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Alemão investiga o choque entre culturas
JULIANA VAZ
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Em visita à Bahia, na semana passada, o escritor Ilija
Trojanow devorou um exemplar de "A Guerra do Fim do
Mundo", de Mario Vargas
Llosa, cuja trama se desenrola no mesmo Estado.
A escolha ilustra a ideia
que Trojanow, nascido na
Bulgária, crescido no Quênia
e radicado na Alemanha tem
da literatura: a de que ela não
deve substituir as viagens,
mas complementá-las.
Hoje, ele está em São Paulo para o lançamento de "O
Colecionador de Mundos",
seu mais recente romance,
em que falará ao lado do escritor Joca Reiners Terron e
do jornalista da Folha Marcos Flamínio Peres.
Espécie de romance de
aventura em que várias vozes
se cruzam, o livro reconstitui
as viagens do explorador britânico sir Richard Burton
(1821-1890) à Índia, sua peregrinação por Meca e a passagem pela África em busca da
nascente do rio Nilo.
Burton -que foi diplomata, espião, oficial do Exército
britânico, poliglota, orientalista, tradutor do "Kama Sutra" e das "Mil e Uma Noites"
para a língua da rainha- era
o personagem ideal para um
romance que trata sobretudo
das relações da Europa com o
resto do mundo.
"Ele era um rebelde, mas
carreirista; um camaleão religioso, mas agnóstico; excêntrico, mas um representante
da Inglaterra vitoriana. Essas
contradições servem muito
bem a um romance", conta.
"Apesar de se passar no século 19, já havia muitas mentalidades de como a Europa
olha o mundo hoje. É um livro sobre conflitos e confluências culturais", diz.
Como Burton, Trojanow
perdeu a conta de quantos
idiomas fala ("sete, acho"),
mas é no alemão que ele encontrou sua prosa.
"Eu amo o alemão, uma
língua rica, que pode ser sensual, burocrática, e nos dá a
possibilidade de inovar. Ela é
muito mais aberta do que os
alemães", opina.
Do Brasil, ele admira Machado de Assis e cita Milton
Hatoum e Bernardo Carvalho. "A editora alemã do Carvalho me perguntou se poderia afirmar em um livro dele
que ele é o "Trojanow brasileiro". Eu disse que não tinha
nada contra", ri.
O COLECIONADOR DE
MUNDOS
AUTOR Ilija Trojanow
TRADUÇÃO Sergio Tellaroli
EDITORA Companhia das Letras
QUANTO R$ 51 (416 págs.)
LANÇAMENTO hoje, às 19h, no
Goethe (r. Lisboa, 974, tel. 0/xx/
11/3296-7000; entrada franca)
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