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SÃO PAULO FASHION WEEK
Comportadas e heroínas definem moda do verão 2007
São Paulo Fashion Week termina hoje e deixa duas imagens de mulher, como nas coleções de Isabela Capeto e Raia de Goeye
De um lado, garotas fortes, na forma de jagunças, guerreiras ou soldados; de outro, moças frágeis e com ares intelectuais
ALCINO LEITE NETO
EDITOR DE MODA
VIVIAN WHITEMAN
DA REPORTAGEM LOCAL
Na reta final da São Paulo
Fashion Week, que termina
amanhã, começam a ser definidas as novas imagens do verão
2007. Da salada de referências,
emergem dois fundamentos
básicos, que criam correspondências entre si e misturam-se
dentro da mesma coleção ou
até no mesmo look. De um lado
estão as heroínas: mulheres
fortes, que podem tomar a forma de guerreiras, soldados e jagunços. Na outra vertente, surgem as comportadas: discretas
e dotadas de delicadeza sem
afetação, assumem ares intelectuais, com toques de uma feminilidade contida.
As heroínas são mais focadas
no corpo. Usam armaduras,
cinturões e couraças para garantir o seu espaço. As comportadas assumem uma certa fragilidade, sem cair em apelos fáceis do romantismo frufru e da
sensualidade escrachada.
Para as heroínas, as peças-chave são as estruturadas. Os
coletes aparentemente pesados são destaque -como o de
Juliana Imai no desfile da Raia
de Goeye, grife que mostrou
uma coleção correta, mas sem
grandes idéias de modelagem.
Completam o guarda-roupa
as referências militares -como
os ponchos, casacos e quepes
de Herchcovitch-, os elementos que revestem a área do colo
-como os tops da Forum,
emoldurando e reforçando os
seios-, e as citações medievais
-como os capuzes guerreiros
de Pedro Lourenço e as malhas
metálicas da Maria Bonita.
Para as comportadas, vestidos soltos e mais curtos, com
comprimentos logo acima do
joelho. Os looks mostrados ontem por Isabela Capeto caem
como uma luva para esta mulher. A designer não ousou nas
formas nem renovou suas referências artesanais, mas criou
boas peças, como os vestidos
com detalhes nas alças, os macaquinhos e os shorts.
A comportada também apareceu nos vestidos com dobras
estratégicas e na figura inteligente da mulher Huis Clos, nos
looks longos e frescos da Osklen, nas neoaristocratas de
Gloria Coelho, nas garotas-bombom de Reinaldo Lourenço e nas imagens retrôs e divertidas da Zigfreda.
Nas passarelas, os dois fundamentos apareceram lado a
lado dentro de diversas coleções, mas tiveram diálogo especial no sertão moderno de Ronaldo Fraga, inspirado em Guimarães Rosa e na dualidade sexual do personagem Diadorim.
As jagunças do designer
usam camisas amplas e bermudas largas, que camuflam as
formas femininas. Escondem
os seios e emprestam nas estampas a força dos animais sertanejos. Quando elas assumem
sua outra porção, com silhuetas
superfemininas, transformam-se em garotas intelectuais.
A ambigüidade da imagem
feminina neste verão ganhou
sua síntese no vestido-pavão do
belo desfile de Lino Villaventura: o estilista recorre às penas
coloridas do macho vaidoso para dar força à sua mulher.
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