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CRÍTICA DRAMA
Al Pacino brilha como traficante pobretão
O pouco conhecido e muito pesado "Os Viciados" marca o primeiro papel de protagonista do astro americano
THALES DE MENEZES
EDITOR-ASSISTENTE DA SÃOPAULO
Em 2010, Al Pacino completa 70 anos em plena atividade, mas quem ganha presente são os fãs brasileiros.
Acaba de sair aqui em DVD
"Os Viciados", título burocrático diante do original em
inglês, "Panic in the Needle
Park" (traduzindo, pânico no
parque da agulha).
Lançado em 1971, é o primeiro trabalho protagonizado por Pacino na tela. Apesar
de uma carreira de destaque
no teatro off-Broadway, até
então tinha feito apenas uma
ponta de três minutos num
filme menor, "Me, Natalie".
Em seguida a "Os Viciados", ele já brilharia no papel
de Michael Corleone em "O
Poderoso Chefão", iniciando
a trajetória de astro.
O melhor ao assistir sua estreia é ver um artista jovem e
já impactante. Sua composição como Bobby, um traficante pobretão em Nova
York, impressiona muito.
Frequentador do tal "parque da agulha", ele se apaixona pela sem-teto Helen, interpretada por Kitty Winn.
Bela e talentosa, ela ganhou
o prêmio de atriz em Cannes
por esse papel, mas largou a
carreira poucos anos depois
para casar e criar os filhos.
No jovem elenco, aparece
mais um rosto conhecido:
Raul Julia, muito antes de "O
Beijo da Mulher-Aranha".
Bobby e Helen vão mergulhando cada vez mais num
angustiante cenário de consumo pesado de drogas. Um
de seus amigos chega a assaltar uma clínica veterinária e a
injetar vermífugo na veia.
PROIBIDO NO BRASIL
O filme é perturbador, com
cenas escancaradas de veias
roxas perfuradas por agulhas. Proibido nos cinemas
brasileiros, chegou à TV no
final dos anos 70. Passou na
"Sessão de Gala", da Globo,
com tantos cortes que o tornaram incompreensível.
"Os Viciados" foi dirigido
por Jerry Schatzberg, cineasta sério que nunca emplacou
um grande sucesso. Ele ficou
mais famoso pela carreira paralela de fotógrafo e por ter
namorado Faye Dunaway,
umas das musas da época.
Schatzberg voltou a trabalhar com Pacino dois anos
depois, ao lado de Gene
Hackman, em outro drama
contundente, "Espantalho".
Apesar dos astros, é mais
um filme que passou batido
no Brasil. Pacino e Hackman
são vagabundos de estrada e
sem nenhum futuro. Realmente, Schatzberg gosta do
mundo dos perdedores.
Uma típica curiosidade de
cinéfilo sobre "Os Viciados":
Pacino revelou que conviveu
com traficantes para compor
seu personagem, mas que
sua grande inspiração foi
Ratso, papel de Dustin Hoffman em "Perdidos na Noite",
lançado em 1969.
O ator diz que apenas trocou a decadência física do
moribundo Ratso pelo permanente sorriso de Bobby,
"um joão-ninguém tão seguro de si quanto Pernalonga".
O DVD prova que Pacino
foi genial desde o começo.
OS VICIADOS
DISTRIBUIDORA Lume Filmes
QUANTO R$ 42, em média
AVALIAÇÃO ótimo
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