São Paulo, quinta-feira, 18 de junho de 2009

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Para Sayad, projeto não elimina Cracolândia

Secretário da Cultura crê que morador de rua deve migrar para outro lugar

Região da Luz, no centro da cidade, foi escolhida por ser epicentro de transporte público, próxima de estações de metrô e trem


DA REPORTAGEM LOCAL

Quando a Sala São Paulo foi inaugurada, há dez anos, o então governador Mário Covas (PSDB) dizia que a obra serviria para acabar com a Cracolândia. Em 2004, na abertura da Estação Pinacoteca, um discurso similar ao de Covas foi repetido pelo então governador Geraldo Alckmin, também tucano.
A reforma da Pinacoteca e a criação do Museu da Língua Portuguesa seguiram a mesma toada -eram todas obras que tinham como objetivo tornar transitável a região em torno da Cracolândia, área que ficou conhecida por concentrar dependentes de crack. As quatro obras consumiram investimentos de cerca de R$ 200 milhões, em valores atualizados.
Com o complexo cultural de ópera e dança, o discurso mudou. "O nosso objetivo é ter um bom teatro para dança, música e ópera. Mas não fizemos o complexo no Jardim América [bairro rico na zona oeste da cidade]. Sabemos que ele vai ter um impacto positivo na área, mas não é o nosso objetivo. Não perguntamos aos arquitetos como se salva as mil pessoas que vivem nas ruas da região", diz o secretário estadual de Cultura, João Sayad.
O secretário afirma que a região é ocupada por cerca de 1.500 moradores de rua porque há espaços vazios, o que deve mudar com a construção do teatro de dança e música. "Eles estão aqui porque a região é deserta. Quando ela for ocupada, eles vão procurar outra região deserta. O Brasil pode virar uma Suíça, mas essa população sempre existirá."
A região da Luz foi escolhida porque é um epicentro de transporte público, de acordo com Sayad. O complexo ficará a menos de dez minutos das seguintes estações: Linha 4-Amarela do Metrô na Luz, da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) e a do trem que irá ligar o centro ao aeroporto internacional de Cumbica. A Linha 4-Amarela, que ligará a Luz à Vila Sônia (zona oeste) deve ter a sua primeira fase, com cinco estações, inaugurada nos próximos anos. O término das obras do trem expresso para Cumbica está previsto para de 2012.
O plano do governo de José Serra para a região inclui a transferência do Palácio do Governo para o Palácio dos Campos Elíseos. O autor do projeto de conversão do antigo palácio, o arquiteto Sylvio Sawaya, não quer se limitar ao prédio de 1898. Seu plano inclui a ampliação da Pinacoteca, a criação de um museu da ciência na avenida Tiradentes e a transformação da antiga sede da Escola Politécnica, no Bom Retiro, em um centro de referência de engenharia. (MARIO CESAR CARVALHO E CATIA SEABRA)


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