São Paulo, quinta-feira, 18 de agosto de 2011 |
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"Marighella lembra Malcolm X, Public Enemy, Racionais" Mano Brown, líder do Racionais, evoca o conceito de violência contra a violência e ataca gestão Alckmin Rapper acusa de racismo o governo paulista e o prefeito da capital; assessoria de Kassab o contesta DE SÃO PAULO O rapper Mano Brown, 41, é o autor da música que encerra "Marighella". Para ele, o governo estadual e a prefeitura são "racistas". A assessoria de Kassab respondeu que a gestão é a que mais investe em educação e cultura, principalmente na periferia. Até o fechamento desta edição a assessoria de Alckmin não havia se pronunciado. (MORRIS KACHANI) Folha - Por que aceitou participar de "Marighella"? Mano Brown - Só conhecia a lenda. Alguém me falou que em algum detalhe ele parecia comigo. Na luta dele, na ideia. Somos os dois filhos de preto com italiano, e minha família também vem da Bahia. Quais os paralelos? Marighella lembra Malcolm X, Public Enemy, Racionais. Muito do que cantamos no rap provavelmente veio dele. Por exemplo, a violência contra a violência. Ele foi proibido de correr pelo certo. Resolveu usar a força, pois só isso resolveria. Tentei traduzir a ideia dele pra rapaziada. Como enxerga a luta de hoje? Hoje temos um governo de esquerda. Se Marighella estivesse vivo, provavelmente estaria apoiando Dilma e Lula. Mas a luta continua, as forças contrárias estão atuando. Quais, por exemplo? O governo [Geraldo] Alckmin (PSDB) é inimigo, é um governo racista de repressão. A morte de pretos aumentou pra caramba sob sua gestão. A polícia na rua botando pressão onde não tem motivo. Só neste ano já fui enquadrado umas dez vezes. E o prefeito Kassab (PSD)? Desde que assumiu, o número de shows do Racionais diminuiu muito. É gestão racista do caralho, tudo que faz é contra a cultura negra. Por que estão dando shows em "clubes de playboy"? É por falta de opção. Onde tem show dos Racionais a polícia fica pegando no pé. Mas em certas baladas e boates eles não entram. Como enxerga a classe C? Tem um monte de gente comprando e consumindo. Mas o principal está faltando: educação e instrução. Faltam bons motivos pra estudar. Única coisa que dá pra estudar é computador. O ensino está defasado e quem aprende outras coisas é excluído. Quando sai o novo disco? Pode ser este ano. A maioria das músicas está pronta. Que acha dos novos nomes como Criolo e Emicida? Eles são muito bons, mas o que não entendo é que tem três mil nomes pra falar e a mídia só fala em três. Ninguém dá espaço para gente que está aí faz tempo, como o Dexter ou Realidade Cruel. Acho que há um preconceito muito grande com o rap militante. Tem que conciliar esta geração com o rap combativo. Algum recado para seus fãs? Não perder a resistência e se fechar na ideia de saber o que quer. Tomar cuidado com as informações rápidas e erradas. A falsa impressão é de que hoje não existe coisa para conquistar. Leia a íntegra da entrevista folha.com/no361009 Texto Anterior: A vida secreta de Marighella Próximo Texto: Mario Sergio Conti projeta "Roda Viva" jornalístico Índice | Comunicar Erros |
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