São Paulo, sábado, 18 de junho de 2005

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ARTES PLÁSTICAS

O novo espaço Grafiteria, em Pinheiros, apresenta obras de Diego Salvador, conhecido como Não

Galeria expõe trabalhos de grafiteiros

TEREZA NOVAES
DA REPORTAGEM LOCAL

Pixação, grafite e a recente onda de "stickers" (adesivos e lambe-lambes que estão em placas e faróis das avenidas das grandes cidades) estão ampliando os horizontes da paisagem urbana e também os da arte contemporânea.
"Estamos vivendo um momento de vanguarda", afirma Flávio Ferraz, 27, sócio da Grafiteria, em Pinheiros, região oeste de SP. A especialidade da nova galeria são obras de artistas formados nas ruas, sobretudo pelo grafite.
A partir de hoje, o espaço apresenta seis obras de Diego Salvador, 22, codinome Não, com o qual pichou duas instalações na última Bienal de São Paulo.
Filho do artista plástico Gilberto Salvador, Não faz objetos bidimensionais nos quais se sobressai a influência caligráfica do grafite.
"Tenho qualidade como artista, mas sou muito autocrítico e acho que tudo que o que está na exposição ainda é um estudo. Vou mostrar o que eu tenho, é uma busca estar fazendo", afirma Não.
E se alguém "interviesse" em seu trabalho? "Não sei. Acho desrespeito, repintaria", responde confuso. Depois, conclui: "Respeito é para quem tem".
A Grafiteria é parceria de Ferraz (conhecido como Jey) e Daniel Medeiros, 27, o Boleta. Eles se conheceram através do grafite e desenvolvem paralelamente trabalhos em publicidade e comunicação, além de pinturas, que ambos já mostraram em coletivas.
A idéia da galeria surgiu da necessidade de exibir as obras. "Não adianta ter um trabalho plástico se não tem onde mostrar", afirma Jey, cujas pinturas são marcadas pela presença da figura humana.
"O trabalho continua, mas mudou o suporte, em vez de muro, agora é numa tela", diz Boleta.
"Ser artista de rua sempre foi um dilema: tenho que quebrar pedra ou sobreviver da minha arte", questiona Jey.
No próximo dia 8, a dupla promove a inauguração oficial da galeria com a exposição "Sem Latas". São quase 200 artistas (entre grafiteiros, pichadores e similares) que criaram pinturas sobre latas de spray. O resultado será um grande painel, que eles pretendem doar a um museu. Será a entrada definitiva do grafite contemporâneo no mundo da arte?


Não
Onde:
Grafiteria (r. Simão Álvares, 601, Pinheiros, SP, tel. 0/xx/11/3812-4789)
Quando: seg. a sáb.: das 10h às 19h; até 3/7
Quanto: entrada franca (objetos de Não de R$ 450 a R$ 1.000)


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