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Brasileiros levam sua música ao Sónar
DANIEL HORA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE BARCELONA
A platéia sentada no chão sob a
tenda SónarDome se levanta e
aplaude com euforia após uma
tarde dedicada aos shows dos
grupos brasileiros selecionados
para a edição 2005 do festival espanhol de música avançada e arte
eletrônica. O último dos três a
passar pelo palco no Museu de
Arte Contemporânea de Barcelona foi o sexteto paulistano Hurtmold, que sacudiu as cabeças do
público com uma apresentação
introspectiva, porém vigorosa.
Terminou aclamado seu som
instrumental, composto de misturas entre rock, jazz, distorções e
efeitos eletrônicos, que se encaixa
no chamado pós-rock, estilo cujos expoentes são, entre outras, as
bandas de Chicago Tortoise, Chicago Underground e Isotope 217.
Integrante das duas últimas formações, o trompetista norte-americano Rob Mazurek fez sua
segunda atuação ao lado do Hurtmold, experimentada antes no sónarsound São Paulo, em setembro de 2004. O músico comentou
que a parceira com os brasileiros,
especialmente com o baterista e
produtor Maurício Takara, deve
render mais frutos em 2005. "Provavelmente gravaremos um disco
e faremos um show em outubro,
no Museu de Arte Contemporânea de Chicago, que está preparando uma retrospectiva sobre os
artistas plásticos do tropicalismo", revelou.
Por conta da presença deste sétimo componente, o Hurtmold
tocou adaptações para composições próprias, do Chicago Underground e de autoria individual do
trompetista, um repertório distinto do habitual do sexteto. "A
grande diferença entre Barcelona
e a edição do festival em São Paulo
é que lá estávamos em casa. Mas é
legal estar aqui, onde há gente de
todos os cantos e que não sabemos como vão reagir", disseram o
vibrafonista Guilherme Granado
Julio e o baixista Marcos Gerez.
O conjunto, que foi tema de um
artigo publicado em abril na revista britânica "Wire", reconhece
que o Sónar já lhes traz visibilidade internacional. "Vamos tocar
amanhã em Murcia [Espanha],
dia 23 em Lisboa e 24 em Londres", diz Takara, que subiu ao
palco antes do grupo para mostrar seu trabalho pessoal M. Takara, uma fusão de dub, jazz, eletrônica, pós-rock e sons brasileiros.
A tarde intitulada "Eletronika
Presents Brazil Underground" foi
aberta pelo músico e produtor
Kassin, membro do trio carioca
completado por Moreno Veloso e
Domenico. Kassin trouxe a Barcelona uma versão do show de seu
projeto solo Artificial, que desta
vez não pôde realizar com a ajuda
do também carioca Berna Ceppas, por conta do cancelamento
de shows em Paris que pagariam a
viagem do parceiro de palco.
O Artificial ofereceu aos ouvintes de Barcelona sua mescla de batidas quebradas, ruídos e melodias variadas, em um formato
com menos canções do que de
costume. "Como uso um Game
Boy como instrumento e estava
sozinho, ficou mais difícil cantar
ao mesmo tempo", explicou Kassin. Na platéia e backstage estava
o amigo alemão Uwe Schmidt, cabeça do grupo Señor Coconut,
que levou uma vez a São Paulo
suas interpretações de Kraftwerk
em vários ritmos latinos.
Sobre o Sónar 2005, os brasileiros foram unânimes em citar o
histórico trio de rap norte-americano De la Soul como uma das
atrações principais mas também
mencionaram interesse em ver a
cantora M.I.A. e os DJs Cut Chemist e Rupture.
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