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Mônica Bergamo
bergamo@folhasp.com.br
Fernando Donasci/Folha Imagem
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Protagonista do longa "Jean Charles", Selton Mello se espanta ao ver um amigo na première do filme, na noite de terça-feira
Campo de batalha
Numa derradeira e
dramática tentativa de
reverter a tendência da
Justiça de enviar aos
EUA Sean Goldman, 8,
cuja guarda é disputada
pelo pai americano,
David Goldman, os
advogados da família
brasileira do garoto
marcaram entrevista
dele com uma psicóloga
diante de testemunhas
como o desembargador
Siro Darlan, do Rio, o
presidente do Conselho
Estadual da Criança e do
Adolescente, Carlos
Nicodemos, advogados
da OAB-RJ e de
entidades de direitos
humanos.
BATALHA 2
Sean ficou num ambiente
com parede falsa, em que podia
ser visto mas não podia ver as
testemunhas na sala ao lado.
"Muito espontaneamente e
muito incisivamente, ele disse:
"Olha, a única coisa que eu quero é ser respeitado na minha
vontade. E a minha vontade é
ficar no Brasil'", relata Siro
Darlan. A entrevista será apresentada à Justiça com pedido
para que Sean seja ouvido oficialmente pelo juiz.
BATALHA 3
O advogado do pai americano, Ricardo Zamariola, diz que
laudo pericial feito por psicólogas indicadas pela Justiça "é
conclusivo: a criança [Sean] sofre de um elevadíssimo grau de
influência da família materna e
não tem maturidade ou condições psicológicas para externar
suas opiniões". O mesmo laudo,
segundo ele, diz que o garoto
sofre de "síndrome de alienação parental, verificada em
crianças que são continuamente expostas a campanha difamatória ou denegridora de um
de seus genitores". E que, por
isso, suas opiniões não podem
ser decisivas no julgamento.
BATALHA 4
Já o presidente do Conselho
Estadual da Criança, Carlos Nicodemos, que assistiu à entrevista de Sean, afirma que a vontade dele deve prevalecer, de
acordo com a Convenção Internacional do Direito da Criança.
E afirma que vai pedir investigação contra autoridades [no
caso, da Justiça] caso elas não
observem "o princípio do superior interesse da criança".
BALANÇA
Quando tudo parecia definido em favor de Roberto Gurgel
Santos para suceder o procurador-geral Antonio Fernando
Souza, pressão forte fez o jogo
se equilibrar em relação a Wagner Gonçalves, o outro candidato. Lula deve definir a escolha hoje.
CAÇA À RAPOSA
Com base nas imagens da TV
Record, o promotor Paulo Castilho decidiu pedir a abertura
de inquérito por abuso de autoridade contra o policial militar
que agrediu um torcedor do
Cruzeiro com socos e golpes de
cassetete no domingo, no jogo
com o Palmeiras. E aguarda um
contato da vítima, para que ela
deponha sobre o episódio.
CAMPANHA
A Sociedade Brasileira de
Urologia vai realizar pesquisa
inédita sobre as causas da incidência de câncer de pênis no
país, que vem crescendo nos
Estados do Norte e do Nordeste
e pode ser evitado com hábitos
de higiene. A base de estudo será um mutirão de cirurgias de
fimose planejado para o dia 25
de julho. No mesmo mês, a sociedade lança a Campanha Nacional de Combate ao Câncer
de Pênis com o ex-jogador Zico
como padrinho.
MAGAL EM CENA
Depois de estrelar o filme
"Jean Charles", no papel dele
mesmo, o cantor Sidney Magal
foi convidado para ser protagonista de um longa. Será um produtor de teatro no filme, "de
uma diretora muito conhecida", que será rodado no fim do
ano no Sul do país. E avisa: não
vai cantar em cena.
TELONA
"Uma Mulher de Vestido
Preto", comédia de Jorge Felix,
em cartaz em SP com Cristina
Mutarelli e Nilton Bicudo no
elenco, vai seguir a trilha do cinema. O roteiro já foi encomendado a Marcos Cesana e terá cenas filmadas em Roma.
POR BAIXO DOS PANOS
A fachada do Canecão vai ser
coberta por tecidos vermelhos
e azuis para a entrega do Prêmio da Música Brasileira, em 1º
de julho. As cores são de Ogum
e Iansã, os orixás da cantora
Clara Nunes, homenageada na
edição deste ano. O cenário do
evento terá 800 metros de renda do Ceará.
JEAN CHARLES
Um brasileiro como muitos
Selton Mello só conhecia a
história de Jean Charles, brasileiro morto no metrô de Londres em 2005 e que interpreta
no filme de mesmo nome, "pelas manchetes". Para ele, o caso
"de um brasileiro como muitos" ganhou repercussão porque "foi fora [do país]" e porque
envolveu a polícia inglesa.
"Considerada a melhor do
mundo, ela falhou." O diretor
Henrique Goldman, radicado
na Inglaterra, explica o paradoxo do longa, que estreia no dia
26 e "quer ser popular".
FOLHA - Assim como Jean Charles,
muitos brasileiros são mortos pela
polícia em seu próprio país.
HENRIQUE GOLDMAN - 2.253 civis
foram mortos pela polícia brasileira no ano em que mataram
Jean Charles. Vamos supor que
só 5% deles eram inocentes.
São centenas de pessoas.
FOLHA - Por que as pessoas se mobilizaram com esse caso?
GOLDMAN - No caso brasileiro,
porque ele fez sucesso no exterior. Faz sucesso aqui também.
Só por isso. Mas a opinião pública inglesa ficou indignada
porque um inocente foi morto
daquele jeito estapafúrdio.
FOLHA - A população brasileira é
apática ao que acontece aqui?
GOLDMAN - Claro. Algumas vezes lá vieram me falar que matam milhares de pessoas no
Brasil. Do ponto de vista da direita inglesa [minimizando o
episódio em comparação com a
violência no Brasil], isso é nojento. Mas, como brasileiro, eu
não posso dizer que é mentira.
CURTO-CIRCUITO
FREI BETTO participa hoje de debate sobre o seu novo livro,
"Diário de Fernando - Nos Cárceres da Ditadura Militar
Brasileira", às 20h, no Sesc Vila Mariana. 16 anos.
O MAC USP abre hoje a mostra "Corpos Estranhos", com
videoperformances de Regina José Galindo e Pilar
Albarracín, no Memorial da América Latina. 14 anos.
A ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ESTILISTAS promove jantar hoje
para compradores e jornalistas internacionais da São Paulo
Fashion Week, na casa de Roberto Davidowicz.
ACONTECE HOJE a oitava festa junina da ONG Florescer, às
19h30, no Jockey Club de São Paulo.
com ADRIANA KÜCHLER e DIÓGENES CAMPANHA e LEANDRO NOMURA
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