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Bosco Brasil sai da novela e vai ao teatro
Espetáculo do autor de "Tempos Modernos" tem dramaturgia simples e mulher que quer se separar de policial
Escritor ganhou Shell por "Novas Diretrizes em Tempos de Paz", mas sofreu com audiência baixa na faixa das 19h
GUSTAVO FIORATTI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
A peça "Blitz", de Bosco
Brasil, que estreou ontem em
São Paulo, é equivalente ao
que, na música erudita, chamam de peça de câmara.
É simples, curta e para
poucos intérpretes -no caso,
apenas dois atores.
O texto foi escrito em 2002
para a Mostra de Dramaturgia Contemporânea, série
com obras inéditas organizada pelo ator Renato Borghi.
Cada sessão dessa mostra
exibia mais de uma encenação, todas breves.
Desacompanhada, "Blitz"
se sustenta como exemplar
de um autor que costuma ser
curto e grosso. Bosco Brasil
ganhou o Prêmio Shell por
"Novas Diretrizes em Tempos de Paz". A montagem de
2001 tinha 50 minutos.
"Essa é uma das marcas do
autor. É possível encená-lo
sempre com poucos recursos", resume o diretor da nova montagem, o carioca Ivan
Sugahara, que já foi assistente de Gerald Thomas na Companhia de Ópera Seca.
No teatro de Bosco, autor
da novela global "Tempos
Modernos" -que terminou
ontem, marcada por baixa
audiência-, a simplicidade é
usada como ferramenta.
"Blitz" traça a história de
um casal que mora em uma
metrópole, em região pobre e
suscetível à violência.
O homem (Marcello Escorel) é um policial. A mulher
(Janaína Ávila) vende pães.
De um diálogo apenas, arma-se um tecido inteiro.
Ela quer abandonar o marido, porque os vizinhos
acreditam que ele matou um
menino durante uma batida
policial. Ele não assume o crime, mas tem arroubos de violência, o que contribui para a
dúvida sobre sua inocência.
Sugahara diz que optou
por uma encenação realista.
Mas, como o próprio texto,
deixa brechas para momentos de fuga. A citação de um
"gigante invisível" e alusões
ao mundo dos mortos escapam de um discurso religioso
dos personagens para dar vida a um coro de tragédia.
BLITZ
QUANDO sex. e sáb., às 21h; dom.,
às 20h; até 15/8
ONDE Centro Cultural São Paulo
(r. Vergueiro, 1.000, tel. 0/xx/11/
3397-4002)
QUANTO R$ 20
CLASSIFICAÇÃO 12 anos
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JOSÉ SIMÃO
O colunista está em férias.BR>
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