São Paulo, quarta-feira, 18 de junho de 2008

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Editora prepara série de livros sobre Mira Schendel

Obras sobre artista integram projeto de "internacionalização" da Cosac Naify

Schendel também terá mostra no MoMA em 2009; livro sobre a escultora Maria Martins abre coleção voltada à arte latino-americana

MARIO GIOIA
DA REPORTAGEM LOCAL

Duas artistas com trajetórias marcantes no Brasil e prestígio no exterior servem de chamariz para uma nova fase da editora Cosac Naify, com acento "internacional".
Uma delas é Mira Schendel (1919-1988), suíça que se radicou em São Paulo em 1953, dois anos depois de ter participado da 1ª Bienal de São Paulo, e que vai ganhar exposição no MoMA (Museum of Modern Art), em Nova York, em 2009. A mostra também contemplará a obra do argentino León Ferrari, 87, último Leão de Ouro na Bienal de Veneza no ano passado.
No mês que vem, a Cosac Naify leva ao mercado dois livros sobre a obra de Schendel. Um deles é a reimpressão de "Mira Schendel", de Maria Eduarda Marques, há tempos esgotado. O outro projeto, mais ambicioso, é de autoria de Geraldo Souza Dias, professor da ECA-USP (Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo), e acompanha a trajetória da artista desde sua fase européia, incluindo toda sua obra no Brasil. Com 356 páginas e 180 imagens, o volume bilíngüe exibirá textos e trabalhos inéditos, como a série "Bordados".
No ano que vem, a Cosac lançará o catálogo da exposição dos dois artistas no MoMA. A editora também lançou em 2006 um grande livro sobre a obra do argentino.

Maria Martins
A outra "estrela internacional" é Maria Martins (1900-1973), que deve finalmente ganhar um livro brasileiro de peso. Ligada aos surrealistas e conhecida por seu relacionamento amoroso com Marcel Duchamp (1887-1968), a escultora é tema de uma obra que deve inaugurar uma coleção sobre arte latino-americana, que terá edições sobre o uruguaio Torres-García (1874-1949) e o venezuelano Armando Reverón (1889-1954), entre outros.
O departamento de arte latino-americana do MoMA está em negociações finais para uma parceria no lançamento da coleção, informa o presidente da editora, o professor de literatura da USP Augusto Massi.
De acordo com ele, o "pacote" em torno da obra de Schendel, junto com outros lançamentos, abre uma tendência forte de "internacionalização" da editora. Edições bilíngües como "Tropicália" (organizada por Carlos Basualdo) e "Calder no Brasil" (organizada por Roberta Saraiva) ajudaram a sedimentar esse segmento, acredita Massi.


Arquitetura e cinema
"Há um trabalho em lançar livros com grande pesquisa, ensaios de autores de peso e que criem leituras contemporâneas sobre a obra de artistas, por exemplo", diz ele. "Queremos que a editora perca a imagem que só produz edições de luxo bancadas por um mecenas."
Nesse sentido, Massi adianta dois outros livros na mesma linha já no prelo. O arquiteto português Álvaro Siza, 74, ganha publicação em agosto que esmiuça o seu projeto para a Fundação Iberê Camargo, em Porto Alegre, inaugurada no mês passado. O britânico Kenneth Frampton, um dos principais críticos de arquitetura do mundo, assinará um texto.
O outro livro é uma compilação de artigos publicados no exterior sobre a obra de Glauber Rocha (1939-1981), organizados por Eduardo Morettin (ECA-USP). Previsto para o início de 2009, deve ter textos de Martin Scorsese e Bernardo Bertolucci, entre outros.
Em arquitetura, a editora espanhola Gustavo Gili, uma das principais na área, fez acordo para distribuir os livros da Cosac na Europa. E, no fim do ano, sai volume que compila ensaios publicados no exterior a respeito da obra de Oscar Niemeyer, com organização de Carlos Martins, da USP São Carlos.


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