São Paulo, domingo, 18 de julho de 2010

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Bosco Brasil sai da novela e vai ao teatro

Espetáculo do autor de "Tempos Modernos" tem dramaturgia simples e mulher que quer se separar de policial

Escritor ganhou Shell por "Novas Diretrizes em Tempos de Paz", mas sofreu com audiência baixa na faixa das 19h

GUSTAVO FIORATTI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

A peça "Blitz", de Bosco Brasil, que estreou ontem em São Paulo, é equivalente ao que, na música erudita, chamam de peça de câmara.
É simples, curta e para poucos intérpretes -no caso, apenas dois atores. O texto foi escrito em 2002 para a Mostra de Dramaturgia Contemporânea, série com obras inéditas organizada pelo ator Renato Borghi.
Cada sessão dessa mostra exibia mais de uma encenação, todas breves.
Desacompanhada, "Blitz" se sustenta como exemplar de um autor que costuma ser curto e grosso. Bosco Brasil ganhou o Prêmio Shell por "Novas Diretrizes em Tempos de Paz". A montagem de 2001 tinha 50 minutos.
"Essa é uma das marcas do autor. É possível encená-lo sempre com poucos recursos", resume o diretor da nova montagem, o carioca Ivan Sugahara, que já foi assistente de Gerald Thomas na Companhia de Ópera Seca.
No teatro de Bosco, autor da novela global "Tempos Modernos" -que terminou ontem, marcada por baixa audiência-, a simplicidade é usada como ferramenta.
"Blitz" traça a história de um casal que mora em uma metrópole, em região pobre e suscetível à violência.
O homem (Marcello Escorel) é um policial. A mulher (Janaína Ávila) vende pães. De um diálogo apenas, arma-se um tecido inteiro.
Ela quer abandonar o marido, porque os vizinhos acreditam que ele matou um menino durante uma batida policial. Ele não assume o crime, mas tem arroubos de violência, o que contribui para a dúvida sobre sua inocência.
Sugahara diz que optou por uma encenação realista.
Mas, como o próprio texto, deixa brechas para momentos de fuga. A citação de um "gigante invisível" e alusões ao mundo dos mortos escapam de um discurso religioso dos personagens para dar vida a um coro de tragédia.


BLITZ

QUANDO sex. e sáb., às 21h; dom., às 20h; até 15/8
ONDE Centro Cultural São Paulo (r. Vergueiro, 1.000, tel. 0/xx/11/ 3397-4002)
QUANTO R$ 20
CLASSIFICAÇÃO 12 anos

< JOSÉ SIMÃO
O colunista está em férias.BR>

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