São Paulo, quinta-feira, 18 de junho de 2009

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Mônica Bergamo

bergamo@folhasp.com.br

Fernando Donasci/Folha Imagem
Protagonista do longa "Jean Charles", Selton Mello se espanta ao ver um amigo na première do filme, na noite de terça-feira

Campo de batalha

Numa derradeira e dramática tentativa de reverter a tendência da Justiça de enviar aos EUA Sean Goldman, 8, cuja guarda é disputada pelo pai americano, David Goldman, os advogados da família brasileira do garoto marcaram entrevista dele com uma psicóloga diante de testemunhas como o desembargador Siro Darlan, do Rio, o presidente do Conselho Estadual da Criança e do Adolescente, Carlos Nicodemos, advogados da OAB-RJ e de entidades de direitos humanos.

BATALHA 2
Sean ficou num ambiente com parede falsa, em que podia ser visto mas não podia ver as testemunhas na sala ao lado. "Muito espontaneamente e muito incisivamente, ele disse: "Olha, a única coisa que eu quero é ser respeitado na minha vontade. E a minha vontade é ficar no Brasil'", relata Siro Darlan. A entrevista será apresentada à Justiça com pedido para que Sean seja ouvido oficialmente pelo juiz.

BATALHA 3
O advogado do pai americano, Ricardo Zamariola, diz que laudo pericial feito por psicólogas indicadas pela Justiça "é conclusivo: a criança [Sean] sofre de um elevadíssimo grau de influência da família materna e não tem maturidade ou condições psicológicas para externar suas opiniões". O mesmo laudo, segundo ele, diz que o garoto sofre de "síndrome de alienação parental, verificada em crianças que são continuamente expostas a campanha difamatória ou denegridora de um de seus genitores". E que, por isso, suas opiniões não podem ser decisivas no julgamento.

BATALHA 4
Já o presidente do Conselho Estadual da Criança, Carlos Nicodemos, que assistiu à entrevista de Sean, afirma que a vontade dele deve prevalecer, de acordo com a Convenção Internacional do Direito da Criança. E afirma que vai pedir investigação contra autoridades [no caso, da Justiça] caso elas não observem "o princípio do superior interesse da criança".

BALANÇA
Quando tudo parecia definido em favor de Roberto Gurgel Santos para suceder o procurador-geral Antonio Fernando Souza, pressão forte fez o jogo se equilibrar em relação a Wagner Gonçalves, o outro candidato. Lula deve definir a escolha hoje.

CAÇA À RAPOSA
Com base nas imagens da TV Record, o promotor Paulo Castilho decidiu pedir a abertura de inquérito por abuso de autoridade contra o policial militar que agrediu um torcedor do Cruzeiro com socos e golpes de cassetete no domingo, no jogo com o Palmeiras. E aguarda um contato da vítima, para que ela deponha sobre o episódio.

CAMPANHA
A Sociedade Brasileira de Urologia vai realizar pesquisa inédita sobre as causas da incidência de câncer de pênis no país, que vem crescendo nos Estados do Norte e do Nordeste e pode ser evitado com hábitos de higiene. A base de estudo será um mutirão de cirurgias de fimose planejado para o dia 25 de julho. No mesmo mês, a sociedade lança a Campanha Nacional de Combate ao Câncer de Pênis com o ex-jogador Zico como padrinho.

MAGAL EM CENA
Depois de estrelar o filme "Jean Charles", no papel dele mesmo, o cantor Sidney Magal foi convidado para ser protagonista de um longa. Será um produtor de teatro no filme, "de uma diretora muito conhecida", que será rodado no fim do ano no Sul do país. E avisa: não vai cantar em cena.

TELONA
"Uma Mulher de Vestido Preto", comédia de Jorge Felix, em cartaz em SP com Cristina Mutarelli e Nilton Bicudo no elenco, vai seguir a trilha do cinema. O roteiro já foi encomendado a Marcos Cesana e terá cenas filmadas em Roma.

POR BAIXO DOS PANOS
A fachada do Canecão vai ser coberta por tecidos vermelhos e azuis para a entrega do Prêmio da Música Brasileira, em 1º de julho. As cores são de Ogum e Iansã, os orixás da cantora Clara Nunes, homenageada na edição deste ano. O cenário do evento terá 800 metros de renda do Ceará.

JEAN CHARLES

Um brasileiro como muitos

Selton Mello só conhecia a história de Jean Charles, brasileiro morto no metrô de Londres em 2005 e que interpreta no filme de mesmo nome, "pelas manchetes". Para ele, o caso "de um brasileiro como muitos" ganhou repercussão porque "foi fora [do país]" e porque envolveu a polícia inglesa.
"Considerada a melhor do mundo, ela falhou." O diretor Henrique Goldman, radicado na Inglaterra, explica o paradoxo do longa, que estreia no dia 26 e "quer ser popular".

 

FOLHA - Assim como Jean Charles, muitos brasileiros são mortos pela polícia em seu próprio país.
HENRIQUE GOLDMAN
- 2.253 civis foram mortos pela polícia brasileira no ano em que mataram Jean Charles. Vamos supor que só 5% deles eram inocentes. São centenas de pessoas.

FOLHA - Por que as pessoas se mobilizaram com esse caso?
GOLDMAN
- No caso brasileiro, porque ele fez sucesso no exterior. Faz sucesso aqui também. Só por isso. Mas a opinião pública inglesa ficou indignada porque um inocente foi morto daquele jeito estapafúrdio.

FOLHA - A população brasileira é apática ao que acontece aqui?
GOLDMAN
- Claro. Algumas vezes lá vieram me falar que matam milhares de pessoas no Brasil. Do ponto de vista da direita inglesa [minimizando o episódio em comparação com a violência no Brasil], isso é nojento. Mas, como brasileiro, eu não posso dizer que é mentira.

CURTO-CIRCUITO
FREI BETTO participa hoje de debate sobre o seu novo livro, "Diário de Fernando - Nos Cárceres da Ditadura Militar Brasileira", às 20h, no Sesc Vila Mariana. 16 anos.
O MAC USP abre hoje a mostra "Corpos Estranhos", com videoperformances de Regina José Galindo e Pilar Albarracín, no Memorial da América Latina. 14 anos.
A ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ESTILISTAS promove jantar hoje para compradores e jornalistas internacionais da São Paulo Fashion Week, na casa de Roberto Davidowicz.
ACONTECE HOJE a oitava festa junina da ONG Florescer, às 19h30, no Jockey Club de São Paulo.

com ADRIANA KÜCHLER e DIÓGENES CAMPANHA e LEANDRO NOMURA



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