São Paulo, sábado, 18 de junho de 2005

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Brasileiros levam sua música ao Sónar

DANIEL HORA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE BARCELONA

A platéia sentada no chão sob a tenda SónarDome se levanta e aplaude com euforia após uma tarde dedicada aos shows dos grupos brasileiros selecionados para a edição 2005 do festival espanhol de música avançada e arte eletrônica. O último dos três a passar pelo palco no Museu de Arte Contemporânea de Barcelona foi o sexteto paulistano Hurtmold, que sacudiu as cabeças do público com uma apresentação introspectiva, porém vigorosa.
Terminou aclamado seu som instrumental, composto de misturas entre rock, jazz, distorções e efeitos eletrônicos, que se encaixa no chamado pós-rock, estilo cujos expoentes são, entre outras, as bandas de Chicago Tortoise, Chicago Underground e Isotope 217.
Integrante das duas últimas formações, o trompetista norte-americano Rob Mazurek fez sua segunda atuação ao lado do Hurtmold, experimentada antes no sónarsound São Paulo, em setembro de 2004. O músico comentou que a parceira com os brasileiros, especialmente com o baterista e produtor Maurício Takara, deve render mais frutos em 2005. "Provavelmente gravaremos um disco e faremos um show em outubro, no Museu de Arte Contemporânea de Chicago, que está preparando uma retrospectiva sobre os artistas plásticos do tropicalismo", revelou.
Por conta da presença deste sétimo componente, o Hurtmold tocou adaptações para composições próprias, do Chicago Underground e de autoria individual do trompetista, um repertório distinto do habitual do sexteto. "A grande diferença entre Barcelona e a edição do festival em São Paulo é que lá estávamos em casa. Mas é legal estar aqui, onde há gente de todos os cantos e que não sabemos como vão reagir", disseram o vibrafonista Guilherme Granado Julio e o baixista Marcos Gerez.
O conjunto, que foi tema de um artigo publicado em abril na revista britânica "Wire", reconhece que o Sónar já lhes traz visibilidade internacional. "Vamos tocar amanhã em Murcia [Espanha], dia 23 em Lisboa e 24 em Londres", diz Takara, que subiu ao palco antes do grupo para mostrar seu trabalho pessoal M. Takara, uma fusão de dub, jazz, eletrônica, pós-rock e sons brasileiros.
A tarde intitulada "Eletronika Presents Brazil Underground" foi aberta pelo músico e produtor Kassin, membro do trio carioca completado por Moreno Veloso e Domenico. Kassin trouxe a Barcelona uma versão do show de seu projeto solo Artificial, que desta vez não pôde realizar com a ajuda do também carioca Berna Ceppas, por conta do cancelamento de shows em Paris que pagariam a viagem do parceiro de palco.
O Artificial ofereceu aos ouvintes de Barcelona sua mescla de batidas quebradas, ruídos e melodias variadas, em um formato com menos canções do que de costume. "Como uso um Game Boy como instrumento e estava sozinho, ficou mais difícil cantar ao mesmo tempo", explicou Kassin. Na platéia e backstage estava o amigo alemão Uwe Schmidt, cabeça do grupo Señor Coconut, que levou uma vez a São Paulo suas interpretações de Kraftwerk em vários ritmos latinos.
Sobre o Sónar 2005, os brasileiros foram unânimes em citar o histórico trio de rap norte-americano De la Soul como uma das atrações principais mas também mencionaram interesse em ver a cantora M.I.A. e os DJs Cut Chemist e Rupture.


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