São Paulo, segunda-feira, 18 de setembro de 2006

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As marcas de Warchavchik

Arquiteto nascido na Ucrânia e autor de vários projetos em São Paulo é tema de livro com artigos publicados em jornais e revistas; a Folha visitou alguns de seus projetos que ainda estão de pé

Arquivo Família Warchavchik
Warchavchik, que tem a obra discutida hoje na FAU Maranhão


MARIO GIOIA
DA REPORTAGEM LOCAL

Pioneiro da arquitetura moderna brasileira, Gregori Warchavchik (1896-1972) é tema de livro da Cosacnaify que será lançado hoje em São Paulo.
A Folha visitou seis projetos de Warchavchik em São Paulo (veja ao lado) com o arquiteto Paulo Mauro Mayer de Aquino, que é responsável pelo acervo do ucraniano pertencente à família. O estado deles vai da boa conservação -as casas da rua Itápolis (1930-1) e da da rua Bahia (1931), no Pacaembu; parte do casario da rua Berta (1933) e as residências que hoje sediam o museu Lasar Segall (1932), na Vila Mariana-, passa por fachadas pichadas e perda do jardim -no prédio da alameda Barão de Limeira (1938-9), nos Campos Elíseos- e segue até o estado precário de conservação -a casa da rua Santa Cruz (1927), no parque Modernista, Vila Mariana, que está em reforma.

Enfim publicados
"Arquitetura do Século 20 e Outros Escritos", organizado pelo professor Carlos Ferreira Martins, confere a Warchavchik um status mais importante na área. A obra coloca em circulação novamente textos de sua autoria publicados em diversos periódicos.
"A própria idéia de que é preciso resgatar os escritos de Warchavchik dá bem a medida do lugar curioso que ele ocupa no pensamento moderno brasileiro. O significado de suas idéias ainda é desconhecido. A publicação não poderia ser mais oportuna", afirma o coordenador do curso de arquitetura e urbanismo da PUC-Rio, Otavio Leonídio.
Martins, professor do departamento de arquitetura da USP-São Carlos, acredita que seu livro se coloque como uma revisão da historiografia do movimento moderno. "O resgate dos textos de Warchavchik nos permite compreender melhor não apenas as suas obras construídas, mas o contexto e as condições em que se deram os primeiros embates pela legitimação no Brasil de uma linguagem arquitetônica mais comprometida com as conquistas da arte moderna", avalia.

História
Assinando o manifesto "Acerca da Arquitetura Moderna", em 1925, no qual se aproxima dos itens defendidos pelo racionalismo de Le Corbusier, Warchavchik começa a colocar em prática as idéias modernas em projetos residenciais.
A residência da rua Itápolis teve uma inauguração festiva, marcando a filiação do arquiteto ao grupo modernista da Semana de 22. De março a abril de 1930, uma exposição foi realizada nas dependências da casa, com obras de Anita Malfatti e John Graz, entre outros.
"Nos textos, o fundamental era entender a casa como um elemento na formação do ambiente moderno. Para Warchavchik, a casa não é uma "casca" que abriga qualquer coisa. O ambiente moderno é igualmente constituído pelo mobiliário, pelos equipamentos, pelas obras de arte", diz Martins.


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