|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Para Sayad, projeto não elimina Cracolândia
Secretário da Cultura crê que morador de rua deve migrar para outro lugar
Região da Luz, no centro da cidade, foi escolhida por ser epicentro de transporte público, próxima de estações de metrô e trem
DA REPORTAGEM LOCAL
Quando a Sala São Paulo foi
inaugurada, há dez anos, o então governador Mário Covas
(PSDB) dizia que a obra serviria
para acabar com a Cracolândia.
Em 2004, na abertura da Estação Pinacoteca, um discurso similar ao de Covas foi repetido
pelo então governador Geraldo
Alckmin, também tucano.
A reforma da Pinacoteca e a
criação do Museu da Língua
Portuguesa seguiram a mesma
toada -eram todas obras que
tinham como objetivo tornar
transitável a região em torno da
Cracolândia, área que ficou conhecida por concentrar dependentes de crack. As quatro
obras consumiram investimentos de cerca de R$ 200 milhões, em valores atualizados.
Com o complexo cultural de
ópera e dança, o discurso mudou. "O nosso objetivo é ter um
bom teatro para dança, música
e ópera. Mas não fizemos o
complexo no Jardim América
[bairro rico na zona oeste da cidade]. Sabemos que ele vai ter
um impacto positivo na área,
mas não é o nosso objetivo. Não
perguntamos aos arquitetos
como se salva as mil pessoas
que vivem nas ruas da região",
diz o secretário estadual de
Cultura, João Sayad.
O secretário afirma que a região é ocupada por cerca de
1.500 moradores de rua porque
há espaços vazios, o que deve
mudar com a construção do
teatro de dança e música. "Eles
estão aqui porque a região é deserta. Quando ela for ocupada,
eles vão procurar outra região
deserta. O Brasil pode virar
uma Suíça, mas essa população
sempre existirá."
A região da Luz foi escolhida
porque é um epicentro de
transporte público, de acordo
com Sayad. O complexo ficará a
menos de dez minutos das seguintes estações: Linha 4-Amarela do Metrô na Luz, da CPTM
(Companhia Paulista de Trens
Metropolitanos) e a do trem
que irá ligar o centro ao aeroporto internacional de Cumbica. A Linha 4-Amarela, que ligará a Luz à Vila Sônia (zona
oeste) deve ter a sua primeira
fase, com cinco estações, inaugurada nos próximos anos. O
término das obras do trem expresso para Cumbica está previsto para de 2012.
O plano do governo de José
Serra para a região inclui a
transferência do Palácio do Governo para o Palácio dos Campos Elíseos. O autor do projeto
de conversão do antigo palácio,
o arquiteto Sylvio Sawaya, não
quer se limitar ao prédio de
1898. Seu plano inclui a ampliação da Pinacoteca, a criação de
um museu da ciência na avenida Tiradentes e a transformação da antiga sede da Escola Politécnica, no Bom Retiro, em
um centro de referência de engenharia.
(MARIO CESAR CARVALHO E CATIA SEABRA)
Texto Anterior: Atrações poderão ser vistas da rua Próximo Texto: Frase Índice
|