Compositor carioca foi fundamental para construção do choro no Brasil

Pianista "abrasileirou" gêneros europeus e é tema de volume que chega às bancas no próximo domingo

DE SÃO PAULO

Autor de composições fundamentais do choro, como "Apanhei-te, Cavaquinho", "Brejeiro" e "Odeon", Ernesto Nazareth foi um pianista com influência clássica e interesse popular.
É sobre sua vida e obra o 20º volume da Coleção Folha Raízes da Música Popular Brasileira, nas bancas no próximo domingo.
Nascido Ernesto Júlio de Nazareth em 1863, no Rio de Janeiro, o jovem cresceu ouvindo a mãe tocar piano. Já íntimo do instrumento, aos 16 anos escreveu sua primeira composição, a polca-lundu "Você Bem Sabe".
Além de suas composições, Nazareth trabalhava tocando na sala de espera do então recém-inaugurado cinema Odeon (para quem dedicou a composição de mesmo nome), dando aulas e atuando como pianeiro (demonstrador de partituras em casas de venda de música).
Contemporâneo de Chiquinha Gonzaga e Joaquim Callado, foi fundamental para o "abrasileiramento" de danças de salão europeia, como a polca e a valsa, que resultaram no que até hoje conhecemos como choro.
Sofreu preconceito da separação entre música popular e erudita, influenciado que era por Chopin, mas tocou choro antes de sua existência como estilo nacional.
Defendido por modernistas como Mário de Andrade, chegou a fazer extensa turnê em São Paulo (em 1926) e no Rio Grande do Sul (em 1932). Só parou de tocar quando foi diagnosticado com sífilis e internado, no Rio, em 1933.
Em fevereiro de 1934, saiu foragido do manicômio. Esperava-se encontrá-lo tocando piano, mas seu corpo foi achado em uma represa.
O autor do livro sobre Nazareth é o jornalista Irineu Franco Perpetuo. A edição traz biografia, discografia e fotos. O CD reúne, entre outras, "Odeon", com Pixinguinha, "Fidalga", com Jacob do Bandolim, e "O Futurista", com Arthur Moreira Lima.


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