ou galpão, tudo
bem. Jum tem muito o que mostrar, como estilista de roupas de
verdade. Seu protesto contra "o
sistema" parece fora de hora e de
lugar. Roupas, por favor.
A Zoomp veio em seguida, com
coleção inspirada no filme "A Lagoa Azul" e na imagem da atriz
Brooke Shields. "Não tinha tido
oportunidade de ver uma coleção
tão harmoniosa nesses 30 anos de
marca", diz Renato Kherlakian,
dono da Zoomp. Tendo Liliane
Ferrarezi abrindo o desfile, as meninas interpretaram com suavidade uma cartela feita de brancos,
muitos azuis e também muitos
neutros (o matiz perolado remetia às bodas de pérola da grife,
seus 30 anos de existência).
Tem muito produto, a Zoomp, e
a beleza é comercial e acessível.
Sem maiores arroubos de criatividade, os momentos mais expressivos do verão da marca estão nos
paletozinhos usados com shortinhos, na nova calça jeans, bem lavada e bem confortável; mais esfuziante, no sensual vestido tomara-que-caia de Constantine. Na
mesma modelo, o ótimo vestido
safári de tricô ganha como acessório a releitura da famosa bolsa
porta-calçados, hit da Zoomp nos
anos 80.
O estilista Mario Queiroz trouxe
para a passarela um desfile escapista, brincando com a inspiração
"Jardim das Delícias". Na passarela decorada com flores tropicais
e televisores com imagens de céu,
o estilista vem bem mais leve e se
livra dos exercícios de alfaitaria.
Caftans, sarouel, bermudas e tangas trazem estampas de flores e
pássaros sobre fundo branco. O
preto -que está sendo tratado
como novidade de verão- pontua a apresentação, nos tricôs, nas
t-shirts de listras tipo Hang Ten e
na calça ampla.
Uma das promessas de frescor
mais promissoras desta São Paulo
Fashion Week era a estréia dos estilistas do clã Ellus 2nd Floor. Poderia ter sido tão sensacional
quanto a cenografia-um absurdo rinoceronte cor-de-rosa que
subia e descia como um carrossel
de circo. Mas ficou chato. No
styling asséptico de Mauricio Ianes, as criações dos jovens estilistas viraram uma coisa só. Tudo
era em branco, verde-menta, gelo,
rosa e pink. Moderno, sim, como
as bermudas, os shorts, as saiotas,
as calças de estampas lavadas, o
agasalho com jeito de usado em
tom de lavanda... Peças soltas,
meio sem identidade. Quando os
modelos entraram livres para os
aplausos finais tudo pareceu mais
relaxado e jovem, confirmando
que a moda não precisa mais de
personagens engessados.
Eduardo Suppes fechou a noite
de desfiles com Michelle Alves
abrindo a apresentação em vestido volumoso de estampa gráfica,
quase étnica-uma das paixões
do estilista, que agora tomam forma e começam a desenhar seus
desejos de moda. Funcionam os
volumes amplos, os paetês e as regatas. Sem cintos de tachas.
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