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MÚSICA/LANÇAMENTOS
ROCK
Grupo de Jeff Tweedy lança sucessor do aclamado "Yankee Hotel Foxtrot"
Líder do Wilco inicia viagem
interna em "A Ghost Is Born"
KEVIN HARLEY
DO "INDEPENDENT"
É animador encontrar o líder do
Wilco, Jeff Tweedy, tão entusiasmado durante o festival Primavera Sound, de Barcelona. Ele sofre
de um certo jet lag, mas está mais
loquaz do que se poderia supor,
dados os problemas que vem enfrentando recentemente.
Quando o lançamento do quinto álbum da banda, "A Ghost Is
Born", foi adiado, dois meses
atrás (mas que chega na próxima
terça-feira às lojas de EUA e Europa), a decisão se devia à internação do cantor em uma clínica de
reabilitação para tentar se livrar
de seu vício de analgésicos, que
ele consumia em grandes quantidades contra as enxaquecas que o
afligem há muito tempo. Questionado sobre as dificuldades de gravar o álbum naquelas circunstâncias, ele ri nervosamente: "Em termos de dinâmica da banda, foi fácil", diz. "Mas tive dificuldades
pessoais tão grandes que a sensação foi a de um banho de sangue."
Não é a primeira ocasião em
que um disco do Wilco traz como
brinde um grande drama, se bem
que o caso anterior tenha terminado de maneira feliz. Em 2001,
"Yankee Hotel Foxtrot" teve seu
lançamento adiado em um ano
depois que a gravadora Reprise os
dispensou ao ouvir o disco.
Mas o Wilco não se deixou derrotar: a banda divulgou o álbum
em seu site, atraiu mais de 300 mil
downloads e logo conquistou a
atenção de que precisava. Após
assinar com a Nonesuch (uma divisão da Warner, como a Reprise,
o que quer dizer que a AOL Time
Warner pagou duas vezes pelo
disco), eles lançaram em 2002 o
álbum que se tornaria seu maior
sucesso de vendas.
Mas a virada de maré não se refletiu nas enxaquecas de Tweedy.
"Passei pelo pior período da minha vida", diz ele. "Lutei contra
enxaquecas, depressão, síndrome
do pânico por muito tempo. Em
fevereiro, tive tempo para cuidar
da saúde porque não queria iniciar o ano, com o lançamento do
disco e de uma turnê, dependente
da química."
É difícil não perceber parte dessa experiência no contexto de "A
Ghost Is Born". Até certo ponto, o
disco anterior explorava o senso
de ansiedade que toma os americanos. Mas o novo trabalho é uma
viagem interna. "O que escrevo
vem do meu inconsciente", diz.
Enquanto "Yankee Hotel Foxtrot" era, nas palavras de Tweedy,
"uma reflexão sobre tentar sair de
si mesmo", "A Ghost Is Born" é
uma reação a isso. "O disco trata
da idéia de que talvez o certo seja
tentar entrar em si mesmo", afirma. "Talvez não seja possível saber o que estou tentando dizer até
que eu compreenda quem sou. E
acho que o novo disco chega a
uma conclusão melhor do que
"Yankee Hotel Foxtrot". É como se
dissesse que eu não sou o que
penso ser, e não saber não faz mal,
de modo que o importante é estar
presente em minha vida e aceitar
que ela está mudando."
"Não acho que o disco anterior
fosse uma tentativa de me fazer
inacessível", diz. "E o novo é só
um disco de rock, sabe? Estou orgulhoso de que exponha tudo.
Adoro discos que criam um universo próprio e acho que o fiz melhor nos dois últimos do que nos
três discos anteriores."
Ele parte deixando uma imagem esclarecedora: "Foi como em
"A Fantástica Fábrica de Chocolate", quando você imagina que aparência Willy Wonka terá. E ele caminha pela pista, as crianças
preocupadas..., mas ele dá aquela
cambalhota, e é como dissesse
que está de volta como novo".
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